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Colonização - Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro

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^A LUTA PELA TERRA<br />

Há um estudo, publicado em 1978, fei-<br />

to pelo governo do estado em convênio com<br />

o Ministério da Agricultura e o BNDE, que<br />

busca soluções para os problemas da terra<br />

aqui no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul.<br />

Este estudo, chamado "Programa <strong>de</strong> In-<br />

vestimentos Integrados para o Setor Agro-<br />

pecuário doRio Gran<strong>de</strong>do Sul", conclui que:<br />

"uma estratégia <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento pára o<br />

setor agrícola, visando a melhoria <strong>de</strong> vi-<br />

da das maiorias rurais, não po<strong>de</strong> prescin-<br />

dir da reformulação da estrutura fundiá-<br />

ria".<br />

0 estudo chegou a conclusões como:<br />

• Existem terras subutilizadas no Rio<br />

Gran<strong>de</strong> do Sul, passíveis <strong>de</strong> utilização in<br />

tensiva que permitam um uso mais a<strong>de</strong>quado<br />

Estudo do próprio governo confirmo-<br />

Aqui tem terra para todos iEilGMUÊMUl<br />

das suas potencialida<strong>de</strong>s;<br />

• E possível o assentamento, no pró-<br />

prio Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, <strong>de</strong> todas as famí-<br />

lias <strong>de</strong> sem terra e carentes <strong>de</strong> terras,<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> que sejam utilizados os solos do esta-<br />

do <strong>de</strong> acordo com suas potencialida<strong>de</strong>s;<br />

I Para isso, propòe-se a intervenção<br />

governamental, tanto por <strong>de</strong>sapropriação pa<br />

ra parcelamento das gran<strong>de</strong>s proprieda<strong>de</strong>s<br />

como por concessão <strong>de</strong> crédito fundiário;<br />

• Quanto ãs possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> assen-<br />

tar os colonos sem terra e com pouca ter-<br />

ra aqui no próprio estado, o estudo <strong>de</strong>mons<br />

tra que aproximadamente 130 mil famílias<br />

po<strong>de</strong>riam ser <strong>de</strong>slocadas das regiões <strong>de</strong> mi<br />

nifundio para as regiões latifundiárias<br />

<strong>de</strong>ntro do RS, e teria terra para todos.<br />

Este estudo está "engavetado", bem como o Estatuto da Terra, pois não aten<strong>de</strong> au<br />

interesse <strong>de</strong> quem hoje está no po<strong>de</strong>r. Mas <strong>de</strong>pois que o próprio governo admite que a-<br />

qui tem terra para todos, não tem como sustentar as propostas <strong>de</strong> colonização. Al^ni<br />

disso, os sem-terras estão se organizando e os sindicatos autênticos já não admitem<br />

que a única saída seja largar o colono na boca da onça. E assim, na prática, a luta<br />

pela Reforma Agrária vai crescendo cada vez mais.<br />

UUVÉNCIO MAZAROLLO, ENF1M.EM LIBERDADEB<br />

Ao oatpletar 18 meses <strong>de</strong> prisão, o jornalista Juvêncio Mazarollo, último<br />

preso político do país, iniciou uma greve <strong>de</strong> fctne. "Liberda<strong>de</strong> ou rrorte é a mi-<br />

nha esoolha. Se eu morrer, não será suicídio e sim homicídio cuja responsabili<br />

da<strong>de</strong> todos saberão <strong>de</strong> quem é", dizia ele.<br />

Com isso, cresceu a mobilização por sua libertação e contra a Lei <strong>de</strong> Se-<br />

gurança Nacional (LSN), agora reformada, que o con<strong>de</strong>nou a 4 anos <strong>de</strong> prisão.<br />

Na sexta-feira, dia 3 <strong>de</strong> abril, Juvêncio Mazarollo, terminou sua greve <strong>de</strong><br />

fome: foi absolvido por unanimida<strong>de</strong> pelo Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral. A <strong>de</strong>cisão<br />

do Tribunal, embora tardia, é mais uma vitória da luta por direitos humanos e<br />

políticos que cresce em todo o país. A LSN, no entanto, continua existindo e<br />

nossa luta contra ela tem que continuar.<br />

Que fundo <strong>de</strong> terra nos interessa?<br />

Sentindo que a mobilização dos Sem-Ter<br />

ra no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul cresce em força e<br />

organização e tentando "ajeitar" um palia<br />

tivo para esta situação, o governador es-<br />

tá encaminhando à Assembléia Legisltativa<br />

um projeto <strong>de</strong> lei instituindo o FUNDEPRO-<br />

Fundo para o Desenvolvimento <strong>de</strong> Pequenos<br />

Produtores Rurais. No enten<strong>de</strong>r do governa<br />

dor, tal fundo seria <strong>de</strong>stinado a promover<br />

o assentamento e reassentamento <strong>de</strong> peque-<br />

nos produtores sem terras, <strong>de</strong>slocando-os'<br />

para terras <strong>de</strong>volutas do estado, imóveis<br />

públicos subutilizados, etc.<br />

Ao mesmo tempo, o <strong>de</strong>putado Jauri<strong>de</strong>Oli<br />

veira (PMDB) encaminhou plano sememlhante,<br />

como veto ao do governador: este parece es<br />

tar um pouco mais próximo da realida<strong>de</strong>, T<br />

pois prevê assistência técnica, limita a<br />

área, estimula a diversificação, <strong>de</strong>fine<br />

formas e prazos <strong>de</strong> pagamento, etc.<br />

Nenhum dos projetos serve aos agricul<br />

tores, pois não modificam (nem tentam fa-<br />

zer isto) a estrutura fundiária do estado,<br />

ccmo do resto do nosso país. A implementa<br />

ção <strong>de</strong> um fundo <strong>de</strong> terras só tem sentido<br />

na medida que objetiva uma reforma agrá-<br />

ria, <strong>de</strong>stinando terra, assistência técni-<br />

ca, recursos, a quem verda<strong>de</strong>iramente nela<br />

trabalha.<br />

O Fundo <strong>de</strong> Terras, se <strong>de</strong>stinado a <strong>de</strong>-<br />

mocratizar a posse da terra no nosso esta<br />

do, <strong>de</strong>veria ser antecedido <strong>de</strong> anplo <strong>de</strong>ba-<br />

te nas bases dos sindicatos, cooperativas,<br />

cotrunida<strong>de</strong>s rurais etc. Um Fundo que vise<br />

<strong>de</strong>slocar sem-terras para reg lões marginais<br />

e duvidosas não está interessando aos que<br />

conhecem bem os interesses do governo.

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