gustavo barroso história secreta do brasil - temposdofim.com
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Pois bem, muitos <strong>do</strong>s estadistas <strong>brasil</strong>eiros eram maçons até<br />
certo limite e entendiam imprescindível a centralização e o reforço <strong>do</strong><br />
poder para salvar o país <strong>do</strong> esfacelamento. Para isso, só havia um<br />
meio prático: destruir a obra <strong>do</strong> 7 de abril, levantan<strong>do</strong> outro Impera<strong>do</strong>r<br />
no trono reposto em seu devi<strong>do</strong> lugar. O menino imperial, que estudava<br />
<strong>com</strong> severos professores no paço de São Cristovam, que assistia<br />
tristemente pensativo às sizudas reuniões de ministros e conselheiros<br />
de Esta<strong>do</strong>, que não brincava, não corria, não ria alto, devia logo ser<br />
feito homem para o ingrato, o perjuro D. Pedro I, o espantalho de<br />
1835, fosse substituí<strong>do</strong> e dignifica<strong>do</strong> por D. Pedro II.<br />
Nove anos horríveis haviam decorri<strong>do</strong> desde aquela madrugada<br />
de abril em que o primeiro Impera<strong>do</strong>r, depois de esperar em vão se<br />
encontrasse o fugidio sena<strong>do</strong>r Vergueiro, Venerável da Bucha e da<br />
Acácia, resolvera num gesto de enjôo abdicar. E, nesse perío<strong>do</strong><br />
entrecorta<strong>do</strong> de crimes, desordens, sublevações e repúblicas separatistas,<br />
o Moloc da política judaico-maçônica-liberal devorara quatro<br />
Regências: a Provisória, a Trina Permanente e as duas Unas, <strong>com</strong><br />
to<strong>do</strong>s os gabinetes ministeriais que as haviam servi<strong>do</strong>. Era necessário<br />
agora alguém fora e acima <strong>do</strong>s parti<strong>do</strong>s, fora e acima <strong>do</strong>s conluios<br />
para ser o árbitro supremo das lutas e <strong>com</strong>petições, o guia da Nação<br />
enferma no caminho da paz. Ali estava esse único guia, o principezinho-refém<br />
<strong>do</strong> 7 de abril à espera <strong>do</strong> trono de seu pai. Mas o preceito<br />
constitucional lho vedava antes <strong>do</strong>s dezoito anos e contava somente<br />
pouco mais de quinze...<br />
O bom senso acordara diante <strong>do</strong> acervo horren<strong>do</strong> de calamidades.<br />
A questão da maioridade de D. Pedro II preocupava a toda gente.<br />
Desde muito. Em 1835, aparecia num projeto de Luiz Cavalcanti. Em<br />
1837, noutro de Vieira Souto. Em 1839, consulta<strong>do</strong>, Acaiaba de Montezuma<br />
opinava em seu favor (1). Em abril de 1840. José Martiniano<br />
de Alencar propôs, de acor<strong>do</strong> <strong>com</strong> o estilo maçônico daquela época<br />
de clubes e sociedades, a formação de uma sociedade destinada a<br />
promover o casamento imediato de D. Pedro II. Era uma fórmula de<br />
torná-lo maior sem reformar a constituição, o que criaria dificuldades.<br />
Inúmeros liberais aderiram a esse clube. Formava-se a chamada<br />
corrente maiorista, que aumentou consideravelmente de julho a<br />
novembro (2). No seio da Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s, se erguem, senão,<br />
as vozes sonoras, empoladas, tremidas <strong>do</strong>s ora<strong>do</strong>res que mostram,<br />
de Norte a Sul, o Brasil retalha<strong>do</strong>, arquejante, sangrento, moribun<strong>do</strong>.<br />
Barreto Pedroso, que ultimara a Sabinada, declara querer um "governo<br />
arma<strong>do</strong> de mais força", uma "ditadura legal para evitar a ditadura<br />
despótica, a ditadura militar". O próprio Antônio Carlos, corifeu <strong>do</strong>s<br />
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