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legionários do rock andré luis campanha demarchi - UFRJ

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média). Este fato, sem dúvida, lança luz sobre a importância desta temática para as experiências<br />

subjetivas <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s.<br />

No entanto, é justo mencionar que no início da pesquisa de campo algumas dificuldades<br />

surgiram (muitas delas, com certeza, inerentes ao ofício de antropólogo). A primeira e talvez<br />

mais angustiante delas foi bem lembrada por Alba Zaluar, em seu trabalho sobre pobreza numa<br />

“favela” <strong>do</strong> Rio de Janeiro:<br />

Poucas vezes, no entanto, fui dispensada por candidatos à entrevista que se negaram a dar<br />

informações. Para qualquer pesquisa<strong>do</strong>r, esta é uma experiência desagradável, ás vezes<br />

desanima<strong>do</strong>ra, pois que nos leva a refletir sobre o efeito da pesquisa na população (Zaluar, 1985:<br />

14).<br />

No caso particular da pesquisa que realizei, não houve negativas expressas quanto a dar<br />

informações, mas algo ainda pior e desanima<strong>do</strong>r: na primeira tentativa de estabelecer um contato<br />

para entrevista, o informante (em potencial), embora tivesse afirma<strong>do</strong> enfaticamente sua<br />

disposição em participar da pesquisa, na data e hora marcada, não compareceu. Com paciência –<br />

esta qualidade cara aos antropólogos – insisti. O resulta<strong>do</strong>: três sucessivos fracassos.<br />

A sensação de tempo perdi<strong>do</strong>, compartilhada por muitos antropólogos em “campo”, tem,<br />

contu<strong>do</strong>, seu lugar no desenrolar da pesquisa e pode render boas reflexões 7 . Justamente no<br />

momento em que, pela terceira vez, esperava em vão pelo primeiro “nativo”, comecei a refletir –<br />

a despeito <strong>do</strong> desânimo provoca<strong>do</strong> por aquelas “experiências desagradáveis” – sobre outras<br />

formas de contatar possíveis entrevista<strong>do</strong>s. Concluí que a alternativa mais promissora seria iniciar<br />

a pesquisa de campo através de contato com membros de fã-clubes da Legião Urbana.<br />

Elaborei então uma carta destinada a cada um <strong>do</strong>s vinte e cinco fã-clubes espalha<strong>do</strong>s por<br />

to<strong>do</strong> o Brasil, os quais descobri por meio de uma pesquisa na internet 8 . A carta explicava os<br />

objetivos da pesquisa e perguntava quanto ao interesse e a disponibilidade em participar da<br />

mesma. Apenas três respostas foram recebidas. Em uma delas o remetente informava que o fãclube<br />

já não existia mais, nas outras duas obtive uma resposta positiva. Assim, como se costuma<br />

7 Na obra O antropólogo e sua magia (2000), Vagner Gonçalves da Silva discute várias situações em que o<br />

antropólogo se depara com esta sensação e como ela pode gerar reflexões produtivas para a pesquisa de campo e,<br />

mesmo, observações frutíferas <strong>do</strong> fenômeno estuda<strong>do</strong>. Ver, p. 42 e 43, principalmente o relato sugestivo da<br />

antropóloga Rita de Cássia Amaral.<br />

8 O site consulta<strong>do</strong> foi www.legiaourbana<strong>do</strong>is.com.br. No entanto, existem outros em que constam listas menos<br />

completas <strong>do</strong>s fã-clubes da Legião Urbana: www.legiao-urbana.com.br; www.osopro<strong>do</strong>dragao.com.br; e<br />

www.renatorusso.com.br.<br />

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