Revista Móin-Móin - CEART - Udesc
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<strong>Revista</strong> de Estudos sobre Teatro de Formas Animadas<br />
MÓIN-MÓIN<br />
com nítido perfil erótico, que é a de deixar cair seu longo vestido<br />
no chão, requerendo do manipulador grande destreza para ir até o<br />
chão com o boneco. No ato de esparramar o vestido pelo chão, a<br />
complexidade do movimento eucinético se encontra bem mais<br />
presente, pois se trata de um movimento que pede ao manipulador<br />
grande energia e concentração na dinâmica das oposições corporais,<br />
na transferência de apoios e mudança de baricentro, qualidades<br />
dinâmicas necessárias à execução da ação. Na seqüência, há três<br />
ações que seriam de reverências. A primeira poderia ser interpretada<br />
como um agradecimento da “moça bonita” ao público, por sua<br />
presença e por estar prestigiando seu desfile; é a ação que dá início<br />
à aproximação mais intensa com os espectadores. Em seguida, ocorre<br />
a ação de ir até ao público e abraçá-lo com os seus longos braços.<br />
Para a realização dessa ação e da próxima que descreveremos,<br />
Maricota inclina seu corpo para que possa alcançar as pessoas. A<br />
terceira ação é a do abraço que se realiza como numa brincadeira<br />
de chicotear os espectadores; seus braços parecem facões, foices,<br />
machados, como se quisesse cortar o público. “Aproximar-se de<br />
Maricota enquanto ela rodopia é a certeza de receber uma “violenta<br />
carícia” que pode derrubar o espectador (...).”<br />
(BELTRAME,1995:173). Essas três ações dramáticas constituem<br />
o momento culminante da relação com o público. Nestas ações<br />
todo o corpo da personagem se encontra projetado em relação ao<br />
público principalmente por ela se arriscar mais pelo espaço,<br />
evidenciando-se o desenho do movimento coreológico<br />
simultaneamente ao movimento eucinético, quando o dançador<br />
sai de seu eixo, inclina o corpo do boneco jogando seus longos<br />
braços para tocar o espectador, correndo o risco de cair, de sair da<br />
roda. Concluídas estas ações de “investidas”, a personagem volta<br />
para uma seqüência de giros. Giros rápidos, lentos, com inclinação<br />
e giros com breques, nos quais seus braços enrolam e desenrolam<br />
em seu corpo. “(...) Os braços longos, desproporcionais da figura<br />
enrolam-se na escultura, seu corpo, e segundos após desenrolamse<br />
e caem pesadamente. Isso causa certa estranheza e provoca riso<br />
na platéia. Essa habilidade é conquistada, é fruto da observação<br />
treino e o manipulador tem clareza do efeito que causa na platéia.”