Dezembro - Adventist World
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Sentei-me próximo a uma jovem<br />
que usava um sari vermelho profundo.<br />
A pinta carmesim entre as sobrancelhas<br />
(símbolo tradicional de discernimento)<br />
tinha sido borrada por uma criança que<br />
se remexia em seus braços.<br />
− Esta é a melhor coisa que já me<br />
aconteceu – disse com largo e brilhante<br />
sorriso. − Estou começando a ler os jornais<br />
e os livros. Posso ajudar meus fi lhos<br />
a fazer a lição de casa. Meu esposo se<br />
orgulha de mim.<br />
Na formatura do programa de alfabetização,<br />
recebeu o primeiro livro que<br />
ela considera seu realmente: uma cópia<br />
da Bíblia em tâmil.<br />
Esperança<br />
O anjo humano por de trás desse<br />
ministério é Hepzibah Kore, diretora<br />
dos Ministérios da Mulher na Divisão<br />
Sul Asiática, que tem dedicado a vida<br />
à missão de ensinar as mulheres da<br />
Índia a ler. Das aldeias agrícolas mais<br />
humildes, às prostitutas nos cortiços de<br />
Kolkata (antes conhecida por Calcutá),<br />
Kore acredita que, quando as mulheres<br />
aprendem a ler, sua vida é transformada.<br />
Ela viaja milhares de quilômetros, todo<br />
ano, para visitar mais de 200 classes de<br />
alfabetização em cinco lugares: Tamil<br />
Nadu, Andhra Pradesh, Orissa, Bengala<br />
Ocidental e Garo Hills. Em cada um<br />
desses lugares, Kore primeiro treina as<br />
professoras, providencia material didático<br />
e ajuda na formação das classes.<br />
− As pessoas não podem examinar<br />
a Bíblia, enquanto não sabem ler − diz<br />
Kory. – As aulas dão a elas confi ança e<br />
começam a buscar novo sentido para<br />
a vida.<br />
Essa é a razão pela qual as aulas<br />
de alfabetização não são o fi m da história:<br />
as formandas são convidadas a praticar<br />
a leitura fazendo um curso bíblico<br />
que é oferecido em seguida.<br />
Alfabetização para mulheres indianas<br />
é uma das novas faces do programa<br />
que conhecíamos como Recolta. Hoje, o<br />
programa é chamado de Esperança Para<br />
a Humanidade (não é muito conhecido<br />
pelo novo nome, mesmo para muitos<br />
adventistas).<br />
A base da antiga Recolta era o pedido<br />
de donativo de porta em porta.<br />
Hoje, porém, bater de porta em porta<br />
tem se tornado importuno e inseguro,<br />
especialmente nos subúrbios e nas<br />
grandes cidades. Desde os anos 80,<br />
as contribuições de porta em porta<br />
sofreram dramática queda. E isso não<br />
é coincidência, insiste o diretor do Esperança<br />
Para a Humanidade, Maitland<br />
DiPinto, pois até o reconhecimento do<br />
nome adventista também sofreu grande<br />
declínio. É por isso que o Esperança<br />
Para a Humanidade está tentando abrir<br />
novas portas.<br />
− Estamos criando novas maneiras<br />
de envolver nossas comunidades no<br />
trabalho humanitário que realizamos<br />
– diz DiPinto. – Não queremos apenas<br />
receber contribuições, queremos formar<br />
parcerias.<br />
Em toda a América do Norte, igrejas<br />
e escolas e, em alguns casos, associações<br />
inteiras, inscreveram-se para tornar-se<br />
parceiras em vários projetos do Esperança<br />
Para a Humanidade. Na República<br />
da África do Sul e no Reino de Losoto<br />
– onde estão metade dos casos de AIDS<br />
existentes no mundo – várias iniciativas<br />
importantes estão cuidando do problema<br />
do HIV e AIDS. Tanto na Índia<br />
como na América Central, o projeto<br />
Esperança Para a Humanidade está ajudando<br />
professores adventistas do sétimo<br />
dia a ensinar mulheres a ler.<br />
Vidas Transformadas<br />
Quando saímos de nosso ônibus,<br />
com ar condicionado, na vila de Reddipalem,<br />
em Andhra Pradesh, Índia, senti<br />
que tínhamos voltado no tempo. O povo<br />
ali vive em tradicionais cabanas cobertas<br />
por palmeiras. Próximo à minúscula<br />
igreja de concreto, um homem, cansado<br />
de tanto trabalhar, relaxa em seu búfalo<br />
ainda gotejante. Essa pequenina vila rural<br />
está localizada a poucos quilômetros<br />
do Oceano Índico. “A água do tsunami,<br />
em 2004, quase alcançou nossa vila”,<br />
disse o administrador da localidade.<br />
Dentro da igreja, mais uma vez fi -<br />
quei maravilhado com a habilidade dos<br />
indianos de fi carem confortáveis no<br />
chão duro e em ambientes fechados. Na<br />
minha frente, uma jovem, vestida num<br />
sari alaranjado, escreveu letras em ‘telugu’<br />
em sua pequena lousa. Ela alinhou<br />
as palavras com um dedo, sugerindo<br />
que eu repetisse após ela. Eu não tinha a<br />
menor idéia do que estava falando, embora<br />
as gargalhadas mostrassem que eu<br />
a estava divertindo.<br />
Em meu grupo, uma era mais idosa<br />
– pouco cabelos e dentes, e corpo franzino.<br />
Com a testa franzida, suas mãos tremiam<br />
enquanto tentava formar algumas<br />
letras em sua lousa.<br />
− Por que você não aprendeu a ler<br />
quando era jovem? – perguntei-lhe, valendo-me<br />
de um tradutor.<br />
− Minha família era pobre – ela<br />
disse. – Casei-me aos 13 anos de idade.<br />
Ninguém achava que uma menina precisava<br />
estudar.<br />
− Como essas aulas estão ajudando<br />
você? – continuei. Seus olhos brilharam.<br />
− Elas mudaram a minha vida – disse.<br />
Certamente, aprender a ler faz isso,<br />
pensei. Mas sua difi culdade com o giz<br />
me fez pensar.<br />
− O que você aprendeu? – perguntei.<br />
− A ler a placa na frente do ônibus!<br />
– disse ela, sentindo-se realizada. – Posso<br />
ir onde quiser sozinha, sem me perder!<br />
Muito idosa para aprender a ler<br />
fl uentemente, ela aprendeu o sufi ciente<br />
para ler o destino do transporte público,<br />
a assinar seu nome e a contar o dinheiro,<br />
para não ser enganada com o troco, no<br />
mercado. Essas pequenas conquistas<br />
transformaram sua vida. Embora tarde, a<br />
vitamina da auto-estima, havia chegado.<br />
− Meu marido e meus fi lhos me<br />
respeitam agora – disse ela. – Sou mais<br />
valorizada como mãe e esposa.<br />
Percebi algo parecido a uma Bíblia,<br />
embaixo de sua lousa.<br />
− Você lê esse livro? – perguntei.<br />
– É difícil – respondeu – mas quero<br />
aprender.<br />
Com a ajuda de Deus e a nossa ajuda,<br />
creio que aprenderá.<br />
Para mais informações sobre o Esperança<br />
Para Humanidade e seus programas, visite<br />
www.hope4.com.<br />
<strong>Dezembro</strong> 2007 | <strong>Adventist</strong> <strong>World</strong> 19