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Foi-te a imaginação rápida nuvem<br />
Que arrasta o vento no rugir medonho —<br />
Foi-te a alma uma caudal a despenhar-se<br />
Das rochas negras em mugido imenso.<br />
Leste no seio, ao coração, o inferno,<br />
Como teu Manfred desfraldando à noite<br />
O escurecido véu. — E riste, Byron,<br />
Que do mundo o fingir merece apenas<br />
Negro sarcasmo em lábios de poeta.<br />
Foste poeta, Byron!<br />
IV<br />
A ti meu canto pois — cantor das mágoas<br />
De profunda agonia! — a ti meus hinos,<br />
Poeta da tormenta — alma dormida<br />
Ao som do uivar das feras do oceano,<br />
Bardo sublime das Britânias brumas!<br />
1<br />
Foi-te férreo o viver — enigma a todos<br />
Foi o teu coração!<br />
Da fronte no palor fervente em lavas<br />
Um gênio ardente e fundo:<br />
O mundo não te amou e riste dele<br />
— Poeta — o que era-te o mundo?<br />
Foste, Manfred, sonhar nas serras ermas<br />
Entre os tufões da noite —<br />
E em teu Jungfrau — a mão da realidade<br />
As ilusões quebrou-te!<br />
Como um gênio perdido — em rochas negras<br />
Paraste à beira-mar.<br />
Do escuro céu falando às nuvens — solto<br />
O negro manto ao ar!<br />
O mar bramiu-te o hino da borrasca<br />
E em pé — no peito os braços —<br />
O riso irônico — vinha o azul relâmpago<br />
T'esclarecer a espaços.<br />
A fonte nua o rorejar da noite<br />
Frio — te umedecia<br />
E acima o céu — e além o mar te olhava<br />
C'os olhos da ardentia!<br />
2<br />
As volúpias da noite descoraram-te<br />
A fronte enfebrecida<br />
Em vinho e beijos — afogaste em gozo<br />
Os teus sonhos da vida.<br />
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