17.04.2013 Views

percursos do artista como agente transformador - UFF

percursos do artista como agente transformador - UFF

percursos do artista como agente transformador - UFF

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Ao analisar as obras de Joseph Beuys e Allan Kaprow constatamos que<br />

ambos não só foram contemporâneos no espaço-tempo, mas também nas linhas<br />

gerais que guiavam e articulavam seus pensamentos. O que os difere? Talvez a<br />

dimensão de seus projetos utópicos. Enquanto Beuys, acompanha<strong>do</strong> de to<strong>do</strong> seu<br />

misticismo, permanecia imbuí<strong>do</strong> de idéias utópicas que pudessem mudar to<strong>do</strong> um<br />

sistema planetário, Kaprow, através de suas micro-utopias, buscava apenas<br />

melhores formas de convívio social, modifican<strong>do</strong> o dia-a-dia.<br />

Quan<strong>do</strong> tomamos o significa<strong>do</strong> corriqueiro da palavra utopia - e a carga<br />

que o acompanha, de algo fantasioso, ilusório, impossível – e tentamos aplicá-lo aos<br />

conceitos de Kaprow e Beuys corremos o risco de cometer um equívoco. Mas se<br />

lançamos mão de sua etimologia percebemos que a palavra, com efeito, veste-lhes<br />

bem. As utopias de Beuys e Kaprow se anunciam <strong>como</strong> a direção a trilharmos em<br />

busca desse bom lugar, eu topos; ou desse não-lugar – porque é espaço ainda a ser<br />

preenchi<strong>do</strong>. Em ambos os casos o caminho deve ser percorri<strong>do</strong> junto. O nós de<br />

Kaprow pode ser apenas eu e você, o de Beuys é a multidão. No âmago de suas<br />

apostas comunicar, colaborar, transformar.<br />

Beuys e Kaprow conseguiram discernir o modus operandi <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>,<br />

constituí<strong>do</strong> de camadas que se entrecruzam e crenças diversas que se roçam, um<br />

mun<strong>do</strong> repleto de necessidades urgentes que impossibilitam qualquer tentativa de<br />

tratar e definir conceitos isoladamente. “A arte imita a vida e a vida imita a arte”,<br />

Kaprow diria; “to<strong>do</strong>s somos <strong>artista</strong>s”, completaria Beuys. O muro imaginário, porém<br />

bastante sóli<strong>do</strong>, há tempos ergui<strong>do</strong>, quiçá de pé desde sempre, entre os termos arte<br />

e vida esvaiu-se quan<strong>do</strong> Joseph Beuys e Allan Kaprow, cada um de sua maneira e<br />

em seu tempo e espaço, se propuseram a trabalhar, servir, agir, brincar. Suas<br />

práticas colaborativas se propunham a promover mudanças sensíveis nos teci<strong>do</strong>s<br />

48

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!