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Borralheira, ou o Sapatinho de Vidro (por Charles Perrault)

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Ele pôs-lhe o sapato e servia. Ele disse: «Sábado venho buscá-la e quero que ela<br />

esteja pronta».<br />

A madrasta, em vez <strong>de</strong> preparar a <strong>Borralheira</strong>, prepar<strong>ou</strong> a própria filha. Prepar<strong>ou</strong>-a<br />

sobre o divã, enquanto esperavam o príncipe, e fech<strong>ou</strong> a <strong>Borralheira</strong> num tonel. De<br />

modo que quando o príncipe cheg<strong>ou</strong>, disse: «On<strong>de</strong> está a minha prometida?»<br />

Ela respon<strong>de</strong>u: «Não a vê?»<br />

«Não, não é esta, <strong>por</strong>que ela tinha uma estrela na testa e esta não tem nenhuma!»<br />

Ela ripost<strong>ou</strong>: «Mas não, está enganado, é ela!»<br />

«Não!»<br />

A maçã posta na janela tinha-se tornado um galo, que disse: «<strong>Borralheira</strong> está<br />

fechada num tonel!»<br />

«Shô, shô!» (a enxotar o galo).<br />

O príncipe disse: «O que é? Você fech<strong>ou</strong>-a no tonel? O quê? A <strong>Borralheira</strong> está<br />

fechada no tonel? An<strong>de</strong>, dê-me as chaves antes que eu a man<strong>de</strong> para a prisão».<br />

Ele <strong>de</strong>sceu a procurá-la e encontr<strong>ou</strong>-a fechada no tonel. Ela saiu com o vestido que<br />

trazia na noite da festa e faltava o sapato. Foi buscá-lo à mala e calç<strong>ou</strong>-o.<br />

Ele <strong>de</strong>spos<strong>ou</strong>-a e lev<strong>ou</strong>-a consigo e pergunt<strong>ou</strong>-lhe: «Queres que eu a con<strong>de</strong>ne?»<br />

Ela respon<strong>de</strong>u: «Não, eu perdoo-lhes; tanto pior para elas se agiram mal. Quero que<br />

venham comigo!» Apesar <strong>de</strong> tudo, ela gostava da irmã. E pronto: lev<strong>ou</strong>-a consigo e<br />

casaram… Eis a <strong>Borralheira</strong> corsa!<br />

Texto recolhido em Agosto <strong>de</strong> 1981 na Córsega. 1<br />

1 Traduzido do francês, com ligeiras adaptações estilísticas e <strong>de</strong> pontuação, a partir <strong>de</strong> Mathée<br />

Giacomo-Marsellesi, “La Cendrillon corse et les pièges <strong>de</strong> l'oralité”. Cahiers <strong>de</strong> Littérature Orale 25<br />

(1989): 123–127

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