19.04.2013 Views

e-journal of children's literature - Biblioteca Digital - Universidade do ...

e-journal of children's literature - Biblioteca Digital - Universidade do ...

e-journal of children's literature - Biblioteca Digital - Universidade do ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

[E‐F@BULATIONS / E‐F@BULAÇÕES ] 6 / NOV 2010<br />

consciência... a bem dizer, não é? Mas não se faz, não se faz... nem ao maior<br />

canalha...<br />

O jornaleiro despediu-se de to<strong>do</strong>s e meteu pelo caminho da herdade em<br />

direcção aos portões de saída. Regressava finalmente a casa, na povoação, com uma<br />

longa história de final feliz para contar aos seus: uma aventura de verdade para salvar<br />

uma infeliz que ia morrer por causa de um tiro, uma cadela de raça pura e tu<strong>do</strong>, em<br />

que ele, Joaquim das Neves, tinha si<strong>do</strong> o herói da fita – quer dizer, um <strong>do</strong>s bons!<br />

Pedro, já com outra cara depois <strong>do</strong> sucesso da cirurgia, despedira-se e<br />

arrancava agora com seu Range-Rover dinossáurico – o “turbo-chasso”, como ele lhe<br />

chamava – deixan<strong>do</strong> para trás uma imensa nuvem de poeira e fumo.<br />

– A cadelinha está a repousar para poder ficar boa depressa! Não comeu ainda<br />

nada, está só a soro e precisa de medicação! – Explicou Jorge, olhan<strong>do</strong> o relógio. –<br />

Vou lá dentro ver e, se me prometerem que se portam bem, deixo-vos vir comigo! Mas<br />

nada de mexer! Está completamente proibi<strong>do</strong> mexer no que quer que seja e muito<br />

menos tocar na cadela! Prometem?<br />

É claro que as crianças nem pestanejaram: PROMETEMOS! – Gritaram ambos<br />

em uníssono, entran<strong>do</strong> com o pai na clínica. A cadelinha estava numa das jaulas <strong>do</strong><br />

internamento, já desperta e bem-disposta, embora sem se poder mexer. Abanou a<br />

cauda levemente em sinal de reconhecimento. Logo mais ela iria deixar o soro<br />

passan<strong>do</strong> a alimentar-se normalmente! As crianças estavam encantadas e já<br />

inventavam toda a sorte de nomes para lhe pôr:<br />

– ‘Boneca’ ... não, ‘Boneca’, não! As bonecas podem ficar com ciúmes... é<br />

melhor não... então, e ‘Lili’? Não, ‘Lili’ é a gata da Joana e depois ela diz que estamos<br />

a copiar!<br />

– Não diz nada!<br />

– Ai isso é que diz! Não sabes como ela é?<br />

– É mesmo... E se fosse ‘Kitty’?<br />

– Ó esperto, isso é nome de gato!<br />

– Podia ser “Milú”... – O pai tentava agora a sua sorte como padrinho da<br />

cadela...<br />

– “Milú”? Ó pai, o cão <strong>do</strong> Tintim? Vê-se mesmo que não tens imaginação<br />

nenhuma! Talvez... talvez, “Pucca”!”‘Pucca” é giro!<br />

Aquilo só podia vir da Nini: só via Puccas na frente. Era canetas da Pucca,<br />

cadernos da Pucca, malas da Pucca, o estojo da Pucca... tu<strong>do</strong> Pucca, com aqueles<br />

olhos em linha <strong>do</strong>s desenhos anima<strong>do</strong>s japoneses! Mas, não, decididamente ‘Pucca’<br />

não servia.<br />

– E “Didi”?<br />

92

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!