legionários do rock andré luis campanha demarchi - UFRJ
legionários do rock andré luis campanha demarchi - UFRJ
legionários do rock andré luis campanha demarchi - UFRJ
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
nova constelação de práticas, valores e referenciais. Nestes estu<strong>do</strong>s as próprias formas de se<br />
referir aos jovens e as categorias utilizadas para designar suas manifestações culturais, sociais e<br />
políticas aparecem modificadas. Não se fala mais em “subcultura” ou “tribo”, designações que,<br />
como já visto, acentuavam a diferença entre os jovens e o restante da sociedade. Não se usa<br />
também os termos “a<strong>do</strong>lescente” e teenagers para se referir aos jovens. Ao contrário, fala-se<br />
agora em juventude – quan<strong>do</strong> se faz referências aos jovens – e em “contracultura juvenil” –<br />
quan<strong>do</strong> se quer falar sobre suas manifestações políticas e culturais 19 .<br />
Estas “novas” categorias explicitam a noção de que os jovens são “revolucionários em<br />
potencial”, “renova<strong>do</strong>res da ordem social”, uma vez que estão contra os valores, normas e<br />
práticas estabelecidas. Estão, pois, na contramão da sociedade e suas práticas e movimentos são<br />
nomea<strong>do</strong>s de acor<strong>do</strong> com a idéia da existência de uma “cultura <strong>do</strong>minante” cujos aspectos são<br />
combati<strong>do</strong>s pela “contracultura juvenil”. A noção da juventude como categoria social<br />
“essencialmente revolucionária” cristalizou-se a partir de tais estu<strong>do</strong>s e é utilizada, ainda hoje,<br />
como parâmetro de comparação para a análise das manifestações culturais juvenis<br />
contemporâneas 20 .<br />
Na década de setenta, contu<strong>do</strong>, as críticas, a rebeldia e os códigos utiliza<strong>do</strong>s pelos jovens<br />
como forma de contestação foram paulatinamente absorvi<strong>do</strong>s pela indústria cultural que<br />
transformou os signos de protesto em produtos, merca<strong>do</strong>rias produzidas em escala industrial para<br />
consumo de jovens e, também, das demais parcelas da população. O visual hippie, produzi<strong>do</strong> no<br />
início de mo<strong>do</strong> artesanal pelos próprios membros <strong>do</strong> movimento, deixa as comunidades<br />
alternativas e passa às passarelas da moda, às lojas de roupas e acessórios, aos salões de beleza. A<br />
indústria lucra também, com aqueles que foram os principais marcos da “efervescência juvenil”<br />
daquela década, como é o caso <strong>do</strong> festival de música de Woodstock que, segun<strong>do</strong> o crítico<br />
musical Roberto Muggiati, foi segui<strong>do</strong> de uma “Woodstockmania, ramo <strong>do</strong>s negócios destina<strong>do</strong> a<br />
fazer com que as pessoas consumissem Woodstock: em disco (um álbum de 3 LPs, sucesso de<br />
vendas, segui<strong>do</strong> por outro de <strong>do</strong>is LPs), no cinema (com o filme multimilionário de Michael<br />
19 Estu<strong>do</strong>s que entendem as manifestações culturais e políticas da juventude, na década de sessenta, a partir desse<br />
ponto de vista são: Roszack, 1972 e Forachi, 1972.<br />
20 Contu<strong>do</strong>, os termos “subcultura” e, sobretu<strong>do</strong>, “tribos juvenis”, agora acompanhada <strong>do</strong> adjetivo “urbanas”, são<br />
também retoma<strong>do</strong>s, principalmente a partir da década de oitenta, como categorias explicativas das manifestações<br />
culturais da juventude. Tais termos voltam à tona com o intuito de dar conta <strong>do</strong>s processos de fragmentação<br />
ocorri<strong>do</strong>s nos anos oitenta, <strong>do</strong> qual trataremos a seguir.<br />
30