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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO - ICHS/UFOP

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Portugal pelo da regeneração no novo Mundo. Araujo destaca que o discurso de<br />

Bonifácio indicava que Portugal não tinha condições de promover a restauração<br />

por si mesmo e que esta só poderia ocorrer com a integração do Brasil aos proje-<br />

tos de Regeneração de Portugal, pois seria a partir da opulência natural do Brasil<br />

que o Império poderia voltar a figurar entre as principais potências européias e<br />

viver novamente uma “Idade do Ouro”.<br />

No entanto, devemos ressaltar que a interpretação do quadro político do<br />

Império Português após a transferência da Corte feita pelos estadistas e publicistas<br />

do velho reino não era a mesma. Ana Rosa Cloclet destaca como o problema so-<br />

bre o debate acerca do lugar em que deveria residir o centro hegemônico do Impé-<br />

rio português demonstrando que o período entre 1814 e 1820 antecipou algumas<br />

das rivalidades entre os habitantes dos dois hemisférios que viriam à tona durante<br />

o processo de independência do Brasil. 62 Segundo a mesma autora, os antagonis-<br />

mos entre os dois espaços do Império luso-americano seriam acentuados após o<br />

fim do domínio francês em Portugal e, consequentemente, do que seria “o motivo<br />

justificador da permanência da Corte no Brasil” 63 .<br />

Valetim Alexandre destaca que, em Portugal no início da década de 1820, a<br />

insatisfação com a situação política do Reino era geral. 64 A permanência da Corte<br />

no Rio de Janeiro parecia perder o seu caráter provisório principalmente com a<br />

elevação do Brasil à condição de Reino Unido a Portugal e Algarves e uma série<br />

de outros fatores que indicariam a “americanização” da Corte joanina. 65<br />

Pode-se dizer sem muitas dúvidas que no Reino de Portugal o desconten-<br />

tamento com a situação de “crise” geraria as críticas às formas de organização do<br />

Estado português. Fato que se tornou evidente em 24 de agosto de 1820 quando<br />

rebentou a Revolução do Porto. O Movimento de Regeneração Vintista represen-<br />

tava o fracasso dos projetos Restauradores e impunha a necessidade de elaboração<br />

de novos projetos de futuro sobre as bases do constitucionalismo.<br />

O Movimento Vintista com suas propostas constitucionais e de crítica ao<br />

absolutismo e ao despotismo trouxe novas cores à agenda política do Reino Unido<br />

62. SILVA, Ana Rosa Cloclet da. Inventando a nação: intelectuais ilustrados e estadistas lusobrasileiros<br />

na crise do Antigo Regime Português . 1750-1822. São Paulo, Fapesp/Hucitec, 2006.<br />

passim<br />

63 Ibidem,, p.247<br />

64 ALEXANDRE. V., Os sentidos do Império: questão nacional e questão colonial na crise do<br />

Antigo Regime português. Porto. Afrontamento, 1993. passim<br />

65 Ibidem.<br />

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