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Revista Móin-Móin - CEART - Udesc

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186<br />

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<strong>Revista</strong> de Estudos sobre Teatro de Formas Animadas<br />

MÓIN-MÓIN<br />

com nítido perfil erótico, que é a de deixar cair seu longo vestido<br />

no chão, requerendo do manipulador grande destreza para ir até o<br />

chão com o boneco. No ato de esparramar o vestido pelo chão, a<br />

complexidade do movimento eucinético se encontra bem mais<br />

presente, pois se trata de um movimento que pede ao manipulador<br />

grande energia e concentração na dinâmica das oposições corporais,<br />

na transferência de apoios e mudança de baricentro, qualidades<br />

dinâmicas necessárias à execução da ação. Na seqüência, há três<br />

ações que seriam de reverências. A primeira poderia ser interpretada<br />

como um agradecimento da “moça bonita” ao público, por sua<br />

presença e por estar prestigiando seu desfile; é a ação que dá início<br />

à aproximação mais intensa com os espectadores. Em seguida, ocorre<br />

a ação de ir até ao público e abraçá-lo com os seus longos braços.<br />

Para a realização dessa ação e da próxima que descreveremos,<br />

Maricota inclina seu corpo para que possa alcançar as pessoas. A<br />

terceira ação é a do abraço que se realiza como numa brincadeira<br />

de chicotear os espectadores; seus braços parecem facões, foices,<br />

machados, como se quisesse cortar o público. “Aproximar-se de<br />

Maricota enquanto ela rodopia é a certeza de receber uma “violenta<br />

carícia” que pode derrubar o espectador (...).”<br />

(BELTRAME,1995:173). Essas três ações dramáticas constituem<br />

o momento culminante da relação com o público. Nestas ações<br />

todo o corpo da personagem se encontra projetado em relação ao<br />

público principalmente por ela se arriscar mais pelo espaço,<br />

evidenciando-se o desenho do movimento coreológico<br />

simultaneamente ao movimento eucinético, quando o dançador<br />

sai de seu eixo, inclina o corpo do boneco jogando seus longos<br />

braços para tocar o espectador, correndo o risco de cair, de sair da<br />

roda. Concluídas estas ações de “investidas”, a personagem volta<br />

para uma seqüência de giros. Giros rápidos, lentos, com inclinação<br />

e giros com breques, nos quais seus braços enrolam e desenrolam<br />

em seu corpo. “(...) Os braços longos, desproporcionais da figura<br />

enrolam-se na escultura, seu corpo, e segundos após desenrolamse<br />

e caem pesadamente. Isso causa certa estranheza e provoca riso<br />

na platéia. Essa habilidade é conquistada, é fruto da observação<br />

treino e o manipulador tem clareza do efeito que causa na platéia.”

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