percursos do artista como agente transformador - UFF
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1.4 Serviços de um an-<strong>artista</strong><br />
De acor<strong>do</strong> com as palavras de Alain Borer: “é importante perceber que a<br />
“escultura social”, assim <strong>como</strong> a fórmula “To<strong>do</strong> homem é um <strong>artista</strong>”, implicam<br />
logicamente e radicalmente a impossibilidade de admitir a obra individual...” 45 Talvez<br />
a maior contribuição de Beuys tenha si<strong>do</strong> abrir mão da condição de <strong>artista</strong>, nas<br />
acepções tradicionais <strong>do</strong> termo, para direcionar suas energias com o propósito de<br />
nos servir. Seu trabalho realiza<strong>do</strong> para a Documenta de Kassel de 1982, “7000<br />
carvalhos”, traduz sua disposição em buscar um objetivo coletivo maior; após quase<br />
trinta anos o trabalho continua reverberan<strong>do</strong> ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, <strong>como</strong> na cidade de<br />
Nova York, por exemplo, onde “7000 carvalhos” (Fig. 6) cobre(m) toda a extensão da<br />
West 22nd Street.<br />
No dicionário Houaiss uma das definições atribuídas ao verbete trabalho<br />
é: “atividade produtiva ou criativa, exercida para um determina<strong>do</strong> fim.” Para Joseph<br />
Beuys, a noção de Escultura Social estava intimamente conectada à idéia de<br />
exercermos nossa criatividade com o objetivo de mudar a sociedade; ele exerce<br />
uma atividade criativa com uma intenção clara: Beuys trabalha. A propósito da arte<br />
<strong>como</strong> trabalho / serviço e suas possíveis implicações trazemos à tona o pensamento<br />
a seguir:<br />
O que acontece com a arte em uma sociedade onde to<strong>do</strong>s se<br />
tornam cria<strong>do</strong>res? A idéia de profanar a arte no mun<strong>do</strong>, pela<br />
proposição <strong>do</strong> <strong>artista</strong> <strong>como</strong> um trabalha<strong>do</strong>r, pode ser vista, contu<strong>do</strong>,<br />
de forma negativa. Poderia forçar uma desaparição, na sociedade,<br />
das experiências sensíveis, tal <strong>como</strong> numa <strong>do</strong>minação totalitária de<br />
governo que sobre-significaria uniformemente a religiosidade, a<br />
economia, a cultura. Mas, na ficção da produção artística, a elipse da<br />
45 BORER, Alain. Joseph Beuys. São Paulo: Cosac Naify, 2001, p. 33.<br />
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