17.04.2013 Views

imagens de memória/esquecimento na contemporaneidade

imagens de memória/esquecimento na contemporaneidade

imagens de memória/esquecimento na contemporaneidade

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

1 MEMÓRIA CONTEMPORÂNEA<br />

Os tempos mo<strong>de</strong>rnos não começam <strong>de</strong> uma vez por todas.<br />

Meu avô já vivia uma época nova.<br />

Meu neto talvez ainda viva <strong>na</strong> antiga. (BRECHT)<br />

1.1 Memória/<strong>esquecimento</strong> <strong>na</strong> contemporaneida<strong>de</strong><br />

Durante o século XX se expan<strong>de</strong>m muito os conceitos em torno da <strong>memória</strong>,<br />

conforme <strong>de</strong>monstra o gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> pesquisas em campos diversos (como a psicologia, a<br />

psiquiatria, a psicofisiologia, a neurofisiologia, a biologia) que evi<strong>de</strong>nciam trocas recíprocas<br />

que as aproxima da esfera das ciências huma<strong>na</strong>s e sociais. A teoria da <strong>memória</strong> perpassa<br />

variados <strong>de</strong>bates relacio<strong>na</strong>dos a essas ciências huma<strong>na</strong>s. Nas últimas décadas do século XX<br />

esse interesse culmi<strong>na</strong> com o que é consi<strong>de</strong>rado um Ŗboom <strong>de</strong> <strong>memória</strong>ŗ (HUYSSEN, 2000,<br />

p. 14; WINTER, p. 67).<br />

Pesquisa, salvamento, exaltação da <strong>memória</strong> coletiva não mais nos acontecimentos<br />

mas ao longo do tempo, busca <strong>de</strong>ssa <strong>memória</strong> menos nos textos do que <strong>na</strong>s palavras,<br />

<strong>na</strong>s <strong>imagens</strong>, nos gestos, nos ritos e <strong>na</strong>s festas; é uma conversão do olhar histórico.<br />

Conversão partilhada pelo gran<strong>de</strong> público, obcecado pelo medo <strong>de</strong> uma perda <strong>de</strong><br />

<strong>memória</strong>, <strong>de</strong> uma amnésia coletiva, que se exprime <strong>de</strong>sajeitadamente <strong>na</strong> moda retrô,<br />

explorada sem vergonha pelos mercadores <strong>de</strong> <strong>memória</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a <strong>memória</strong> se<br />

tornou um dos objetos da socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> consumo que se ven<strong>de</strong> bem. (LE GOFF,<br />

2003, p.466)<br />

Tal emergência da <strong>memória</strong> como uma das preocupações culturais e políticas<br />

centrais das socieda<strong>de</strong>s oci<strong>de</strong>ntais é ressaltada por Andreas Huyssen em Seduzidos pela<br />

Memória (2000), on<strong>de</strong> aponta o <strong>na</strong>scimento <strong>de</strong> uma cultura e <strong>de</strong> uma política <strong>de</strong> <strong>memória</strong> e<br />

sua expansão global a partir da queda do Muro <strong>de</strong> Berlim, do fim das ditaduras latino-<br />

america<strong>na</strong>s e do fim do apartheid <strong>na</strong> África do Sul. Tais eventos assi<strong>na</strong>lam o papel-chave das<br />

<strong>memória</strong>s traumáticas e do imaginário urbano <strong>na</strong> atual transformação da experiência <strong>de</strong><br />

espaço e tempo. Huyssen contrasta esse fenômeno com a cultura <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> das<br />

primeiras décadas do século XX:<br />

Des<strong>de</strong> os mitos apocalípticos <strong>de</strong> ruptura radical do começo do século XX e a<br />

emergência do Ŗhomem novoŗ <strong>na</strong> Europa, através das fantasmagorias assassi<strong>na</strong>s <strong>de</strong><br />

purificação racial ou <strong>de</strong> classe, no Nacio<strong>na</strong>l Socialismo e no stalinismo, ao<br />

paradigma <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização norte-americano, a cultura mo<strong>de</strong>rnista foi energizada<br />

por aquilo que po<strong>de</strong>ria ser chamado Ŗfuturos presentesŗ. No entanto, a partir da<br />

década <strong>de</strong> 1980 o foco parece ter-se <strong>de</strong>slocado dos futuros presentes para os<br />

16

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!