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t?^ história SI - Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro

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POLÍTICA PARTIP/CRIA<br />

CDNTIA/URÇRD '• Q BRRSM- ••<br />

HELIVAL RIOS<br />

BRASÍLIA — Nascem dois novos<br />

países na esfera do po<strong>de</strong>r político,<br />

nesta terça-feira, após a posse dos<br />

governadores: o primeiro, mais rico,<br />

concentrando 75,2^% do Produto Inter-<br />

no Bruto (PIB), 58,5% da população<br />

(70,2 milhões <strong>de</strong> pessoas), e 59,7% do<br />

território nacional (5,08 mllhfies <strong>de</strong><br />

quilômetros quadrados), è o "pais<br />

das oposiçóes". O outro, bem mais<br />

pobre, <strong>de</strong>fendo apenas 24,6% do PIB,<br />

41,4% da população e 40,2% do<br />

território, é o "pais do goemo cen-<br />

tral".<br />

Mas tanto o pais das oposições,<br />

quanto o do governo central, en-<br />

tretanto, têm os mesmos problemas<br />

em comum, <strong>de</strong>stacando-se ai, uma<br />

péssima distribuição <strong>de</strong> renda,<br />

graves problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, carên-<br />

cia <strong>de</strong> escolas, <strong>de</strong> habitação, <strong>de</strong> in-<br />

fra-estrutura (estradas, eletrifi-<br />

cação, armazéns., etc), além <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>semprego e sub-emprego, e, na es-<br />

teira <strong>de</strong> todos estes problemas, uma<br />

baixíssima qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida da<br />

maioria da sua população ao lado <strong>de</strong><br />

crescentes Índices <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong>.<br />

Tanto o pais mais rico quanto o<br />

mais pobre terão diante <strong>de</strong> si, na es-<br />

sência, os mesmos graves problemas<br />

a equacionar. Mas o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> bar-<br />

ganha conferido pela estrutura<br />

econômica do "pais das oposições"<br />

aos seus governantes que assumem<br />

nesta terça-feira abre a eles, na<br />

realida<strong>de</strong>, uma larga oportunida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> quebrar velhos vícios do ciclo <strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong>r em favor <strong>de</strong> mudanças sociais,<br />

políticas e econômicas substantivas.<br />

População rural<br />

predomina na<br />

área pe<strong>de</strong>ssista<br />

Com suas bases no <strong>Centro</strong>-Sul, mas<br />

estrategicamente bem situado ao<br />

Norte, pela conquista do Amazonas,<br />

o "pais das oposições" tem o domínio<br />

absoluto <strong>de</strong> toda a tecnologia indus-<br />

trial e agropecuária do Pais, sendo<br />

ainda o maior produtor das ma-<br />

térias-primas mais Importantes,<br />

como o minério <strong>de</strong> ferro e o calcáreo,<br />

dividindo, contudo, a produção pe-<br />

troquímica com o pais do governo<br />

central.<br />

Dos 8 milhões, 511 mil, 965 quilô-<br />

metros quadrados do território<br />

nacional, "o país das oposições"<br />

<strong>de</strong>tém, nada menos que 59,72%, ou<br />

seja, 5,08 milhões <strong>de</strong> quilômetros<br />

quadrados em seu po<strong>de</strong>r. Do total da<br />

população .recenseada, <strong>de</strong> 119<br />

milhões, 70 mil, 865 pessoas. 58,2%<br />

habitam a área da oposição, ou seja,<br />

69,6 milhões <strong>de</strong> pessoas.<br />

Este reduto oposicionista é ha-<br />

bitado fundamentalmente por uma<br />

população urbana, o oposto correndo<br />

com o reduto govemista. habitado<br />

por uma população tipicamente<br />

rural, <strong>de</strong> acordo coin a ciyacterl-<br />

zação <strong>de</strong>finida pela Fundação IBGE.<br />

Do total <strong>de</strong> 80,47 milhões da po-<br />

pulação urbana brasileira, 66,17%<br />

concentram-se na área oposicionis-<br />

ta, ou seja, aquela área constituída<br />

pêlos Estados cujos governadores<br />

eleitos a 15 <strong>de</strong> novembro, e que to-<br />

mam posse a 15 <strong>de</strong> março, perten-<br />

cem a partidos da oposição.<br />

J.à do total da população rural do<br />

Pais, <strong>de</strong> 38,61 milhões, 42,5% concen-<br />

tram-se neste reduto oposicionista,<br />

ficando a maioria da população rural<br />

do Pais, <strong>de</strong> 57,28% (22,12 milhões <strong>de</strong><br />

pessoas) concentrada na área gover-<br />

nista.<br />

Estes dados permitem afirmar,<br />

portanto, que o "pais das oposições"<br />

é eminentemente urbano", enquanto<br />

o "pais do governo central" é emi-<br />

nentemente rural. O primeiro tem<br />

seus administradores vinculados ao<br />

PMDB (9 Estados) e ao PDT (1 Es-<br />

tado), e o segundo, ao PDS (13 Es-<br />

tados), escolhidos pelo voto direto, e<br />

mais os nomeados pelo presi<strong>de</strong>nte da<br />

República (Distrito Fe<strong>de</strong>ral, Estado<br />

<strong>de</strong> Rondônia e territórios <strong>de</strong><br />

Roraima, Amapá e Fernando <strong>de</strong><br />

Noronha).<br />

• ' PRODUTO<br />

Do total dos 284 bilhões <strong>de</strong> dólares<br />

<strong>de</strong> bens e serviços produzidos no Pais<br />

no ano passado (Produto Interno<br />

Bruto-PIB) o "pais das oposições"<br />

respon<strong>de</strong> com 75,22%, o equivalente,<br />

portanto, a 213,62 bilhões, ficando<br />

com o "pais do governo central" a<br />

geração <strong>de</strong> apenas 70,38 bilhões <strong>de</strong><br />

d.olares.<br />

O pais das oposições respon<strong>de</strong> por<br />

55,49% <strong>de</strong> toda a produção agrícola<br />

nacional, por 84,53% <strong>de</strong> toda a pro-<br />

dução da indústria, e por 73,9% <strong>de</strong><br />

toda a produção <strong>de</strong> serviços (comér-<br />

cio, transportes, etc). O pais do<br />

governo central, embora concen-<br />

trando em seu território a maioria da<br />

população rural brasileira (57,28%),<br />

respon<strong>de</strong> por apenas 44,4% da pro-<br />

dução agrícola, por 14,79% da pro-<br />

dução Industrial, e por 25,7% da<br />

produção <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> acordo com<br />

projeções baseadas em pesquisa do<br />

IBGE.<br />

O PDS <strong>de</strong>tém em seu po<strong>de</strong>r,<br />

através dos governos estaduais,<br />

23,56% da geração do PIB, sendo<br />

ajudado por 1,1% dos Estados cujos<br />

governos são nomeados pelo pre-<br />

si<strong>de</strong>nte da República, <strong>de</strong>ixando ao<br />

PMDB 58,48% da geração do PIB, e<br />

16.74% para o PDT (que elegeu o<br />

governador apenas no Rio <strong>de</strong> Ja-<br />

neiro).<br />

ARRECADAÇÃO<br />

Esta gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> econô-<br />

mica da área oposicionista coloca-a<br />

em <strong>de</strong>staque como aquela que mais<br />

alimenta os cofres da União. Do total<br />

dos tributos fe<strong>de</strong>rais (Imposto <strong>de</strong><br />

Renda, IPI, IOF, etc.) arrecadados<br />

em todo o Brasil (<strong>de</strong> Cr$ 2,6 trilhões<br />

em 1961 e <strong>de</strong> Cr$ 5,47 trilhões em<br />

19S2), 70,53% são arrecadados no<br />

"território das oposições", equi-<br />

valentes, portanto, a Cr$ 1,83 trilhão<br />

em 1981, e a Cr$ 3,85 trilhões em 1962.<br />

Este dinheiro, contudo, não fica em<br />

po<strong>de</strong>r do Estado. Tanto a arreca-<br />

dação quanto a aplicação <strong>de</strong>ste di-<br />

nheiro é da responsabilida<strong>de</strong> do<br />

governo fe<strong>de</strong>ral. Mas a mera lo-<br />

calização da fonte geradora <strong>de</strong>stes<br />

recursos, é claro, confere aos gover-<br />

nos estaduais oposicionistas um cer-<br />

to po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> barganha.<br />

Os Estados dirigidos pelo PDS con-<br />

tribuem para os cofres da União,<br />

com apenas 13,36% do bolo arre-<br />

cadado com os tributos fe<strong>de</strong>rais a<br />

cada ano, respon<strong>de</strong>ndo os Estados do<br />

PMDB, com 48,32% o do PDT com<br />

22,21% e os Estados com governos<br />

nomeados pelo presi<strong>de</strong>nte da Re-<br />

pública 16,01%.<br />

RESENHA - 12<br />

- fc<br />

Este quadro não se altera multo<br />

em relação ao ICM (Imposto sobre<br />

Circulação <strong>de</strong> Mercadorias) este<br />

sim, arrecadado e aplicado pelo<br />

próprio Estado. Do total do bolo <strong>de</strong><br />

ICM arrecadado no Brasil em 1982,<br />

<strong>de</strong> Cr$ 2,46 trilhões, os Estados<br />

oposlconistas ficaram com 72,67%<br />

contra 27,23% dos Estados situa-<br />

cionistas, ou seja, Cr$ 1,79 trilhão,<br />

contra Cr$ 671,7 bilhões.<br />

O PMDB, sozinho, respon<strong>de</strong> com<br />

61,94% da arrecadação do ICM no<br />

Pais, contra 10,73% do PDT, 25,74%<br />

do PDS, e apenas 1,49% das áreas<br />

cujos governos são nomeados. Este<br />

gran<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> concentração<br />

oposicionista, não só no ICM, como<br />

em outros Itens, é explicado, em<br />

gran<strong>de</strong> parte, pela conquista política<br />

dos Estados <strong>de</strong> São Paulo, Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro e Minas Gerais que, juntos,<br />

<strong>de</strong>sequilibram qualquer relação<br />

comparativa. Para se ter uma idéia,<br />

o Estado <strong>de</strong> São Paulo, sozinho, res-<br />

pon<strong>de</strong> por 40,35% da arrecadação do<br />

ICM; por 36,04% da arrecadação dos<br />

tributos fe<strong>de</strong>rais; por 35,6% na for-<br />

mação do PIB, <strong>de</strong>fendo em seu<br />

território, 21,02% da população<br />

nacional.<br />

INFORMAÇÃO E AÇO<br />

Há, ainda, dois gran<strong>de</strong>s fatores <strong>de</strong><br />

suma Importância neste painel com-<br />

parativo dos "dois países" por bloco<br />

partidário. Um, eminentemente<br />

econômico, é a produção <strong>de</strong> açp,<br />

matéria-prima básica e indispen-<br />

sável a praticamente todo o com-<br />

plexo Industrial (mesmo as que não a<br />

utilizam diretamente na sua pro-<br />

dução, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong>ste produto, ao<br />

adquirir os seus equipamentos ou ao<br />

construir suas Instalações, o outro,<br />

eminentemente político, é a concen-<br />

tração dos jornais, periódicos <strong>de</strong><br />

toda a espécie, emissoras <strong>de</strong> rádio e<br />

<strong>de</strong> televisão, que constituem a base<br />

Indispensãvel à formação da opinião<br />

pública.<br />

Pois bem. Visto por este prisma, as<br />

pesquisas que realizamos mostram<br />

que o "país das oposições" <strong>de</strong>tém<br />

simplesmente 88,46% <strong>de</strong> toda a<br />

produção <strong>de</strong> aço brasileira, contra<br />

apenas 9,3% do pais do governo cen-<br />

tral. Os Estados ligados ao PMDB<br />

produzem 62,7% <strong>de</strong> todos os com-<br />

plexos si<strong>de</strong>rúrgicos (Minas Gerais —<br />

40,2% e São Paulo - 22,5%), contra<br />

uma produção <strong>de</strong> 25,76% do PDT<br />

(Rio <strong>de</strong> Janeiro), <strong>de</strong>ixando aos Es-<br />

tados do PDS, uma produção <strong>de</strong> 9,3%<br />

(Bahia. 7,7% e Rio Gran<strong>de</strong> do Sul,<br />

1,6%). A produção si<strong>de</strong>rúrgica <strong>de</strong><br />

Goiás (0,4% do total <strong>de</strong> ferro-ligas)<br />

não chega a influenciar positivamen-<br />

te a produção dos Estados oposi-<br />

cionistas. Constituem os complexos<br />

si<strong>de</strong>rúrgicos o ferro-gusa, aço bruto,<br />

laminados planos, laminados nâo-<br />

planos e os semi-acabados.<br />

Na área das comunicações, ou da<br />

informação, o "país das oposições"<br />

<strong>de</strong>tém Instalado em seu território,<br />

nada menos que 78,01% <strong>de</strong> todos os<br />

Jornais e periódicos brasileiros.<br />

61.41% do total das emissoras <strong>de</strong><br />

rádio, e 52.59% das emissoras <strong>de</strong><br />

televisão.<br />

Abrindo este leque das pesquisas,<br />

riflca-se que do total <strong>de</strong> 1.512 jornais<br />

<strong>de</strong> informação gerai existentes no<br />

Brasil. 73.14% funcionam em.,<br />

território oposicionista, e 28,17% em<br />

território govemista. No conjunto<br />

formado por "outros periódicos" (no<br />

total <strong>de</strong> 1.991), segundo catalogação

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