e-journal of children's literature - Biblioteca Digital - Universidade do ...
e-journal of children's literature - Biblioteca Digital - Universidade do ...
e-journal of children's literature - Biblioteca Digital - Universidade do ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
[E‐F@BULATIONS / E‐F@BULAÇÕES ] 6 / NOV 2010<br />
Eram para aí tias ou primas, pensou o Mané, que ficou sem resposta: a Nini<br />
estava certa mais uma vez. Resolveu não continuar com aquela conversa porque<br />
sabia que ficava a perder.<br />
– Vês como tenho razão, he? – Os olhos escuros da Nini brilhavam por entre o<br />
riso maroto de quem ganhara a partida. Mas afinal o Mané resolveu continuar, só que<br />
mudan<strong>do</strong> de conversa:<br />
– Estou para aqui sempre sozinho e tu nem queres brincar comigo!<br />
A Nini estava a arreliá-lo de propósito, ele sabia, mas depois tu<strong>do</strong> passava e a<br />
verdade que ela sempre repartia com ele as guloseimas que trazia das festinhas de<br />
aniversário das amigas. Mas desta vez, a mana não estava muito disposta a ceder.<br />
Não era muito <strong>do</strong> seu feitio ser boazinha! O grande mistério em tu<strong>do</strong> aquilo é que<br />
mesmo assim chata e má, pensava o Mané, as amigas a<strong>do</strong>ravam-na! E a pr<strong>of</strong>essora<br />
da escola dizia que a Nini era uma menina muito bem-educada, muito amiga das<br />
colegas, sempre pronta a ajudar e nunca faltava com os trabalhos de casa.<br />
– Um exemplo de menina e de aluna! – Repetia a mãe babada quan<strong>do</strong><br />
chegava a casa depois de uma reunião de pais na escola. – Parabéns, minha filha. Dá<br />
o exemplo ao teu irmão, ouviste Manezinho?<br />
O Manezinho dizia que sim com a cabeça e olhava para a Nini que, por detrás<br />
da mãe, lhe arregalava os olhos em ar zombeteiro. Ah, ela havia de ver quan<strong>do</strong> ele<br />
convidasse os seus amigos to<strong>do</strong>s lá para casa! Haviam de lhe pregar cá umas<br />
partidas...a Nini odiava sapos... e aranhas... ah! Que ideia luminosa o Mané acabara<br />
de ter!<br />
A menina exemplar arremessara agora as cordas para um canto e pusera-se a<br />
andar ao pé-coxinho para lá e para cá no corre<strong>do</strong>r. Tinha o rosto afoguea<strong>do</strong> e<br />
transpirava felicidade por to<strong>do</strong>s os poros com aquela actividade toda. Ainda não<br />
parara um instante desde que a alta discussão com o mano ‘menor’ tinha começa<strong>do</strong>:<br />
– Atrás <strong>do</strong>s patos! Até metes o Peninha no triciclo... e na minha bicicleta! Ah,<br />
isso é que não! E chamas a isso brincar?<br />
– Pronto, pronto, nunca mais mexi na tua bicicleta! Mas o Peninha é meu<br />
amigo e gosta muito de andar de triciclo! Não percebes nada, mesmo! Eu e o Peninha<br />
fazemos ralís! Não percebes nada de corridas!<br />
– Corridas? De triciclo? E de bicicleta? Por acaso sabes andar de bicicleta?<br />
Corridas de bicicleta, Mané? Nem sequer chegas aos pedais, quanto mais andar em<br />
duas rodas! Queria ver!<br />
– Mas an<strong>do</strong> de triciclo melhor que tu!<br />
– Olha a grande novidade, meu totó! Quem é que quer saber de andar de<br />
triciclo? Três rodinhas... Ai que riso!<br />
83