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baixo - UFMT

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31). O prazer de ouvir música parecia estar relacionado exatamente à sensação de participação<br />

em uma apresentação musical. Segundo Lévy (1999)<br />

30<br />

A gravação torna-se responsável, a sua maneira, pelo arquivamento e pela<br />

preservação histórica de músicas que haviam permanecido na esfera da<br />

tradição oral (etnografia musical). Enfim alguns gêneros musicais, como o<br />

jazz ou o rock, só existem hoje devido a uma verdadeira “tradição de<br />

gravação” (LÉVY, 1999, p. 140. Grifo do autor).<br />

No entanto, apesar de serem amplamente referenciados como tecnologias de difusão<br />

sonora, os sistemas de gravação, mais que servirem para o registro e preservação de<br />

performances ao vivo, passaram, também, a serem amplamente explorados por compositores<br />

das vanguardas da música contemporânea no processo de criação e produção de novas<br />

estéticas na música, especialmente, com o surgimento de microfones, gravadores e a fita<br />

magnética. Com esses dispositivos os compositores puderam registrar diversos sons, por<br />

exemplo, sons do ambiente e posteriormente transformá-los e editá-los por meio de cortes e<br />

colagens de fita magnética. Essa técnica denominada de bricolagem 21 foi muito utilizada na<br />

vertente contemporânea denominada música concreta 22 . Nesse contexto, já se inauguraria uma<br />

forma inédita de concepção musical, a qual não estaria mais exclusivamente apoiada na<br />

escrita, como acontecia até o século XIX, em que toda música era concebida para que um<br />

intérprete a executasse posteriormente.<br />

Paralelo às novas possibilidades de circulação musical, empreendeu-se a tarefa de<br />

produção sonora a partir da criação de instrumentos musicais fornecidos com a propriedade<br />

da eletricidade. Até então, conforme Iazzetta (1997), todo som utilizado na música decorria de<br />

um mesmo tipo de processo mecânico. Assim, apesar de os diversos instrumentos musicais<br />

possuírem diferentes formas, baseavam-se em um mesmo princípio de produção sonora, ou<br />

seja, eram gerados pela vibração de algum material elástico que produzia ondas que se<br />

propagavam pelo ar chegando ao ouvinte, como exemplo, as cordas de um violão ou a palheta<br />

de um oboé. Tal como ressalta Iazzetta o surgimento das novas tecnologias advindas da<br />

eletricidade abriram a possibilidade da geração de sons sem a utilização de instrumentos<br />

mecânicos.<br />

21 Do francês bricolage. Refere-se a uma atividade na qual se relaciona elementos preexistentes, mas<br />

heterogêneos, objetos que, uma vez reunidos, ofereçam algum sentido. Em resumo, se trabalha com o que se<br />

encontra montando, colando, grudando, ajustando (RODRIGUES, 2005).<br />

22 Após segunda Guerra, de acordo com Rodrigues (2005), compositores franceses começaram a experimentar<br />

possibilidades expressivas colando amostragens sonoras de todas as naturezas, estas eram capitadas por<br />

microfones, justapostas, combinadas e editadas num processo de composição que foi denominado como<br />

“Musique Concrète”.<br />

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