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música, sendo o Dj a estrela do momento, o que estará em jogo é qualidade de sua<br />
performance, ou seja, a sua habilidade em selecionar e combinar seu acervo sonoro em uma<br />
pista de dança, criando um evento único. Esta “cultura” de pista, de acordo com Garson<br />
(2009) se diferenciava muito da cultura do rock, que ao contrário, visava a fixação de suas<br />
produções em discos e ao “culto de estrelas”, de forma que fosse possível aos fãs seguirem a<br />
carreira dos artistas, acompanhando suas turnês e comprando “souvenires” (GARSON, 2009,<br />
p. 14).<br />
Para o autor, a disco, ao eleger a pista de dança como locus privilegiado ao invés do<br />
estúdio, delegava ao anonimato o rosto de quem produzia sua música, “valorizando aquele<br />
que a executava e enquanto a executava” (GARSON, 2009, p. 14). Sendo assim, a disco<br />
inicialmente foi uma expressão difícil de ser comercializada, não satisfazendo ao anseio por<br />
lucros da indústria fonográfica, pois, seu espaço de circulação se restringia à pequenos clubs<br />
que, segundo Garson (2009, p. 14), “se definiam como espaços de liberdade e aceitação para<br />
as minorias negra e homosexual”. A industria fonográfica só conseguiu obter lucros com esse<br />
gênero quando o transformou numa expressão caracterizada pelo star system e a venda de<br />
álbuns, processo tão característico de gêneros massivos como o rock.<br />
Desde a música disco o Dj vem acumulando a tarefa de produtor musical, começando<br />
a utilizar também os recursos das citações, por meio da reapropriação, de recortes e colagens<br />
de diversos trechos musicais, ou seja, o sampling. Segundo Garson (2009) o Dj produtor<br />
passa a misturar tanto os efeitos produzidos ao vivo, com aqueles pré-produzidos em estúdio.<br />
Nesse momento, já há uma quebra bastante significativa com as práticas anteriormente<br />
atreladas à figura do Dj, pois, até então, suas apresentações ao vivo eram baseadas em “uma<br />
transposição de suas técnicas desenvolvidas no rádio”, em outras palavras, o Dj era como um<br />
“mestres de cerimônias”, que tocava músicas e conversava com a platéia (GARSON, 2009, p.<br />
13-15).<br />
Na década de 80, surgiram ainda outros gêneros como o Chicago House e o Techno 34 ,<br />
de Detroit, e nos anos 90, com os Djs britânicos, o Trance. Do cruzamento de ideias e de<br />
trabalhos entre os Djs envolvidos em tais práticas que se desencadeou uma “expansão<br />
constelacional de estilísticas, de gêneros e subgêneros do que passou a ser designado com o<br />
rótulo ‘electrónica’” (RODRIGUES, 2005, p. 65. grifo do autor). Rodrigues destaca que a<br />
grande contribuição, tanto no que se refere à produção quanto a circulação dessa nova música<br />
34 O House, O techno e trance, são alguns dos estilos ou subgêneros da música eletrônica que serão abordados<br />
adiante. O termo tecno em outros tempos designava a música eletrônica em geral. Mas, ainda hoje, segundo<br />
Fontanari (2003), em estudos franceses o termo é empregado para designar o que no Brasil chamamos de música<br />
eletrônica.<br />
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