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de São Miguel Paulista OUTRA MORTE MISTERIOSA. DE QUEM ...

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Na Igreja, nas vilas e-jardins, nas fábricas - em toda<br />

parte, a gente <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Miguel</strong> se organiza e se levanta em<br />

<strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> seus direitos. Aqui é uma assembléia, ali um<br />

abaixo assinado, mais adiante uma greve.<br />

Mas não se assuste. Lutar por justiça e liberda<strong>de</strong> é<br />

uma tradição <strong>de</strong> 420 anos por estes lados. Falando sério,<br />

este bairro que hoje fervilha <strong>de</strong> nor<strong>de</strong>stinos, mineiros,<br />

paranaenses e - até - paulistas, nasceu sob o signo do<br />

combate <strong>de</strong> um povo oprimido por um lugar ao sol. A<br />

história está aí para comprovar.<br />

"Nos primeiros tempos <strong>de</strong> <strong>São</strong> Paulo <strong>de</strong> Piratinin-<br />

ga - conta o Sylvio Bomtempi em seu livro "O Bairro <strong>de</strong><br />

<strong>São</strong> <strong>Miguel</strong> <strong>Paulista</strong>" - pequeno número <strong>de</strong> guaianases<br />

afeiçoaram-se aos jesuítas e alguns moradores brancos".<br />

E tudo teria prosseguido muito bem não fosse a transfe-<br />

rência dos habitantes <strong>de</strong> Santo André da Borda do Cam-<br />

po para <strong>São</strong> Paulo, em 1560, através <strong>de</strong> pedido do padre<br />

Manoel da Nóbrega ao governador geral Mem <strong>de</strong> Sá. Es-<br />

sa gente, ao que tudo indica, chegou às redon<strong>de</strong>zas do<br />

Colégio disposta a escravizar os índios. Trouxe até um pe-<br />

lourinho, on<strong>de</strong> seriam castigados os que não se submetes-<br />

sem ao trabalho forçado. Mas os seus planos não <strong>de</strong>ram<br />

tão certo.<br />

Diante <strong>de</strong>ssa situação,- muitos guaianases resolve-<br />

ram <strong>de</strong>ixar a vila, rumo ao campo e à liberda<strong>de</strong>. Prefe-<br />

riam a vida selvagem à submissão. Assim, nas nascentes<br />

do Anhembi - margem esquerda do Tietê - instalaram a<br />

sua al<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Ururaí, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> só voltaram a <strong>São</strong> Paulo<br />

em julho <strong>de</strong> 1562, integrando um exército <strong>de</strong> sete ou<br />

oito al<strong>de</strong>ias que, em vão, atacou os homens do Colégio.<br />

O JORNAL, órgão laboratório dos<br />

•alunos do 69 semestre matutino <strong>de</strong><br />

jornalismo.<br />

Departamento <strong>de</strong> Jornalismo e<br />

Editoração.<br />

Nesta briga dos guaianases, o<br />

começo <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Miguel</strong> <strong>Paulista</strong><br />

Fugindo da escravidão, um grupo <strong>de</strong> índios fundou Ururai', uma al<strong>de</strong>ia<br />

on<strong>de</strong> havia paz, justiça e muita liberda<strong>de</strong>.<br />

Escola <strong>de</strong> Comunicações e Artes<br />

- Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> Paulo. •<br />

Em 1580, já agora reconciliada com os jesuítas, a<br />

al<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Ururaí experimentava um crescimento sur-<br />

preen<strong>de</strong>nte. Ao redor da igreja, lavouras e mais lavouras<br />

on<strong>de</strong> os índios plantavam o necessário para sua subsis-<br />

tência. Cinco anos <strong>de</strong>pois, já com o nome <strong>de</strong> al<strong>de</strong>ia <strong>de</strong><br />

<strong>São</strong> <strong>Miguel</strong>, ainda se podia ver homens livres trabalhan-<br />

do para a comunida<strong>de</strong>. Mas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1563, os brancos vi-<br />

nham realizando investidas na região, na tentativa <strong>de</strong> se<br />

apo<strong>de</strong>rarem das lavouras indígenas. Muitos índios aca-<br />

baram sendo levados para o sertão e até para o Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro, a fim <strong>de</strong> trabalharem no transporte <strong>de</strong> carga -<br />

com a conivência das mesmas autorida<strong>de</strong>s que haviam<br />

baixado lei que assegurava o direito <strong>de</strong> vida livre ao po-<br />

vo <strong>de</strong> Ururaí.<br />

Com a saída dos jesuítas da região, em 1640, a<br />

situação dos índios <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Miguel</strong> piorou. Em 1653, com<br />

a notícia da <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> pedras preciosas na região,<br />

eles estiveram ameaçados <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong>finitiva pa-<br />

ra o litoral. A partir <strong>de</strong> 1660, viram suas sesmarias serem<br />

repartidas entre os colonos portugueses, sem o menor<br />

respeito pelos seus direitos. Multiplicavam-se as fazendas,<br />

os ban<strong>de</strong>irantes avançavam, levando índios para o traba-<br />

lho <strong>de</strong> mineração - e tudo isso rendia bons resultados pa-<br />

ra a Coroa portuguesa. Muito dinheiro e po<strong>de</strong>r.<br />

Segundo Sylvio Bomtempi, <strong>São</strong> <strong>Miguel</strong> atingiu a<br />

plenitu<strong>de</strong> como bairro no século XVIII, apesar da <strong>de</strong>sor-<br />

<strong>de</strong>m administrativa que se acentuava. Com a proclama-<br />

ção da República, em 1889, passaram a ser sentidos os<br />

efeitos do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>. <strong>São</strong> Paulo, motivada pe-<br />

la cultura cafeeira, intensificada com a imigração. Em<br />

Professores Responsáveis: Dulcília H.<br />

S. Buitoni, Jomar José Costa Morais,<br />

José Coelho Sobrinho.<br />

Participaram <strong>de</strong>sta edição os alunos:<br />

Bernardo Alps, Clei<strong>de</strong> Frasco Marrese,<br />

Fátima Ugatti Cortezão.<br />

Agra<strong>de</strong>cemos aos alunos: Aurora <strong>de</strong><br />

Oliveira Pinto, Fre<strong>de</strong>rico Pessoa da Silva<br />

1891, o bairro ganhou autonomia, através <strong>de</strong> <strong>de</strong>creto do<br />

governador Américo Brasiliense <strong>de</strong> Almeida Melo, pas-<br />

sando à condição <strong>de</strong> distrito. As antigas olarias ce<strong>de</strong>ram<br />

lugar às primeiras indústrias, a população passou a cres-<br />

cer acelaradamente.<br />

Gran<strong>de</strong> problema, à época era o transporte urbano-<br />

que, aliás, perdura até hoje. Foi, então, que surgiu a li-<br />

nha <strong>de</strong> ônibus Penha-<strong>São</strong> <strong>Miguel</strong>, em 1930, como gran<strong>de</strong><br />

novida<strong>de</strong>, pois até aquele ano o transporte <strong>de</strong> pessoas<br />

era feito através <strong>de</strong> estrada <strong>de</strong> ferro em conexão com os<br />

bon<strong>de</strong>s. Dois anos <strong>de</strong>pois, a instalação <strong>de</strong> uma variante<br />

da Estrada <strong>de</strong> Ferro Central do Brasil facilitaria ainda<br />

mais as condições para a instalação da Nitro-Química<br />

Brasileira, marco <strong>de</strong>finitivo da fase industrial <strong>de</strong> <strong>São</strong><br />

<strong>Miguel</strong>. Foi a Nitro quem precipitou a migração <strong>de</strong> ope-<br />

rários, principalmente nor<strong>de</strong>stinos, para o bairro, na es-<br />

perança <strong>de</strong> conseguir um dos quatro mil empregos ofe-<br />

recidos pela fábrica.<br />

Só no período da Segunda Guerra Mundial che-<br />

garam a <strong>São</strong> <strong>Miguel</strong> 189. 949 migrantes. E mais, muito<br />

mais nos anos seguintes. Como conseqüência disso, co-<br />

meçou a febre <strong>de</strong> loteamentos, avultaram-se os proble-<br />

mas <strong>de</strong> saneamento, <strong>de</strong> transporte... enfim, o resto to-<br />

do mundo sabe.<br />

Hoje, tomado por indústrias poluidoras e quase<br />

um milhão <strong>de</strong> pessoas sobrecarregadas <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s,<br />

<strong>São</strong> <strong>Miguel</strong> mostra uma face bastante diferente do tem-<br />

po em que era apenas uma al<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> índios. Mas, como<br />

os guainases <strong>de</strong> ontem, seu povo baiano, mineiro, para-<br />

naense e - até paulista continua insistindo por melhores<br />

dias. E, certamente, vencerá.<br />

José Guilherme Rodrigues Ferreira, Newton<br />

César Villaça Cassiolato, Zulma<br />

Nazaré Moreira Vizeu pela colaboração<br />

nas pesquisas realizadas,<br />

janeiro <strong>de</strong> 80

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