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de São Miguel Paulista OUTRA MORTE MISTERIOSA. DE QUEM ...

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INAMPS: MUDOU ALGUMA COISA,<br />

MAS AINDA HA MUITO POR FAZER<br />

Pacientes, médicos e funcionários do Posto do INAMPS no Tatuapé revelaram a<br />

existência <strong>de</strong> diversas melhorias no atendimento e nos serviços do Instituto. Os<br />

pacientes já não se queixam muito das gran<strong>de</strong>s filas e da burocracia que infernizavam<br />

a vida dos que precisavam recorrer aos serviços do antigo INPS. Todos dizem que<br />

alguma coisa melhorou. Mas o Instituto continua sem condições <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r'<br />

rapidamente e <strong>de</strong> maneira satisfatória os milhares <strong>de</strong> pacientes que o procuram. Mais<br />

ainda;esse atendimento está sendo feito basicamente por casas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e<br />

laboratórios particulares que têm no lucro sua principal finalida<strong>de</strong>, em <strong>de</strong>trimento<br />

da qualida<strong>de</strong> do serviço. Os médicos e funcionários continuam pessimamente<br />

remunerados, obrigados a fazer,diversos bicos para sobreviver. E o INAMPS, o mais<br />

rico órgão do governo, vive no prejuízo, à beira da falência, dizem os ministros.<br />

Mas on<strong>de</strong> vai parar o dinheiro que eles <strong>de</strong>scontam no salário <strong>de</strong> todo mundo?<br />

Dois aspectos chamaram a atenção na pesquisa<br />

que fizemos junto a pacientes, médicos e funcionários<br />

do Posto do INAMPS, do Tatuapé: o primeiro foi a cor-<br />

dialida<strong>de</strong> existente entre médicos e funcionários, todos<br />

preocupados em dar um pouco mais <strong>de</strong> si ao sem núme-<br />

ro <strong>de</strong> pacientes que procuram aquele posto. É o médico<br />

<strong>de</strong>rmatologfsta, Dr. Armando Ferreira da Silva quem diz:<br />

"Acho muito bom o inter-relaciõnamento entre paciente<br />

e médico e entre este e o funcionário. Não há, pratica-<br />

mente, gran<strong>de</strong>s problemas. Às vezes, a gente tem que<br />

repetir uma explicação duas ou três vezes, até que o pa-<br />

ciente perceba o que <strong>de</strong>ve ser feito, mas no fim dá tudo<br />

certo."<br />

O segundo aspecto foi a diminuição da papelada e<br />

o fim das. gran<strong>de</strong>s filas <strong>de</strong> espera: "Já <strong>de</strong>u prá notar que<br />

muita coisa mudou e o pessoal anda querendo mudar<br />

mais ainda. Primeiro mudaram o nome, agora é INAMPS:<br />

Instituto <strong>de</strong> Assistência Médica da Previdência Social.<br />

Depois melhorou o problema das filas, pois não é mais<br />

aquele horror <strong>de</strong> chegar <strong>de</strong> madrugada para conseguir<br />

uma vaguinha. Antes, havia até gente que fazia dinheiro<br />

ven<strong>de</strong>ndo o lugar para os mais necessitados", conta uma<br />

antiga funcionária. 'Também não há mais necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

tanto documento e tanta ficha para ser atendido", acres-<br />

centa outra funcionária.<br />

Apolinário dos Santos, morador do Itaim <strong>Paulista</strong><br />

que foi ao Posto do Tatuapé acompanhando seu neto,<br />

diz porque os serviços melhoraram: "Isso só aconteceu<br />

<strong>de</strong>pois que muita gente começou a reclamar daquela<br />

pouca vergonha. Bem antigamente, quando era IAPI,<br />

também não tinha tanta fila nem tanta papelada. A coi-<br />

sa piorou quando teve a tal unificação. A gente come-<br />

çou a precisar <strong>de</strong> correr <strong>de</strong> um lado para outro feito bo-<br />

bo. E o problema é que não dá para saber porque tanta<br />

coisa continua errada e o que eles fazem com essa dinhei-<br />

rada que <strong>de</strong>scontam do salário <strong>de</strong> todo mundo".<br />

EXAMES <strong>DE</strong> LABORATÓRIO:<br />

UM SÉRIO PROBLEMA<br />

Ninguém enten<strong>de</strong> porque tem que andar tanto pa-<br />

ra fazer um exame <strong>de</strong> urina ou outro qualquer. Esse foi o<br />

caso <strong>de</strong> Monoelito dos Santos, <strong>de</strong> 22 anos, que mora no<br />

Jardim Carolina, também em Itaim <strong>Paulista</strong> e foi ser<br />

atendido no Tatuapé, sem saber para on<strong>de</strong> terá que ir fa-<br />

zer os exames que precisa. "A última vez que eu estive<br />

aqui me mandaram para o Hospital Ban<strong>de</strong>irantes, que fi-<br />

ca na Liberda<strong>de</strong>. Aí, gasto uma hora e meia.<strong>de</strong> ônibus<br />

até o -Parque D. Pedro, e <strong>de</strong> lá vou <strong>de</strong> a pé até a Liberda-<br />

<strong>de</strong>, porque não vou gastar mais uma condução. Não dá,<br />

não há condição", Novo ainda, Manoelito não sabe que<br />

ali mesmo, naquele Posto do Tatuapé, que foi o antigo<br />

IAPI (Instituto <strong>de</strong> Aposentadoria e Pensão dos índustriá-<br />

rios), já teve um bom laboratório que fazia todos os exa-<br />

mes solicitados pelos médicos.<br />

O urologista Mário Marrese, há mais <strong>de</strong> 17 anos<br />

trabalhando no Instituto fala sobre aquele tempo: "Tí-<br />

nhamos um bom laboratório e três médicos. Mas com o<br />

negócio dos convênios com os laboratórios <strong>de</strong> fora, o<br />

nosso foi <strong>de</strong>sativado por falta <strong>de</strong> funcionários e mate-<br />

rial... E ninguém enten<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa geografia dos laborató-<br />

rios, como é o caso do doente que mora em S. <strong>Miguel</strong>,<br />

vem ^o Tatuapé e é mandado para um laboratório em<br />

Santo Amaro. Isso acontece em todos os postos do<br />

INAMPS. É <strong>de</strong>sumano para com o paciente."<br />

Pior ainda, muitos <strong>de</strong>sses exames são consi<strong>de</strong>rados<br />

<strong>de</strong>snecessários e a culpa é do próprio INAMPS, cuja polí-<br />

tica favorece essa situação. A coisa funciona mais ou me-<br />

nos assim: em primeiro lugar o médico ganha mal e pre-<br />

cisa trabalhar em vários lugares para sobreviver. Além<br />

disso, nas quatro horas que ele passa no INAMPS tem<br />

que aten<strong>de</strong>r uma quantidadç enorme <strong>de</strong> pacientes, pois<br />

pior seria <strong>de</strong>ixá-los sem atendimento. Com pouco tempo<br />

para examinar cada doente, p médico precisa pedir exa-<br />

mes disso e daquilo para po<strong>de</strong>r se sentir mais seguro do<br />

que vai fazer. "Uma boa e <strong>de</strong>morada consulta evitaria<br />

esse problema e alguns dos exames <strong>de</strong> laboratórios não<br />

seriam necessários", explica o dr. Marrese.<br />

PESSOAL: OUTRO PROBLEMA<br />

"Mas para isso o INAMPS precisaria contratar mais<br />

médicos e dar a eles um salário que permitisse uma <strong>de</strong>di-<br />

cação maior, em vez <strong>de</strong> pagar às empresas particulares"<br />

diz uma médica da Secretaria da Saú<strong>de</strong>.<br />

Nos poucos centros<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Miguel</strong><br />

<strong>Paulista</strong>, on<strong>de</strong> o pessoal<br />

trabalha em condições pre-<br />

cárias, é nó Posto do<br />

INAMPS do Tatuapé, on-<br />

<strong>de</strong> a maioria dos habitan-<br />

tes da Regional <strong>de</strong> <strong>São</strong> Mi-<br />

guel são atendidos, os pa-<br />

cienta sofrem com as inú-<br />

meras <strong>de</strong>ficiências do ser-<br />

viço, que acabam enco-<br />

brindo a <strong>de</strong>dicação <strong>de</strong> mé-<br />

dicos e funcionários. Às<br />

vezes, eles trabalham até<br />

<strong>de</strong>pois do expediente para<br />

que os mais necessitados<br />

não fiquem sem atendi-<br />

mento, e nada recebem<br />

por essas horas extras.<br />

há vários anos para ser chamada pelo INAMPS para ocu-<br />

par uma vaga e que tem direito por concurso. O INAMPS<br />

prefere pagar os serviços - péssimos muitas vezes - dos<br />

tubarões da medicina.<br />

"E aí entra roubalheira grossa", diz um funcio-<br />

nário do INAMPS que pe<strong>de</strong> para seu nome não ser divul-<br />

gado. "Essas empresas visam o lucro e fazem tudo para<br />

gastar menos - mesmo à custa da saú<strong>de</strong> do paciente - e<br />

ganhar mais". É operação que não precisa. Gasta um<br />

pedaço <strong>de</strong> esparadrapo e diz que gastou um rolo. Faz<br />

um exame e cobra dois e vai por aí.... Agora mesmo,<br />

uma <strong>de</strong>ssas casas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, muito conhecida, teve seu<br />

convênio cortado por essas irregularida<strong>de</strong>s. Fica na Zo-<br />

na Oeste. Agora eles vokaram a trabalhar com o<br />

INAMPS, por que? "Correu dinheiro grosso lá, parece<br />

que uns 10 milhões", é o que dizem pelos corredores.<br />

PARA COMPRAR COMIDA<br />

E isso não é tudo. Mesmo os serviços criado para<br />

beneficiar os mais necessitados geram distorções, cor-<br />

rupção e problemas <strong>de</strong> todo tipo. é O caso da distribui-<br />

ção gratuita <strong>de</strong> remédios, principalmente nos centros <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong>. Uma funcionária <strong>de</strong> um <strong>de</strong>les conta: "O que ocor-<br />

re não está em nenhum gibi. Alguns pacientes pegam os<br />

remédios e ven<strong>de</strong>m para farmacêuticos inescrupulosos <strong>de</strong><br />

pequenas farmácias <strong>de</strong> bairro. É que muitos precisam<br />

mais <strong>de</strong> uni prato <strong>de</strong> comida e não vacilam em <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong><br />

tomar o remédio que o médico receita, para trocá-lo por<br />

algum alimento. "Para isso só existe uma solução: dar<br />

condição à população para que ela possa comprar os re-<br />

médios e tudo o mais que necessita", saliente, a assisten-<br />

te social <strong>de</strong> um centro <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da Zona Leste.<br />

Quanto ao INAMPS, a solução só po<strong>de</strong> vir com a<br />

reformulação <strong>de</strong> toda a política <strong>de</strong> ação social do gover-<br />

no. Isso significa: reforçar a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> assistência do pró-<br />

prio Instituto, ao invés <strong>de</strong> pagar as casas<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> parti-<br />

culares; remunerar melhor seus funcionários e médicos<br />

para que o atendimento seja mais. elevado; criar mais<br />

postos, hospitais e laboratórios do próprio INAMPS, que<br />

não visariam o lucro e sim aten<strong>de</strong>r às necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

seus beneficiários.

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