legionários do rock andré luis campanha demarchi - UFRJ
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O contraste efetua<strong>do</strong> em relação à década de sessenta objetivava demonstrar o “caráter<br />
alienante” das práticas <strong>do</strong>s jovens nos anos oitenta, uma vez que esses estu<strong>do</strong>s estavam sempre<br />
volta<strong>do</strong>s para o exame da eficácia da juventude “enquanto elemento de contestação e da mudança<br />
real introduzida na ordem social” (Abramo, 1994: 08). Enfim, tais análises apontam para a<br />
cristalização de uma representação da juventude enquanto categoria social “essencialmente<br />
transforma<strong>do</strong>ra”, representação que está calcada nos movimentos juvenis da década de sessenta e<br />
que permanece fixada como um modelo ideal <strong>do</strong> comportamento juvenil, mesmo quan<strong>do</strong> se trata<br />
de pensar os jovens em outros contextos (Idem).<br />
Por outro la<strong>do</strong>, com a emergência de novas manifestações culturais da juventude nos anos<br />
oitenta, formou-se uma outra corrente de estu<strong>do</strong>s que enfatizava a necessidade de falar em<br />
juventudes no plural e não no singular, devi<strong>do</strong> ao fato de que nessa década há uma significativa<br />
diversificação <strong>do</strong> cenário juvenil, ocorren<strong>do</strong> inclusive manifestações produzidas por jovens de<br />
origens sociais distintas 24 . Tais estu<strong>do</strong>s ressaltam o caráter múltiplo e polifônico que o conceito<br />
de juventude assume diante desse novo contexto. Além disso, demonstram que os jovens não são<br />
tão “aliena<strong>do</strong>s” quanto afirmavam os autores <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s menciona<strong>do</strong>s acima. Segun<strong>do</strong> a mesma<br />
corrente, os jovens constroem uma outra forma de atuação não mais voltada para a política<br />
convencional, mas centrada na constituição de uma forma espetacular de aparição no espaço<br />
público em que a própria noção de política é ressignificada, importan<strong>do</strong> mais a expressão de<br />
códigos, símbolos e emblemas como crítica à sociedade, <strong>do</strong> que a filiação a um parti<strong>do</strong> ou grupo<br />
político tradicional.<br />
Com a proliferação desses grupos pelos cenários urbanos ditos globaliza<strong>do</strong>s, os estudiosos<br />
retornam ao uso de categorias como “tribos urbanas”, “subculturas” e “culturas juvenis”, e criam<br />
outras como “cenas juvenis” e “galeras”. O termo “cultura juvenil”, parece ter certa ascendência<br />
sobre os demais, uma vez que designa uma multiplicidade de manifestações culturais e, ao<br />
contrário de termos como “subcultura” e “contracultura” – que apontam para a existência de uma<br />
“cultura <strong>do</strong>minante”, cujos princípios os jovens ou estão subjuga<strong>do</strong>s ou devem combater –<br />
questiona a idéia de uma <strong>do</strong>minância cultural da qual emanam os ordenamentos e valores sociais,<br />
abrin<strong>do</strong> a possibilidade para o entendimento das manifestações juvenis como expressão de uma<br />
multiplicidade de sistemas culturais que convivem de maneira conflituosa num mesmo contexto.<br />
É deste mo<strong>do</strong> que se pode pensar os recorrentes conflitos entre os diferentes grupos de jovens que<br />
24 Conferir os estu<strong>do</strong>s de Vianna, 1997; Cruz, 2000; Novaes, 2003; Abramo, 2005.<br />
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