gustavo barroso história secreta do brasil - temposdofim.com
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a<strong>do</strong>s... No recinto, grande parte da mocidade da Faculdade de<br />
Direito daquela época. Minha surpresa foi enorme, porque, amigos<br />
íntimos, que pareciam não ter segre<strong>do</strong> para mim, lá estavam, firmes,<br />
respeitosos, <strong>com</strong>o se estivessem na mais austera das cerimônias<br />
religiosas! Dentre eles ainda distingo, hoje, a figura sempre correta de<br />
um ex-presidente da República; a simpatia de um ex-ministro da<br />
Fazenda; o vigor de um <strong>do</strong>s atuais ministros <strong>do</strong> Tribunal de Contas,<br />
enfim, uma série de personalidades, em grande parte ainda vidas, e<br />
que, no momento ocupam cargos de responsabilidade na administração<br />
pública!<br />
Nas paredes, prega<strong>do</strong>s sobre fun<strong>do</strong>s negros, vários esqueletos,<br />
<strong>com</strong> dísticos mais ou menos nestes termos: "Aqui jaz o infame..."<br />
Explicaram-me que se tratava de colegas que admiti<strong>do</strong>s na "Bucha",<br />
revelaram os seus segre<strong>do</strong>s, e foram considera<strong>do</strong>s "trai<strong>do</strong>res"... Alguém<br />
chegou a cochichar-me que tinham si<strong>do</strong> "assassina<strong>do</strong>s"... Apavorei-me,<br />
porque conhecia um <strong>do</strong>s nomes da<strong>do</strong>s <strong>com</strong>o "infame".<br />
Convida<strong>do</strong> a <strong>com</strong>parecer à mesa, prestei o meu juramento de<br />
fidelidade à instituição e de "manter absoluto segre<strong>do</strong> de tu<strong>do</strong> o que<br />
dali em diante ia ver e observar"... Soube, efetivamente, logo após,<br />
que a "Bucha" socorria e auxiliava estudantes pobres, custean<strong>do</strong><br />
mesmo o curso de alguns, embora nunca se soubesse <strong>do</strong>s nomes <strong>do</strong>s<br />
beneficia<strong>do</strong>s e a proveniência <strong>do</strong> dinheiro... Verifiquei, mesmo, certa<br />
vez, que dentre os beneficia<strong>do</strong>s se achava um estudante que galgou<br />
a presidência da República...<br />
Concluí<strong>do</strong> o meu curso e de volta ao meu Esta<strong>do</strong>, entrei na vida<br />
prática e na luta pela vida, chegan<strong>do</strong> a praticar, momentaneamente, a<br />
política, e não mais me lembran<strong>do</strong> da "Bucha" e de seus mistérios e<br />
singularidades. Mesmo distante, não deixava, entretanto, de a<strong>com</strong>panhar<br />
a evolução da vida pública de alguns colegas e contemporâneos<br />
que permaneceram na minha estima. Ilustres uns, e medíocres outros,<br />
porém, quase to<strong>do</strong>s, associa<strong>do</strong>s da "Bucha"...<br />
Ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> um aluno de certo destaque, e, segun<strong>do</strong> alguns<br />
observa<strong>do</strong>res, concluí<strong>do</strong> o meu curso "<strong>com</strong> brilhantismo", surpreendia-me,<br />
todavia, o fato de ver, <strong>com</strong> freqüência, alguns colegas, de<br />
evidente mediocridade, se iniciarem na vida, — desde os bancos<br />
acadêmicos — <strong>com</strong> escandaloso sucesso! Começava pelas escolhas<br />
para as diretorias <strong>do</strong> Clube XI de Agosto, que, <strong>com</strong>o v. s. diz muito<br />
bem, era uma fachada da "Bucha". Um exame aprofunda<strong>do</strong> e sem<br />
paixões, deixava-me sempre a convicção de que a escolha, proclamada<br />
<strong>com</strong>o acertada e brilhante, era sempre injusta, e, no fun<strong>do</strong>, in<strong>com</strong>preensível!<br />
O que observei nos bancos acadêmicos, passei a obser-<br />
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