gustavo barroso história secreta do brasil - temposdofim.com
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o dr. Antonio Atico Leite publicou a respeito pequeno livro em Juiz de<br />
Fora. Como prefácio, traz uma carta daquele conselheiro a monsenhor<br />
Pinto de Campos, biógrafo <strong>do</strong> duque de Caxias, em que explica<br />
alguma coisa: "No acontecimento da Pedra Bonita não operou somente<br />
o fanatismo religioso; ali transparece também o pensamento socialista."<br />
Estas palavras, partin<strong>do</strong> de um homem eminente e que estu<strong>do</strong>u<br />
o assunto <strong>com</strong>o o conselheiro Tristão de Alencar Araripe, profun<strong>do</strong><br />
conhece<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s problemas <strong>do</strong> Nordeste, dão o que pensar. Ele acrescenta:<br />
"No horrível drama da Pedra Bonita, revela-se claramente o<br />
proletarismo, que se ergue contra o trabalho e a riqueza, bases das<br />
sociedades civilizadas, e fundamento da grandeza <strong>do</strong>s povos." E<br />
conclui: "Idéias errôneas apoderam-se de classes, a quem a in<strong>do</strong>lência<br />
ou o vício <strong>do</strong>minam; e daí o pensamento que leva o homem a<br />
desconhecer que a propriedade se estende e se centuplica <strong>com</strong> o<br />
trabalho; e a acreditar que, <strong>com</strong> a destruição <strong>do</strong>s proprietários, diminuirá<br />
o número <strong>do</strong>s monopoliza<strong>do</strong>res da fortuna, <strong>com</strong> cujo quinhão o<br />
proletário então já conta, preliban<strong>do</strong> as <strong>do</strong>çuras da riqueza e ensaian<strong>do</strong><br />
as forças <strong>do</strong> poder, que ela dá (7)."<br />
Tais idéias foram assopradas em todas as rebeldias campônias<br />
<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>: jaqueria, albigenses, bogomilios, transilvanos, balaios, cabanos,<br />
vilões de Maria da Fonte, etc. E sempre no meio delas surgiu<br />
um Hoja ou um João Antonio, vin<strong>do</strong>s da sombra, <strong>do</strong> mistério.<br />
O auditório às práticas <strong>do</strong> mameluco aumentava to<strong>do</strong>s os dias.<br />
Seu próprio pai, Gonçalo José <strong>do</strong>s Santos, seu irmão, Pedro Antônio,<br />
seus tios e parentes, José Joaquim, Manuel Vieira, José Vieira, Carlos<br />
Vieira, José Maria Juca e João Pilé, serviam-lhe de acólitos e apóstolos,<br />
espalhan<strong>do</strong> o novo cre<strong>do</strong>. Vinha para ali gente <strong>do</strong> Piancó, <strong>do</strong>s<br />
Inhamuns, <strong>do</strong> Cariri, <strong>do</strong> Riacho <strong>do</strong> Navio e das duas margens <strong>do</strong> São<br />
Francisco.<br />
As pessoas de certa ordem, alarmadas <strong>com</strong> aquelas reuniões e<br />
<strong>com</strong> as teorias nelas pregadas, reclamaram nova missão <strong>do</strong> padre<br />
Correa de Albuquerque. O ancião veio e aboletou-se na fazenda<br />
Cachoeira, nas cercanias da Pedra Bonita. Man<strong>do</strong>u chamar João<br />
Antônio <strong>do</strong>s Santos à sua presença. Este <strong>com</strong>pareceu e, depois de<br />
ouvir o padre, confessou publicamente os embustes de que lançava<br />
mão, entregou-lhe as pedrinhas brilhantes e prometeu aban<strong>do</strong>nar<br />
aquele rincão, o que fez, seguin<strong>do</strong> para o rio <strong>do</strong> Peixe e, depois, para<br />
os Inhamuns (8). Anos mais tarde, seria preso já no interior de Minas<br />
Gerais (9).<br />
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