Revista Móin-Móin - CEART - Udesc
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<strong>Revista</strong> de Estudos sobre Teatro de Formas Animadas<br />
MÓIN-MÓIN<br />
as ações da personagem, seguindo a estrutura de entrecho comum<br />
a todas as danças dramáticas brasileiras, sempre dividida entre cortejo<br />
Página 179: personagem “Exibicionista” do espetáculo “As relações<br />
naturais”(1983). Foto de Benedito Schmidt.<br />
Página 180: projeto do personagem Dom Quixote para o espetáculo “El retablo<br />
de e drama. Maese Pedro (1976). Projeto do personagem “Tatu Gente” para o espetáculo<br />
“Cobra Norato” (1979).<br />
Na interpretação das ações dramáticas da personagem<br />
Maricota, o dançador tem um sistema de manipulação que<br />
influencia diretamente as ações do boneco:<br />
Os objetos uma vez postos no espaço da representação exigem a<br />
condição de manipulação. É como se nesse boneco repousasse a<br />
possibilidade de inscrição de uma partitura de ações e movimentos<br />
a serem construídos e definidos. Ou seja, o boneco precisa obter<br />
vida, e além disso tornar-se personagem ou incorporar alguns<br />
traços mínimos que lhe permitam ser identificado como tipo.<br />
(...) emprestar ou dar vida ao objeto implica obrigatoriamente<br />
numa outra condição para a existência de representação de<br />
bonecos, ou seja, exige a presença do bonequeiro ou manipulador<br />
do objeto. (...) Da relação de parceria entre objeto e manipulador<br />
é que nascerá a cumplicidade com público. (MAESTRI, 2003:32)<br />
Conforme esclarece Beltrame, “a seleção e a escolha dos<br />
materiais, assim como as estruturas articuladas com as quais são<br />
confeccionados, definem o tipo de manipulação” (1995:183). No<br />
decorrer da pesquisa com os citados grupos catarinenses, nos<br />
deparamos com dois sistemas de manipulação: o sistema arcabouço,<br />
que o manipulador veste encaixando a estrutura em seus ombros;<br />
e o sistema de cruz, do tipo porta-estandarte no qual o dançador<br />
segura uma haste e manipula o boneco. O sistema arcabouço<br />
transforma o tronco em um grande bloco, tornando o manipulador<br />
e o boneco mais unidos, fazendo com que a personagem se torne<br />
mais sóbria e elegante. Esse sistema acarreta no dançador uma<br />
posição corporal mais rígida, concentrando uma grande energia e<br />
peso em seu tronco, sendo porém seus braços e pernas mais leves e<br />
soltos. No sistema de cruz, o corpo do boneco se move quebrado,<br />
gingado, um pouco mais “desengonçado” e o manipulador se<br />
encontra mais afastado do boneco do que no sistema anteriormente