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baixo - UFMT

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2.3.2 Surgimento da Música Eletrônica de Pista<br />

A metade da década de 60 pode ser demarcada como período crucial na popularização<br />

dos dispositivos eletroacústicos. Nesse momento, rompeu-se com as restrições de acesso e<br />

consumo dessas tecnologias, que em princípio eram disponíveis apenas a compositores<br />

universitários e pesquisadores de empresas de telecomunicações. De acordo com Rodrigues<br />

(2005, p. 64) nesse período começou a haver um diálogo entre “artistas de formação<br />

acadêmica e amadores, autodidatas, não–músicos, ativistas culturais”. Esse intercâmbio de<br />

ideias, bem como, a disseminação do funk, do rock e da música pop, tornou a segunda metade<br />

do século XX um momento prolífico para novas experimentações sonoras fora do âmbito<br />

acadêmico. Tanto que comentaristas frequentemente retratam o final dessa década como “uma<br />

espécie de ‘era de ouro’ da experimentação”, momento de intensa efervescência criativa nos<br />

campos da expressão (RODRIGUES, 2005, p. 63).<br />

Sobretudo, a década de 70 foi decisiva na configuração da música eletrônica, uma vez<br />

que os recursos eletrônicos como sintetizadores já haviam se disseminado amplamente pelo<br />

mercado e passaram a ocupar lugar preponderante nos empreendimentos musicais de diversos<br />

grupos e artistas. Desse modo, no período, entre o final dos anos 1970 e o começo da década<br />

seguinte, a música eletrônica emergiu como um novo discurso musical, no qual os aparelhos<br />

eletrônicos são abordados de uma forma diferenciada pelos músicos. Como exemplo, Arango<br />

menciona o grupo Kraftwerk que emprega tais recursos “conduzidos por uma utopia futurista”<br />

(ARANGO, 2005, p.83).<br />

Apesar de outros grupos como o Tangerine Dream também incorporarem os recursos<br />

eletrônicos em suas produções musicais, o grupo Kraftwerk é frequentemente referido como<br />

mais significativo e o responsável por estrear as novas tecnologias no circuito mainstream e<br />

de fundar o gênero tecnopop (RODRIGUES, 2005). O grupo iniciou seu trabalho como um<br />

dos representantes do Kautrock 30 , mas, rapidamente e definitivamente incorporou os recursos<br />

eletrônicos abandonando totalmente a música instrumental. Impregnado pelo ambiente social<br />

da cidade alemã Düsseldorf, que nas décadas de 50 e 60 se tornou importante pólo industrial,<br />

o Kraftwerk, já na década de 70, adota uma sonoridade chamada industrial, a qual se<br />

caracteriza por inclusão de padrões repetitivos e as improvisações se concentram mais em<br />

30 Gênero de Rock surgido na Alemanha, no qual se explorava as possibilidades de amplificação e improvisação.<br />

Neste se estabelece o experimentalismo em música. No Kautrock de acordo com Arango (2005), a exploração<br />

instrumental não objetiva o virtuosismo, mas, sim, estender as suas possibilidades tímbricas. Esse gênero<br />

manifesta-se como um happening de improvisação, cujas faixas podiam ultrapassar 20 minutos, e era executado<br />

em locais mais alternativos como galerias, universidades ou outros espaços, se afastando do circuito musical<br />

massivo das rádios (ARANGO, 2005).<br />

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