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Poemas Malditos - Unama

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V<br />

Caiu a noite, do azulado manto,<br />

Como gotas de orvalho, sacudindo<br />

Estrelas cintilantes. — Veio a lua<br />

Banhando de tristeza o céu noturno:<br />

Derrama aos corações melancolia,<br />

Derrama no ar cheiroso molemente<br />

Cerúlea chama, dia incerto e pálido<br />

Que ao lado da floresta ajunta as sombras<br />

E lança pelas águas da campina<br />

Alvacentos clarões que as flores bebem.<br />

A galope, de volta do noivado,<br />

Passa o Conde Solfier, e a noiva Elfrida.<br />

Seguem fidalgos que o sarau reclama.<br />

ELFRIDA<br />

— Não vês, Solfier, ali da estrada em meio<br />

Um defunto estendido? —<br />

SOLFIER<br />

— Ó minha Elfrida,<br />

Voltemos desse lado: outro caminho<br />

Se dirige ao castelo. É mau agouro<br />

Por um morto passar em noites destas.<br />

Mas Elfrida aproxima o seu cavalo.<br />

ELFRIDA<br />

— Tancredo vede! É o trovador Tancredo!<br />

Coitado! Assim morrer! Um pobre moço!<br />

Sem mãe e sem irmã! E não o enterram?<br />

Neste mundo não teve um só amigo? —<br />

"Ninguém, senhora — respondeu da sombra<br />

Uma dorida voz — Eu vim, há pouco,<br />

Ao saber que do povo no abandono<br />

Jazia como um cão. Eu vim, e eu mesmo<br />

Cavei junto do lago a cova impura."<br />

ELFRIDA<br />

— Tendes um coração. Tomai, mancebo,<br />

Tomai essa pulseira Em oiro e jóias<br />

Tem bastante p'ra erguer-lhe um monumento,<br />

E para longas missas lhe dizerem<br />

Pelo repouso d'alma...<br />

O moço riu-se.<br />

www.nead.unama.br<br />

9

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