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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO - ICHS/UFOP

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dessas bases as diversas ordens de problemas internos que afligiam o Reino e,<br />

fundamentalmente, a questão colonial”. 47<br />

As Memórias da Real Academia de Ciências de Lisboa tinham como obje-<br />

tivo prioritário diagnosticar os problemas do Império português e propor soluções<br />

por meio de estudos que rastreassem a história nacional, identificando em cada<br />

uma de suas fases os elementos estruturais condicionadores da situação atual. 48 As<br />

Memórias Econômicas, em geral, apontavam um diagnóstico decadentista da cul-<br />

tura letrada e da economia portuguesa em comparação com as principais potências<br />

européias do período e até mesmo com momentos anteriores da história portugue-<br />

sa. Sustentava-se uma noção de decadência que, antes de firmar-se num horizonte<br />

puramente secular, “retomava antigas posições seiscentistas, presentes desde os<br />

primeiros diagnósticos „ilustrados‟ sobre a economia do Reino, respaldando-as em<br />

suas novas perspectivas modernizantes”. 49<br />

Como podemos ver nas páginas anteriores, a historiografia produzida no<br />

mundo luso-americano no século XVIII demonstra um processo de laicização da<br />

escrita da história em que é patente a separação entre a história eclesiástica e a<br />

história civil com a preponderância da última sobre a primeira, bem como uma<br />

crescente preocupação com métodos de crítica da veracidade dos acontecimentos<br />

a serem narrados. Naquelas obras – que podemos chamar de narrativas ilustradas<br />

– a escrita da história ganhou ares de legitimação da ação reformadora empree n-<br />

dida nos reinados de D. José e D. Maria. O projeto da Academia das Ciências de<br />

Lisboa deixava clara a importância que a historiografia passou a carregar no novo<br />

cenário político e social.<br />

30<br />

Percebe-se como a tarefa de reformar o Império, racionalizando<br />

sua administração, integrando melhor seus territórios e reconhecendo-lhes<br />

especificidades fomentou a idéia de “história”<br />

47 SILVA, Ana Rosa Cloclet da. Inventando a nação: intelectuais ilustrados e estadistas lusobrasileiros<br />

na crise do Antigo Regime Português . 1750-1822. São Paulo, Fapesp/Hucitec, 2006, p.<br />

112.<br />

48 Ibidem, p. 127.<br />

49 Ibidem, p. 134. Exemplos disso são as: Memória Sobre as causas da diferente população de<br />

Portugal em diversos tempos da Monarquia, por José Joaquim Soares Barros; Memória Histórica<br />

sobre a Agricultura Portuguesa considerada desde o tempo dos Romanos até ao presente, por José<br />

Veríssimo Álvares da Silva. As duas obras podem se encontradas nas Memórias Econômicas da<br />

Academia Real das Ciências de Lisboa respectivamente nos tomos I e V.

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