Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
INVOCAÇÃO<br />
Variações em todas as cordas<br />
— Morrera-lhe o sonhar — por que chorá-lo?<br />
E morreu sem amor! E ele contudo<br />
Tinha no peito tanto amor e vida!<br />
Alma de sonhos, tão ardentes, cheia!<br />
E anelante do amor do peito — em outro<br />
Em horas ternas efundir em beijos!<br />
E às vezes quando a fronte pela febre<br />
Pesada e quente sobre as mãos firmava,<br />
Quando esse delirar febril da insônia<br />
Em vertigens travava de sua alma,<br />
Um negro pensamento lhe passava<br />
Como um fuzil no cérebro fervente,<br />
E pensava dos loucos no delírio,<br />
Na escura treva da vertigem tonta!<br />
Temia — a morte não — mas — a loucura.<br />
I<br />
Alma de fogo, coração de lavas,<br />
Misterioso Bretão de ardentes sonhos<br />
Minha musa serás — poeta altivo<br />
Das brumas de Albion, fronte acendida<br />
Em túrbido ferver! — a ti portanto,<br />
Errante trovador d'alma sombria,<br />
Do meu poema os delirantes versos!<br />
II<br />
Foste poeta, Byron! A onda uivando<br />
Embalou-te o cismar — e ao som dos ventos<br />
Das selváticas fibras de tua harpa<br />
Exalou-se o rugir entre lamentos!<br />
III<br />
De infrene inspiração a voz ardente<br />
Como o galope do corcel da Ucrânia<br />
Em corrente febril que alaga o peito<br />
A quem não rouba o coração — ao ler-te?<br />
Foste Ariosto no correr dos versos,<br />
Foste Dante no canto tenebroso,<br />
Camões no amor e Tasso na doçura,<br />
Foste poeta, Byron!<br />
www.nead.unama.br<br />
69