17.04.2013 Views

percursos do artista como agente transformador - UFF

percursos do artista como agente transformador - UFF

percursos do artista como agente transformador - UFF

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

comum, a de que a criação de grandes obras de arte é independente<br />

da existência social de seu cria<strong>do</strong>r, de seu desenvolvimento e<br />

experiência <strong>como</strong> ser humano no meio de outros seres humanos. 10<br />

As faculdades lhe foram concedidas ainda no ventre materno com o<br />

propósito de saber <strong>do</strong>minar o ofício. O pensamento orienta<strong>do</strong> a esse caminho é o<br />

mesmo que estabelece o <strong>artista</strong> <strong>como</strong> um artífice. Sen<strong>do</strong> assim, define-se o <strong>artista</strong><br />

<strong>como</strong> aquele que, de frente para uma tela, por exemplo, externará to<strong>do</strong>s os seus<br />

sentimentos e reflexões através de sua mão virtuosa, com um mínimo possível de<br />

dificuldade, originan<strong>do</strong> uma obra-prima.<br />

Os escritos de Norbert Elias no livro Mozart, sociologia de um gênio nos<br />

passam grande credibilidade e veracidade pelo mo<strong>do</strong> <strong>como</strong> o autor constrói seu<br />

pensamento acerca da vida <strong>do</strong> compositor Wolfgan Amadeus Mozart. O afastamento<br />

de cerca de 200 anos entre Mozart e Norbert Elias poderia, <strong>como</strong> é costumaz entre<br />

nós, suscitar falsos históricos, mas ao invés de colocar mais fichas no “fato” de que<br />

Mozart foi um grande gênio da humanidade, desde os cinco anos já compon<strong>do</strong>, Elias<br />

pinta um retrato extremamente sóbrio <strong>do</strong> que seriam os anos de existência <strong>do</strong><br />

austríaco.<br />

É verdade que o menino Wolfgan compunha desde ce<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> alvo de<br />

admiração da corte de Salzburgo e de outras cortes européias. O pai de Mozart,<br />

Leopold, era regente-substituto da corte, frustra<strong>do</strong> por sua posição (os músicos,<br />

integrantes da burguesia, eram apenas mais uma classe de trabalha<strong>do</strong>res <strong>como</strong> os<br />

cozinheiros ou copeiros), mas sem coragem de enfrentá-la, submeten<strong>do</strong>-se aos<br />

caprichos da aristocracia. Fez então, para o bem ou para o mal, o que muitos pais<br />

fazem quan<strong>do</strong> seus sonhos de juventude não se materializam: depositou todas as<br />

suas esperanças na educação <strong>do</strong> filho caçula para que, de alguma forma, pudesse<br />

10 ELIAS, Norbert. Mozart, sociologia de um gênio. Rio de Janeiro: Editora Jorge Zahar, 1995, p.53.<br />

22

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!