UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO - ICHS/UFOP
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permanência. Destarte, na modernidade a história assume uma forma filosófica na<br />
qual os processos são narrados de forma contínua. 26<br />
Ao analisar as variedades da historiografia da primeira modernidade, Po-<br />
cock destaca as Narratives of Civil Government que emergiram na Escócia no<br />
século XVIII e que, de alguma maneira, compuseram os contextos discursivos que<br />
permearam a elaboração de Decline and Fall de Edward Gibbon. A principal ca-<br />
racterística das „narrativas iluministas‟ era reescrever a história do declínio da<br />
antiguidade clássica na escuridão do milênio cristão de barbárie e religião, papa-<br />
dos e impérios, até a emergência de um posterior conjunto de condições de uma<br />
„Europa‟ de Estados e costumes, comércio e iluminismo em que a sociedade civil<br />
pode defender-se de rompimentos ou retrocessos: 27<br />
22<br />
[...] what we are calling macronarratives, tracing the succession<br />
of stages of legal, religious, political and (with the advent of<br />
„manners‟) cultural organization, estabilished by erudition as<br />
the archaeology of the past; narratives of individual and usually<br />
elite conduct, in which the exemplary gave way to the arcane as<br />
Tacitean historiography traced actors through changing political<br />
and moral situations. These narratives had been supplied by ancients<br />
and moderns, laymen and churchmen, humanists, jurists,<br />
ecclesiastics and more recently philosophers; and the task of<br />
Enlightened historian was to combine them as best he could at<br />
new levels of macronarrative. 28<br />
As macronarrativas ilustradas 29 da forma como são definidas por Pocock<br />
deveriam combinar distintas tradições historiográficas, sejam elas clássicas ou<br />
26<br />
GUMBRECHT, Hans Ulrich. Cascatas de Modernidade. In:__. Modernização dos sentidos. São<br />
Paulo: Ed. 34, 1998, passim<br />
27<br />
POCOCK, John G. A. Barbarism and Religion: narratives of civil government. Cambridge:<br />
Cambridge University Press, 1999. passim<br />
28<br />
POCOCK, John G. A. Barbarism and Religion: narratives of civil government. Cambridge:<br />
Cambridge University Press, 1999, p, 24-25. Tradução livre da citação: [...] o que estamos chamando<br />
de macronarrativas, traçando a sucessão de estados legais, religiosos, políticos e (com o<br />
advento das „maneiras‟) organizações culturais, estabelecidas pela erudição como a arqueologia do<br />
passado; narrativas de indivíduos e normalmente condutas de elite, em que o exemplar deu a direção<br />
para o arcano como a historiografia tacitiana traçou atores em situações de mudanças políticas<br />
e morais. Essas narrativas haviam sido fornecidas por antigos e modernos, leigos e clérigos, humanistas,<br />
juristas, eclesiásticos e mais recentemente filósofos; e a tarefa do historiador iluminista era<br />
combiná-las da melhor forma possível nos novos níveis da macronarrativa.<br />
29<br />
Por macro-narrativas ilustradas entendemos aqui os relatos que procuravam registrar os progressos<br />
de algum campo da atividade humana, sem ainda reuni-los em um conceito singular de progresso<br />
geral da sociedade. A transformação de um acontecimento em fato histórico no interior de<br />
uma narrativa serve, entre outras coisas, para administrar seu caráter ameaçador. Nesse sentido, tal<br />
fato pode ser identificado com um evento do passado a partir do qual seu futuro pode ser antecipado,<br />
ou ser disposto em uma cadeia de acontecimentos que lhe serve de contexto e permite prever<br />
seus desenvolvimentos.