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Entrevista Eugénio de Castro, Presidente da Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães Os investimentos da Administração Central aparecem nos concelhos de maioria socialista Na sua opinião, quais sãos os principais problemas com que o Concelho de Carrazeda de Ansiães se debate? O nosso grande problema é o das acessibilidades. O IP4 e o IP2 passam-nos distantes e para os atingir temos hoje que percorrer dezenas de kms por estradas cujo traçado está ultrapassado, e para agravar a situação, em estado de degradação completa. A alternativa é socorrer-nos das estradas municipais que, se não têm as características desejáveis, oferecem, pelo menos, um piso aceitável. Daí que tanto nos tenhamos empenhado na definição do corredor do IC5, no troço que liga o IP4 ao IP2, procurando convictamente sensibilizar o IEP das vantagens de que o seu traçado se inicie no nó do Pópulo. Parece que com algum sucesso… Não fosse assim e estaríamos definitivamente condenados à desertificação e ao subdesenvolvimento. Do que nos serviria, produzir o mais famoso dos vinhos, azeite excelente e maçã da melhor, sem podermos chegar aos centros de consumo? Mas urge também que se execute rapidamente o troço da E.N 212 entre o Tua e S. João da Pesqueira que constitui a nossa porta de saída para o sul. Como observador atento, como classifica estes seis anos de Governação socialista? Disse governação? Governar significa “ Exercer administração, autoridade…” Será que isso acontece? Ainda não me apercebi disso. Será que tenho andado tão distraído assim? Na sua opinião, o Governo socialista tem discriminado as Câmaras PSD em benefício das Câmaras PS? Já sentiu essa discriminação? Os investimentos da Administração Central e dos seus serviços desconcentrados ainda que poucos, aparecem nos concelhos de maioria socialista, dos Contratos Programa ( ainda não consegi um sequer) beneficiam frequentemente os municípios da mesma maioria, com os programas de luta contra a pobreza, o PROCOM, as TNS, etc, acontece o mesmo. A isto chama-se o quê? Coincidências?… Eugénio Rodrigo Cardoso de Castro, 60 anos, casado, 3 filhos, natural de Carrazeda de Ansiães é, desde 1997, Presidente da Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães. Actividade Profissional De 01/05/62/ a 04/07/69 Escriturário dactilógrafo e aspirante da Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães. De 05/07/69 a 31/12/89 Chefe de Secretaria nas Câmaras Municipais de Terras de Bourro; S. João da Pesqueira, Carrazeda de Ansiães, Nazaré e Machico De 03/01/90 a 31/12/97 Vereador a tempo inteiro da Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães. Actividade Política Fundador do PSD da Nazaré Presidente da Comissão Política de Machico Vogal da Comissão Política da Região Autónoma da Madeira Vice Presidente da Mesa do Conselho Regional da RAM Vogal da Comissão Política Distrital de Bragança Presidente da Comissão Política da Secção de Carrazeda de Ansiães. Quais sos desafios do PSD em Carrazeda de Ansiães? Os desafios do PSD em Carrazeda de Ansiães, em termos partidários, é o de crescer em militantes por forma a garantir, no futuro, a maioria. Mas o grande e verdadeiro desafio é o desenvolvimento económico e social do concelho, de forma a não desiludir os militantes e simpatizantes. Soube fazê-lo até hoje. Fá-lo-á certamente no futuro. Por que razão aceitou ser candidato pelo PSD? Toda a minha actividade profissional se desenvolveu ao serviço do Poder Local. Nesta casa de que hoje sou responsável máximo, me iniciei à cerca de 40 anos, como escriturário dactilógrafo. Vencidos todos os degraus da carreira administrativa, os desafios, aí, haviam-se esgotados. 2 Sou e estou numa terra riquíssima de história e de recursos naturais, mas onde esacasseiam os recursos humanos. Tinha alguma experiência acumulada e senti a obrigação de a colocar à disposição das gentes de Carrazeda. Entenderam os eleitores que poderia ser útil e, por isso aqui estou com todo o Prazer e todo o empenho. Será candidato às autàrquicas de 2001? Porquê? Feito o balanço do passado e visionando o futuro, penso que valeu a pena a aposta feita, que se fez um trabalho válido, mas que vêm aí novos desafios que é preciso enfrentar com competência, determinação e honradez. Sem quaisquer ambições pessoais fui tentado a ceder ao comodismo egoísta. Mas não tenho o direito de recusar o meu contributo a esta terra que tudo me deu! Por isso me recandidato. Por uma carrazeda com mais alma e coração.
Não sou muito atreito à fixação de frases, mas não posso deixar de reconhecer e referir que a frase que titula este texto, proferida por Cavaco Silva num discurso de Comício em 1995, me impressionou pela convicção com que foi proferida e me ficou gravada no subconsciente, até há algum tempo, quando começa a ficar a nu a verdadeira incapacidade do PS e do seu Governo para equacionar as grandes questões estruturais contemporâneas, que condicionam e podem determinar o nosso futuro para algumas gerações. De facto, depois de no primeiro Governo e sob a tutela e o rigor que Sousa Franco ainda foi capaz de aplicar ao Governo do PS e deste ter terminado a execução dos grandes projectos herdados dos Governos do PSD e ainda de ter concluído o programa de adesão à Moeda única, o PS e os seus Governos estão a esvair-se e a entrar num estado de imobilismo “mortis” que se torna confrangedor e, mais do que isso, verdadeiramente perigoso para o futuro da Sociedade Portuguesa. Poderíamos avaliar tal situação desde vários pontos de vista e nas diversas áreas da Governação, o que aliás o PSD vem fazendo na A. R., mas por mim e pelo facto de estar inserido no tecido empresarial e na economia exportadora (?), quero sublinhar o estado em que estamos e o que nos pode esperar face ao imobilismo e, mais complicado ainda, a ineficácia das políticas de dinamização da economia, nomeadamente da que pode contribuir para a recuperação do nosso cada vez mais acentuado deficit comercial externo. Se queremos avaliar o estado de espírito do Primeiro Ministro, basta referir, por exemplo, o seu discurso desta semana quando foi prometer para Pisões, no Alentejo, mais uma “grandiosa” obra, para o futuro, desta vez uma barragem e nesse contexto “empresarial” (?), proferir uma “orientação estratégica” no sentido de que o Comércio Externo Português deve recuperar do grave deficit de oito para zero, que tem com o Comércio Espanhol em Portugal. Ou seja, o Primeiro Ministro chegou, provavelmente depois de 3 Opinião ”ELES NÃO SABEM GOVERNAR!” Vieira da Cunha profundos estudos realizados por um conjunto de assessores especializados (?), à conclusão de que os Empresários Espanhóis vendem oito vezes mais em Portugal que os Empresários Portugueses vendem em Espanha. Tão douta conclusão e tão estratégico pensamento tem-no o cidadão comum todos os dias, entrando num Hipermercado ou mais simplesmente sentando-se na beira da estrada, por exemplo na A1, e tentar contar quantos camiões de matrícula espanhola entram carregados em Portugal e quantos portugueses saem com carga para o mercado espanhol. Nós, os que trabalhamos em contacto com a realidade empresarial, há muito que não temos dúvidas e estamos verdadeiramente mais preocupados que o Primeiro Ministro, porque sabemos mais do que ele desta situação e compreendemos e estamos a ver as consequências colaterais que deste estado de coisas resultam, e ficamos verdadeiramente “gelados” quando constatamos que o Primeiro Ministro ainda não viu nada, que soube pelo seu filho, que vê Portugal desde os EEUU, que “os Portugueses são pouco profissionais” e que ainda não entendeu o que diz o seu Ministro das Finanças quando afirma que “este modelo económico de desenvolvimento de Portugal está esgotado” e a seguir não acontece nada. Aliás, a constatação crítica da grave situação do País em várias áreas de Governação está a determinar que o Governo agora, em vez de tentar resolver estas grandes questões, se empenhe, isso sim com determinação, na divulgação e denúncia dos problemas e questões estruturais que não consegue resolver, como se fosse a outros que correspondesse a sua resolução e reorganização. Este comportamento não é inédito nos Governos PS, basta recordar o Ministro da Agricultura – Gomes da Silva, quando veio à rua colocar-se à frente de uma manifestação contra certas políticas do seu Ministério e do Governo que integrava. Só que agora este modelo de fazer política tem vários e importantes seguidores, pois há o grupo dos ex- Ministros que assumem uma crítica frontal ao Governo em que estiveram e ao actual, há os Ministros no activo que, como a da Saúde afirma, alto e bem, “que é vergonhosa a prestação pública dos Serviços de Saúde do seu Ministério”, etc. No princípio de Abril, realizouse em Lisboa uma importante Feira Ibérica de Alimentos e Bebidas – Alimentária 2001, e aí apareceu o Sr. Primeiro Ministro rodeado daquele séquito servil que sempre segue os líderes de cada momento e, de cabeça levantada e olhar em frente, percorreu dois dos quatro pavilhões cheios de Empresas / Produtos que aí estavam e tão empertigado ia no seu andar, que nem se deu conta que cerca de 75% das Empresas aí representadas eram de Espanha e de que os importantes e menos importantes Empresários Portugueses do Sector nem se fizeram representar, ou porque as Empresas estão “apertadas” e não têm dinheiro para pagar os preços dos Stands da FIL, ou porque estão verdadeiramente a ficar marginalizados no contexto da nossa economia. O Sr. Primeiro Ministro, com a sua presença e a sua santa ignorância das circunstâncias reais que vive a nossa economia PME, foi à FIL consagrar, sem saber, aquilo que esta semana diz querer combater, ou seja, o domínio não dos produtos mas antes do Marketing de Espanha sobre Portugal. Isto depois de no ano passado ter autorizado o Sr. Carneiro Jacinto (lembram-se dele) da Administração do ICEP a gastar numa “exposição” cultural de Portugal em Madrid um milhão de contos, cerca de cinco milhões de Dólares Americanos, para que se entenda melhor. No entanto, e porque o gasto público do Estado vai em crescendo, os Departamentos Governamentais com responsabilidades na promoção do nosso Comércio Externo estão asfixiados sem dinheiro, não passará muito tempo que sob a capa de “uma reorganização das nossas representações externas” se comecem a fechar delegações do ICEP no Mundo, em vez de lhe oferecer recursos e meios organizacionais e operacionais para introduzir uma maior dinâmica na actividade exportadora, principalmente das nossas PME, muitas delas com excelente capacidade produtiva, mas sem meios e quadros técnicos formados para as levarem com êxito aos Mercados Internacionais. É aqui que bate o ponto e é isto que o Sr. Primeiro Ministro não sabe. É que se os Espanhóis vendem mais aqui e no Mundo que os Portugueses vendem em Espanha e no Mundo, é porque investem mais na educação e formação do seu pessoal, fazem formação para o Comércio Internacional, motivam os Empresários para a modernização empresarial e fazem marketing com o profissionalismo que o filho do Primeiro Ministro lhe diz que os Portugueses não têm, o que em certo sentido é verdade, pelo que deveria levá-lo a pensar qual a responsabilidade do seu Governo neste estado de coisas. O nosso Primeiro Ministro demonstra permanentemente no seu discurso, principalmente na área económica, a superficialidade dos seus raciocínios, seja quando se entusiasma pela Internet até aos limites, ia a dizer do ridículo, do irrealismo como se Portugal fosse um País com elevados níveis de formação e consequente capacidade de assimilação, ao nível empresarial, PME’s, de novas tecnologias, quer quando pensa que, por decreto ou por sua inspiração, quer que os Portugueses invadam Espanha com os n/ produtos. Infelizmente uma estratégia de internacionalização, mesmo para chegar a um País que está aqui ao lado, exige muita preparação prévia, capacidade de intervenção e mobilização transversal, preparação de quadros profissionais, reformulação de estratégias empresariais, incentivos com discriminação positiva para aqueles que queiram de facto mudar o rumo das suas Empresas e disso, o nosso Primeiro Ministro não sabe nada nem tem no seu Governo quem se interesse por tal assunto. Foi exemplo dessa incapacidade para compreender a verdadeira realidade da nossa economia empresarial, recheada de PME cheias (continua na página 6)
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