Da universidade à educação básica: alguns fatores intervenientes
Da universidade à educação básica: alguns fatores intervenientes
Da universidade à educação básica: alguns fatores intervenientes
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
quela área de conhecimento/disciplina que tiver correspondência direta com a<br />
sua licenciatura de graduação plena.<br />
Sabia-se, naquela ocasião, que a visão parcial e fragmentada sobre o<br />
ensino de Arte era decorrente da influência de corporações isoladas em torno de<br />
somente uma ou outra ocupação artística autônoma. Sabe-se, atualmente, que<br />
essas corporações clamam por “licenciaturas separadas” para cada unidade<br />
constitutiva do ensino de Arte, dadas as dificuldades dessas ocupações nos mercados<br />
de trabalho de determinadas regiões.<br />
Independentemente destes <strong>fatores</strong>, o fato é que para mudar a realidade<br />
atual do ensino de Arte, na <strong>educação</strong> <strong>básica</strong>, seria preciso que o Congresso Nacional<br />
mudasse, antes, o texto da nova LDB. Só assim seria possível criar quatro<br />
licenciaturas independentes e de correspondência direta com quatro novas áreas<br />
de conhecimento (da <strong>educação</strong> infantil, até a 8.ª série do ensino fundamental) e,<br />
também, com quatro novas disciplinas (nas três séries do ensino médio).<br />
O fato é que a visão corporativa por ocupações, ofícios e preferências<br />
artísticas particulares, deseja “licenciaturas separadas” para formar “professores<br />
separados” para cada “unidade separada” do ensino de Arte. Assim, fragmentando-se<br />
suas unidades constitutivas, o atual ensino de Arte desapareceria<br />
e, no seu lugar, apareceriam quatro novas áreas de conhecimento e mais quatro<br />
novas disciplinas, distintas e autônomas na <strong>educação</strong> <strong>básica</strong>. Dessa forma, a<br />
<strong>educação</strong> <strong>básica</strong> deixaria de ser a instância de formação geral do cidadão para se<br />
transformar em “oficinas separadas” de reprodução de técnicas de linguagens<br />
da arte.<br />
Esta compreensão enviesada sobre o ensino de Arte, na <strong>educação</strong> <strong>básica</strong>,<br />
é um dos <strong>fatores</strong> que dificultam para o encaminhamento de qualquer projeto<br />
pedagógico de formação deste educador. É, também, exemplo de um “pensamento<br />
mágico” que ignora o significado da <strong>educação</strong> <strong>básica</strong> para todo cidadão,<br />
especialmente para o trabalhador brasileiro submetido <strong>à</strong>s determinações da atual<br />
conjuntura internacional capitalista. Este “pensamento mágico”, ao hipertrofiar a<br />
arte pela arte, confunde o ensino de Arte, na <strong>educação</strong> <strong>básica</strong>, com o “fazer<br />
arte”, próprio dos centros culturais e artesanais (urbanos ou rurais). Esquece<br />
que, no primeiro caso, a “produção artística” do aluno representa apenas um<br />
meio facilitador da aprendizagem sobre a arte, enquanto que, no segundo caso,<br />
essa produção é somente um fim em si mesma.<br />
Se “os limites da minha linguagem mostram os limites do meu mundo”<br />
(ALVES, 2003), então, em relação ao educador para o ensino de Arte, não seria<br />
nada coerente reduzir ainda mais a sua formação acadêmica e, conseqüentemente,<br />
o seu campo de atuação profissional (e a sua competitividade) a uma<br />
única unidade desse ensino, através de “licenciaturas separadas”. Mesmo assim,<br />
esse reducionismo já ocorre na formação acadêmica e na capacidade de<br />
trabalho desse educador só por causa das habilitações defasadas que algumas<br />
licenciaturas ainda conservam. 3<br />
92<br />
<strong>Da</strong> <strong>universidade</strong> <strong>à</strong> <strong>educação</strong> <strong>básica</strong>