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imagens de memória/esquecimento na contemporaneidade

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Seligmann-Silva (2008, p.7) <strong>de</strong> Ŗsuper-aceleraçãoŗ, Ŗconstatamos uma espécie <strong>de</strong> perda <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>termi<strong>na</strong>dos referenciais espaço/temporais. [...] Não reconhecemos mais as inscrições do<br />

passadoŗ. Para o autor, são Ŗesses <strong>de</strong>slocamentos e essas acelerações que colocam essa<br />

<strong>memória</strong> em estado <strong>de</strong> fluxoŗ. Diante da questão do arquivo <strong>na</strong> cultura do século XX, ele<br />

ressalta assim a dificulda<strong>de</strong> diante do novo e o papel da <strong>memória</strong> <strong>na</strong> construção da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>:<br />

O discurso da <strong>memória</strong> do arquivo, que se <strong>de</strong>senvolve no fi<strong>na</strong>l do século XX, é uma<br />

espécie <strong>de</strong> resposta à nossa sensação <strong>de</strong> flui<strong>de</strong>z da tradição e das ancoragens da<br />

<strong>memória</strong>. Existe hoje uma espécie <strong>de</strong> <strong>na</strong>rrativa <strong>de</strong> resistência, truncada, mas que se<br />

dá. Ela, que está presente com recorrência <strong>na</strong> literatura, no cinema e <strong>na</strong>s artes em<br />

geral, tem a ver com a construção da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> Ŕ e com a dificulda<strong>de</strong> em construí-la<br />

Ŕ numa era <strong>de</strong> aceleração. (SELIGMANN-SILVA, 2008, p. 8)<br />

É, muitas vezes com dificulda<strong>de</strong>, que gerações mais antigas observam certas<br />

mudanças tecnológicas. No caso da fotografia, é possível observarmos até certo saudosismo<br />

em relação às câmeras a<strong>na</strong>lógicas, e todo o processo temporal diferente das atuais<br />

instantâneas, que nem mesmo exigem revelação ou impressão para serem visualizadas. Assim<br />

como muitas pessoas que não abrem mão <strong>de</strong> abrir seu jor<strong>na</strong>l impresso, tateá-lo, quase um<br />

ritual; o mesmo acontece em relação aos <strong>de</strong>fensores do livro tradicio<strong>na</strong>l. Talvez por isso a<br />

utilização <strong>na</strong> arte <strong>de</strong> certos dispositivos ou objetos antigos ou obsoletos, muitas vezes<br />

relacio<strong>na</strong>dos a uma morosida<strong>de</strong> do passar do tempo, infiram imediatamente nos espectadores<br />

da obra uma relação com a temática da <strong>memória</strong>, quando não, <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ntificação com sua<br />

<strong>memória</strong> pessoal.<br />

Se <strong>memória</strong> eletrônica veio a facilitar e engran<strong>de</strong>cer a <strong>memória</strong> em auxílio à<br />

história, contudo, como as outras formas <strong>de</strong> <strong>memória</strong> automática aparecidas <strong>na</strong> história, a<br />

<strong>memória</strong> eletrônica não passa <strong>de</strong> um auxiliar, um servidor da <strong>memória</strong> e do espírito humano<br />

(LE GOFF, 2003, p.463). Essa revolução, ao mesmo tempo qualitativa e quantitativa,<br />

acontece <strong>de</strong>vido ao <strong>de</strong>slocamento do interesse ape<strong>na</strong>s pela história dos acontecimentos e dos<br />

heróis, para o lugar dos pequenos <strong>na</strong> história, história <strong>de</strong> todos os homens, das Ŗmassas<br />

dormentesŗ, i<strong>na</strong>ugurando a era da documentação <strong>de</strong> massa.<br />

A preocupação com a qualida<strong>de</strong> em vista da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> meios consultáveis<br />

mostra que Ŗno século XIX ao princípio era o documento; hoje, ao princípio é o dadoŗ (LE<br />

GOFF, 2003, p. 532), fato que muda a consciência historiográfica. A revolução documental<br />

ten<strong>de</strong> a promover uma nova unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> informação em lugar do fato que conduz ao<br />

acontecimento e à história linear, Ŗela privilegia o dado, que leva à série e a uma história<br />

<strong>de</strong>scontínuaŗ (LE GOFF, 2003, p. 532), caracterizando um tempo heterogêneo (compartilhado<br />

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