UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO - ICHS/UFOP
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para o Rio de Janeiro –, por meio do emprego de um discurso historiográfico que<br />
enaltecesse a Restauração da dignidade da Monarquia Bragantina com a criação<br />
de um Novo Império.<br />
O segundo momento tem início com o advento da Revolução do Porto,<br />
mas é, principalmente, fruto dos acontecimentos relacionados à recepção dos de-<br />
cretos de outubro de 1821, elaborados pelas Cortes Constitucionais reunidas em<br />
Lisboa, e suas consequências no Brasil. Este momento também é caracterizado<br />
pela defesa da continuidade da união entre os reinos de Portugal e Brasil, mas<br />
frente à impossibilidade desta união devido aos projetos empreendidos pelos ar-<br />
quitetos de ruínas reunidos em Lisboa, Cairu passou a defender a formação de um<br />
Império brasileiro separado de Portugal e governado pelo legítimo herdeiro da<br />
Casa de Bragança. Este momento do discurso histórico de Cairu também é marca-<br />
do pela divulgação de ideais ligados ao constitucionalismo e da formação de uma<br />
monarquia constitucional “em que o monarca exerce a soberania com limites e<br />
repartição dos poderes, que ele mesmo se fixou, ou contratou com os deputados<br />
dos povos”. 16<br />
Acreditamos que no discurso historiográfico de Silva Lisboa seja possível<br />
perceber uma sensação de movimento que distingue os dois momentos de suas<br />
obras em que pode ser notada uma mudança na “dignidade histórica” do território<br />
brasileiro. Este movimento pode ser percebido no emprego de diferentes lingua-<br />
gens político-historiográficas em dois momentos distintos – 1808 a 1819 e 1820 a<br />
1830. Definimos a primeira dessas linguagens como a Linguagem da Restaura-<br />
ção. Uma linguagem comumente empregada pelos letrados luso-brasileiros de<br />
finais do século XVIII e início do século XIX, principalmente por aqueles que de<br />
algum modo estavam ligados aos projetos políticos da Elite Coimbrã. 17 Já a se-<br />
gunda, denominada Linguagem da Regeneração é fruto das discussões políticas<br />
em torno do Movimento Vintista e o estabelecimento das Cortes Constituintes de<br />
Lisboa.<br />
O movimento a que nos referíamos acima seria muito mais uma mudança<br />
na forma e no modo de escrever história do que apenas um novo posicionamento<br />
16 LISBOA, 1828, Apud KIRSCHNER, Tereza Cristina. Burke, Cairu e o Império do Brasil. In:<br />
JANCSÓ, István (org.) Independência: história e historiografia. São Paulo, Hucitec/Fapesp, 2005.<br />
p. 690.<br />
17 CARVALHO, José Murilo de. A construção da ordem: elite política imperial. Brasília, UnB,<br />
1981.<br />
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