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INTRODUÇÃO<br />
Em nenhum outro momento a evolução das ciências e das tecnologias foi tão rápida e<br />
com tantas consequências diretas sobre a vida cotidiana como no decorrer do século XX. A<br />
segunda revolução 1 , que surgiu com o conhecimento e uso da eletricidade, trouxe consigo o<br />
telégrafo sem fio, o cinema, o automóvel, o transatlântico, entre outros “objetos fetiches” da<br />
burguesia triunfante (WARNIER, 2000). Seguindo o percurso, da metade do século XX ao<br />
início do século XXI, a sociedade presenciou outra “onda” de mudanças sociais, econômicas,<br />
culturais devido ao surgimentos das tecnologias digitais, o que alguns autores chamam de<br />
“terceira revolução”, a qual ainda esta em pleno desenvolvimento. Diante desse cenário, a<br />
tecnologia, como ressalta Domigues (1997) tem invadido todos os campos da atividade<br />
humana: a religião, a indústria, a ciência, educação, entre outros campos. No entanto, mais<br />
que “invadir”, pois o termo parece sugerir que as tecnologias são objetos de outro mundo, a<br />
tecnologia, no pensamento de Lévy (1999) e Lemos (2008) faz parte e é produto de uma<br />
sociedade e de uma cultura, já que a origem da técnica acompanha a própria origem do<br />
homem.<br />
Lemos (2008, p. 28) lembra que “o homem é um ser técnico por definição” e que o<br />
fenômeno técnico resulta da relação entre o ser e o seu meio natural (a matéria inerte largada<br />
ao acaso na natureza), e, portanto, só adquire sentido e significação nessa relação com a vida<br />
social. Lévy (1999) corrobora com esse pensamento ao afirma que<br />
É impossível separar o humano de seu ambiente material, assim como dos<br />
signos e das imagens por meio dos quais ele atribui sentido à vida e ao<br />
mundo. Da mesma forma, não podemos separar o mundo material – e menos<br />
ainda sua parte artificial - das idéias por meio dos quais os objetos técnicos<br />
são concebidos e utilizados, nem dos humanos que os inventam, produzem e<br />
utilizam (LÉVY, 1999, p. 22).<br />
Partindo disso, ainda que o todo esse desenvolvimento tecnológico tenha possibilitado<br />
que a sociedade contemporânea se configurasse de forma imprevisível em diversos aspectos,<br />
a sociedade não é passiva a toda inovação tecnológica (LEMOS, 2008). Nesse sentido,<br />
discorre Lévy (1999) que as tecnologias da informação e comunicação não apenas<br />
condicionaram a sociedade, mas, abriram algumas possibilidades ou opções culturais e sociais<br />
1 A primeira revolução, na visão de Warnier (2000), remete ao período de 1830, quando houve uma<br />
reorganização da exploração dos recursos como vapor, carvão, ferro. Enquanto que à “terceira revolução” o<br />
autor se refere à da informática.