gustavo barroso história secreta do brasil - temposdofim.com
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<strong>do</strong> de rochas <strong>com</strong> um terraço em cima. Do outro la<strong>do</strong>, uma laje baixa,<br />
lembran<strong>do</strong> um altar. Mais distante, vasta caverna de capacidade para<br />
duzentas pessoas. Em volta, catolezeiros gementes e cardeiros de<br />
toda a espécie (4)."<br />
No <strong>com</strong>eço <strong>do</strong> ano de 1836, apareceu nessa região um mameluco<br />
velhaco e manhoso e que se não sabia de onde vinha nem que<br />
manda<strong>do</strong> trazia, João Antônio <strong>do</strong>s Santos. Constava ter vin<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
Catolé <strong>do</strong> Rocha, na Paraíba. Mostrava <strong>secreta</strong>mente aos incautos e<br />
incultos habitantes daquelas brenhas umas pedrinhas claras e luminosas,<br />
que afirmava serem brilhantes de uma mina oculta que descobrira.<br />
Lia também trechos em verso de velho folheto sebastianista, no<br />
qual se contava que o soberano desapareci<strong>do</strong> nos torvelinhos de<br />
Alcácer Quebir ressuscitaria, quan<strong>do</strong> se lavassem <strong>com</strong> sangue humano<br />
aquelas pedras erguidas no campo e:<br />
"Quan<strong>do</strong> João se casasse <strong>com</strong> Maria<br />
aquele reino se desencantaria..."<br />
Tu<strong>do</strong> isso era leva<strong>do</strong> por diante <strong>com</strong> a maior sagacidade e<br />
dissimulação (5).<br />
Para realizar o que profetizava e que seria, <strong>com</strong> o desencanto <strong>do</strong><br />
Reino Sebastianista, a transformação da furna e <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is obeliscos<br />
em suntuosa catedral, onde se encontraria um tesouro que enriqueceria<br />
a to<strong>do</strong>s quantos houvessem contribuí<strong>do</strong> para a obra, casou <strong>com</strong><br />
uma rapariga chamada Maria e <strong>com</strong>eçou a obter <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res da<br />
re<strong>do</strong>ndeza dinheiro e ga<strong>do</strong>, os quais lhes seriam devolvi<strong>do</strong>s no <strong>do</strong>bro<br />
e no triplo por El Rei D. Sebastião...<br />
"Lentamente se foi espalhan<strong>do</strong> a <strong>história</strong> urdida pelo esperto<br />
mestiço. Primeiramente, acreditaram nela seu pai, irmãos, tios e primos;<br />
depois, os cria<strong>do</strong>res e mora<strong>do</strong>res <strong>do</strong> termo; por fim, as gentes<br />
das ribeiras mais distantes. Uns aceitavam a coisa por mera ignorância<br />
ou simplicidade, outros por avidez, seduzi<strong>do</strong>s pela promessa da<br />
mina de diamantes, e alguns porque viam no movimento ensanchas<br />
de satisfazer instintos, vinganças, apetites e ambições (6)."<br />
Afluía gente para aquele local misterioso. A pedra chata <strong>com</strong>eçou<br />
a servir de altar. O terraço passou a ser o púlpito ou tribuna de onde<br />
arengava o sagaz mameluco. A caverna grande se chamou Casa<br />
Santa e era abrigo <strong>do</strong>s fanáticos. A pequena, o santuário.<br />
Quem primeiro se ocupou desse caso assombroso, até hoje mal<br />
estuda<strong>do</strong> no seu fun<strong>do</strong> de mistério, foi o conselheiro Tristão de Alencar<br />
Araripe, em mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século passa<strong>do</strong>. Já ao findar o centenário,<br />
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