Sessões de Comunicações Coordenadas com resumo (PDF)

Jornada de estudos da Linguagem - JeL VII
SESSÕES COORDENADAS
Sessão 3: LINGUÍSTICA APLICADA À EDUCAÇÃO
Coordenação: Ricardo Joseh Lima (UERJ)
1 • A universidade brasileira e a formação de leitores: resultados preliminares de sondagem com
estudantes universitários
Raúl Cesar Gouveia Fernandes (FEI) & Durval Cordas (Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza)
Exames nacionais e internacionais vêm demonstrando que o sistema escolar brasileiro é falho quanto à formação de leitores competentes e
maduros. Se a situação do ensino básico é bem conhecida graças à realização de exames como o SAEB e o PISA, faltam estudos abrangentes
sobre práticas e competências leitoras de universitários no País. Os dados hoje disponíveis sobre o tema são provenientes de estudos de
caráter muito abrangente, como a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil (que nem sempre permitem identificar com clareza as informações
relativas aos atuais estudantes universitários), ou de sondagens localizadas, realizadas com estudantes de uma única instituição ou curso
(cf. AMORIM, 2008; CARELLI, s/d; MOURA, MATSUDO, ANDRADE, 2001, entre outros). A necessidade de aprofundar o conhecimento sobre
este tema deve-se ainda a dois outros fatores: a heterogeneidade das IES brasileiras, que dificulta qualquer tentativa de generalização dos
dados disponíveis sobre os hábitos de leitura dos estudantes universitários, e a vertiginosa expansão do sistema universitário brasileiro nas
últimas décadas, fato que vem permitindo com que muitos jovens anteriormente excluídos do ensino superior tenham acesso à universidade.
Embora os benefícios sociais advindos de tais mudanças sejam inegavelmente positivos, também é verdade que esta situação traz novos
desafios, pois aumenta o volume de jovens que chegam à universidade com deficiências em sua formação básica e sem hábitos de leitura
consolidados. Por isso, a universidade brasileira não pode mais eximir-se do debate sobre suas responsabilidades na tarefa de promover os
hábitos e competências de leitura de seus próprios estudantes. No caso brasileiro, portanto, ao propalado declínio dos hábitos de leitura entre
as novas gerações – redução detectada em diversos estudos internacionais e frequentemente atribuída à influência da televisão e ao acesso
à cultura digital (cf. MOKHATARI; REICHARD; GARDNER, 2009 e KNULST; VAN DEN BROEK, 2003, entre outros) –, soma-se o desafio de
compreender e promover as práticas leitoras de estudantes provenientes de extratos sociais tradicionalmente excluídos da formação superior.
Os dois aspectos – os hábitos de leitura dos jovens da geração digital e a deficiente formação básica de expressiva parcela dos que atualmente
chegam à universidade no Brasil – devem ser levados em consideração em qualquer tentativa de avaliação dos níveis de competência e dos
hábitos de leitura dos estudantes universitários brasileiros. Tendo em vista este quadro, o objetivo deste trabalho é apresentar os resultados
iniciais de pesquisa sobre hábitos e percepções de leitura de alunos do Centro Universitário da FEI (SP). Foram aplicados questionários a 493
alunos, ingressantes e concluintes dos cursos noturnos de Administração de Empresas e Ciências da Computação, com o objetivo de conhecer:
1) suas percepções sobre a leitura (o imaginário relativo à leitura e os valores positivos ou negativos estão associados a ela); 2) as preferências
e os suportes comuns de leitura; 3) a frequência e a intensidade de leitura; 4) as motivações para a leitura; 5) as práticas de leitura acadêmica
e profissional e 6) as barreiras à leitura. O presente trabalho apresenta a comparação das respostas de ingressantes e concluintes dos
referidos cursos, a fim de verificar possíveis mudanças das práticas e percepções de leitura, de forma a avaliar o quanto a formação superior
contribuiu para a consolidação dos hábitos de leitura dos estudantes.
2 • Dos PCN à sala de aula: análise do trabalho com a criticidade em materiais didáticos
Hélcio Carlos de Oliveira Silva (UERJ)
O que se pode observar nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de Língua Portuguesa para o 3º e 4º ciclos do Ensino Fundamental é
uma preocupação em tornar os estudantes aptos a analisar criticamente os diversos discursos produzidos em nossa sociedade. Entretanto,
entre o que é proposto por este documento e o que realmente chega à sala de aula é passível de averiguação a fim de que possa analisar
o tratamento concreto dado a esse objetivo estipulado por estas orientações legais. Pensando neste processo de transposição da teoria
para a prática, esta comunicação visa a apresentar os resultados de uma pesquisa realizada em um curso de pós-graduação em língua
32 Caderno de resumos