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Poemas Malditos - Unama

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Foi poeta: cantou, sonhou: a vida<br />

Canto e sonhos lhe foi. Amor e glória<br />

Com asas brancas viu sorrindo em vôos.<br />

Foi-lhe vida sonhar: e ardentes sonhos<br />

A fronte lhe acenderam, lhe estrelaram<br />

Mágico da existência o firmamento.<br />

Cantou, sonhou — amou: cantos e sonhos<br />

Em amor converteu-os. De joelhos<br />

Em fundo enlevo ele esperou baixasse<br />

Alguma luz do céu, que amor dissesse —<br />

Anjo ou mulher! Embora que ele a amara<br />

C'o fogo queimador que o consumia<br />

Com o amor de poeta que o matava!<br />

Anjo ou mulher — embora! E em longas preces<br />

Noite e dia o esperou — Mísero! Embalde!<br />

Sonhou — amou — cantou: em loucos versos<br />

Evaporou a vida absorta em sonhos —<br />

E debalde! Ninguém chorou-lhe os prantos<br />

Que sobre as mortas ilusões já findas<br />

Pálido derramara —<br />

Amou! E um peito<br />

Junto ao seu não ouviu bater consoante<br />

C'os amores do seu! Ninguém amou-o<br />

E nem as mágoas lhe afogou num beijo! —<br />

E morreu sem amor. — Bateu-lhe embalde<br />

O pobre coração em loucas ânsias.<br />

Passou ignoto, solitário e triste<br />

Entre os anjos do amor, só viu-lhe risos<br />

Em braços doutros — e invejosa mágoa<br />

Essa alheia ventura só lhe trouxe.<br />

Nunca a mão dele de uma fronte branca<br />

A alva coroa fez cair da virgem —<br />

Jovem, solteiro, sem consórcio d'alma<br />

Entre as rosas da vida — mas nenhuma<br />

Nem deu-lhe um riso — nem do moço pálido<br />

No imo d'alma guardou uma saudade!<br />

Mas se à terra saudades não deixara<br />

Não levou-as também — do peito o orgulho<br />

Que ninguém quis amar, ninguém amou.<br />

— Foi-lhe quimera o amor, não mais lembrou-o,<br />

Tentou-o ao menos. — E que importa um morto?<br />

Doido é quem geme em lagrimar estéril —<br />

Quando o luto findou e alegre o baile<br />

Corre entre flores no valsar, quem lembra<br />

O defunto que é podre no jazigo?<br />

www.nead.unama.br<br />

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