UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO - ICHS/UFOP
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No Século XVIII, a criação da Academia Real de História marcou um no-<br />
vo momento na historiografia portuguesa. Durante o governo de D. João V (1706-<br />
1750), teve início uma política de subsídios para a educação de jovens lusitanos<br />
em academias e universidades em outras regiões da Europa, que passaram a ser<br />
conhecidos como estrangeirados. Esta e outras medidas como o apoio a academias<br />
científicas particulares; a criação da Academia Real da História; e a expansão da<br />
biblioteca da Universidade de Coimbra são exemplos de ações de fomento às ci-<br />
ências e às artes tomadas por D. João V no sentido de inserir Portugal no debate<br />
da “República das Letras” 32 .<br />
A fundação da Academia Real de História Portuguesa em 1720 por D. Jo-<br />
ão V correspondeu a uma integração de academias e acadêmicos em um programa<br />
oficial de pesquisa e escrita da história lusa. 33 A Academia Real de História repre-<br />
sentou um momento inicial da formação de um discurso histórico laicizado em<br />
Portugal com suas propostas de separação de uma história eclesiástica e secular do<br />
Império português, bem como seus procedimentos de crítica documental.<br />
Segundo Isabel Mota, nas origens mais remotas da Academia Real da His-<br />
tória (1720-1776) relacionam-se muitas das linhas da erudição européia dos sécu-<br />
los XVII e XVIII. Mota afirma que o amplo contato que Manuel Caetano de Sou-<br />
sa – o idealizador da Academia – estabeleceu com a República das Letras durante<br />
o período que peregrinou por diversas regiões da Europa teria sido fundamental<br />
para que, “de regresso a Portugal, difundisse a idéia de construção de uma Histó-<br />
ria Eclesiástica de Portugal ao nível do que de melhor tinha visto na sua exped i-<br />
ção, cultural e religiosa”. 34<br />
O programa proposto para a Academia Real, desde sua fundação, era a<br />
composição da história eclesiástica e secular do reino português e suas conquis-<br />
tas. 35 A historiografia produzida pela Academia Real deveria contar os grandes<br />
ao programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte,<br />
2008, p. 30-41.<br />
32 MOTA, Isabel Ferreira da. A Academia Real da História: os intelectuais e o poder monárquico<br />
no séc. XVIII. Coimbra: MinervaCoimbra, 2003.<br />
33 Ibidem, p. 34.<br />
34 Ibidem, p. 29.<br />
35 Sobre esse assunto ver: DA SILVA, Taise Tatiana Quadros. Poder e episteme na erudição histórica<br />
do Portugal setecentista: uma abordagem do programa historiográfico da Academia Real da<br />
História Portuguesa (1720-1721). História da Historiografia, Ouro Preto, número 03, setembro<br />
de 2009, pp, 204-215<br />
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