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De fato, destaca-se que estas novas formas de produzir música conferiram uma<br />
libertação do corpo do músico, uma vez que este não precisa se submeter mais a horas de<br />
treinamento em um trecho de uma partitura para uma performance ao vivo. Contudo, é um<br />
equívoco pensar que o uso das tecnologias na atividade musical não dependa mais da<br />
criatividade do homem e de sua capacidade de manipulá-las. Ao contrario, é preciso levar em<br />
conta que essas tecnologias só podem executar tarefas para os qual foram programadas. Tal<br />
como afirma Iazzetta, a linguagem musical sempre esteve profundamente relacionada com as<br />
tecnologias, sejam elas mêcanicas, eletrônicas ou digitais (IAZZETTA, 1997, p. 14). Portanto,<br />
é inadequado entender que a música produzida por esses novos meios, seria uma espécie de<br />
“música em conserva”, ou seja, mais artificial em relação aquela produzida de forma<br />
tradicional. Citando Schloezer (1931), Iazzetta lembra que para este a música mecânica é<br />
apenas um mito, pois esta sempre dependeu e depende de técnicas e tecnologias, dos<br />
instrumentos para sua realização. Para Schloezer, “o desenvolvimento dos aparelhos de<br />
reprodução fonográfica, do rádio e dos instrumentos elétricos não representa uma<br />
mecanização da música - essa é, e sempre será, essencialmente espiritual”. Há na verdade,<br />
nesse processo apenas “uma substituição gradual da relação direta entre o intérprete e o<br />
ouvinte por uma relação mais remota” (SCHLOEZER apud IAZZETTA, 1997, p. 6).<br />
2.3 As Tecnologias e a Música Eletrônica<br />
2.3.1 Música Eletrônica X Música Eletroacústica<br />
Desde a década de 1930, como mencionado anteriormente, alguns compositores já<br />
começaram a utilizar alguns instrumentos eletrônicos, como o Theremin. em suas<br />
composições. No ano de 1939, John Cage criou a sua obra Imaginary Landscape Nº 1 a partir<br />
de sons gravados e também Pierre Schaeffer em 1948 gravava sons, os transformando e os<br />
organizando para a realização de uma obra. Esse processo foi chamado de música concreta.<br />
O termo “Elektroniche musik” foi introduzido na Alemanha em 1949 pelo foneticista e<br />
linguista Werner Meyer-Eppler, sendo utilizado para designar a prática de composição<br />
realizada em estúdio, mas foi a partir da peça Gesang der Junglige de Stockhausen concluída<br />
em 1956 que acabou por se consolidar o termo “música eletrônica” (RODRIGUES, 2005;<br />
FRITSCH, 2008).<br />
Nesse momento, segundo Rodrigues (2005), a música eletrônica já definia uma<br />
elaboração sonora através de aparelhos eletrônicos analógicos, ou seja, os proto-<br />
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