29.04.2013 Views

Sessões de Comunicações Coordenadas com resumo (PDF)

Sessões de Comunicações Coordenadas com resumo (PDF)

Sessões de Comunicações Coordenadas com resumo (PDF)

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Jornada <strong>de</strong> estudos da Linguagem - JeL VII<br />

SESSÕES COORDENADAS<br />

Sessão 5: ABORDAGENS CENTRADAS NO USO<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Clarissa Bastos (PUC-Rio)<br />

1 • O uso <strong>de</strong> (re)formulações por um inspetor <strong>de</strong> polícia nos interrogatórios policiais <strong>de</strong> uma<br />

Delegacia da Mulher<br />

40 Ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> <strong>resumo</strong>s<br />

Priscila Júlio Gue<strong>de</strong>s Pinto (UFJF)<br />

O presente estudo tem <strong>com</strong>o tema: a prática <strong>de</strong> (re)formulação utilizada por um inspetor <strong>de</strong> polícia nos interrogatórios policiais da Delegacia<br />

<strong>de</strong> Repressão a Crimes Contra a Mulher (doravante DRCCM). A prática <strong>de</strong> formular será entendida aqui sob a perspectiva teórica inicialmente<br />

apresentada por Garfinkel e Sacks (1970) e Heritage e Watson (1979) e, na contemporaneida<strong>de</strong>, apontada por Bilmes (2011). Segundo Garfinkel<br />

e Sacks (1970), formulação ocorre quando “um membro trata algum trecho da conversa <strong>com</strong>o uma oportunida<strong>de</strong> para <strong>de</strong>screver aquela<br />

conversa, explicá-la, explaná-la, traduzi-la, resumi-la, <strong>de</strong>finir sua essência, observar sua obediência às regras, ou <strong>com</strong>entar seu <strong>de</strong>srespeito<br />

às regras” (p. 170). Para eles, fazer formulação é “dizer-em-tantas-palavras-o-que-estamos-fazendo (ou do que estamos falando, quem<br />

está falando, quem somos, ou on<strong>de</strong> estamos)” (GARFINKEL; SACKS, 1970, p. 171). De acordo <strong>com</strong> esses autores, formular uma conversa<br />

ou parte <strong>de</strong>la consiste em tornar explícito para o outro o entendimento sobre o que foi dito anteriormente ou sobre o que está acontecendo<br />

naquele momento da interação. Nesse sentido, a formulação é um trabalho reflexivo dos membros sobre os sentidos da conversa em que<br />

estão envolvidos, ou melhor, essa prática é um método usado pelos membros para <strong>de</strong>monstrar que a conversa tem sido “autoexplicativa”<br />

(HERITAGE; WATSON, 1979, p. 123). Além do seu caráter reflexivo, a prática da formulação é uma ferramenta útil para o estabelecimento da<br />

intersubjetivida<strong>de</strong>, pois ao formular alguma informação mencionada anteriormente na conversa, os interagentes mostram o seu entendimento<br />

mútuo sobre aquilo que foi dito ou feito. Assim, po<strong>de</strong>-se dizer que a formulação é um fenômeno interacional entendido <strong>com</strong>o uma prática<br />

utilizada pelos interagentes <strong>de</strong> uma conversa que <strong>de</strong>monstram uns para os outros a sua <strong>com</strong>preensão do que está acontecendo naquela<br />

conversa ou das ações que estão sendo realizadas nela. Tais <strong>de</strong>finições <strong>de</strong> formulação presentes na literatura da década <strong>de</strong> 70 foram refeitas<br />

por Bilmes (2011) na contemporaneida<strong>de</strong>. Tal autor afirma que formulação é, na verda<strong>de</strong>, uma reformulação, uma vez que a conversa anterior<br />

já é constituída por formulações. Para ele, formulação é uma maneira <strong>de</strong> “i<strong>de</strong>ntificar, categorizar, <strong>de</strong>screver e persuadir, i.e, são aspectos<br />

retóricos e construtivos <strong>de</strong> realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ação linguística” (BILMES, 2011, p.133). Diferentemente <strong>de</strong> Garfinkel e Sacks (1970), formulação é<br />

entendida por Bilmes (2011) <strong>com</strong>o o primeiro dizer enquanto que reformulação é o segundo dizer. Devido a essa divergência <strong>de</strong> terminologia<br />

entre Bilmes (2011) e Garfinkel e Sacks (1970), opta-se, no presente estudo, utilizar o termo (re)formulação para fazer referência à formulação<br />

ou reformulação <strong>com</strong>o segundo dizer. O objetivo <strong>de</strong>ste trabalho é apresentar dois tipos <strong>de</strong> (re)formulação que foram também estudados por<br />

Heritage e Watson (1979) e que foram encontrados nos dados gerados na DRCCM: (i) a formulação do cerne (gist) <strong>de</strong> uma conversa consiste<br />

na formulação do ponto central do que foi dito pelo falante anterior; (ii) a formulação do resultado (upshot) <strong>de</strong> uma parte da conversa ou da<br />

conversa <strong>com</strong>o um todo. Além disso, objetiva-se apontar a função <strong>de</strong>sses tipos <strong>de</strong> formulações nas interações dos interrogatórios policiais.<br />

A análise dos dados evi<strong>de</strong>nciou que a (re)formulação contribui para o fazer do trabalho do inspetor <strong>de</strong> polícia, possibilitando-o enten<strong>de</strong>r a<br />

situação em conflito entre as partes e/ou verificar a ocorrência ou não dos possíveis <strong>de</strong>litos. Este estudo se baseia na Etnografia <strong>com</strong> coleta<br />

<strong>de</strong> dados e anotações <strong>de</strong> campo e nos pressupostos teórico-metodológicos da Linguística Interacional, <strong>com</strong> atenção para a análise sequencial<br />

da Análise da Conversa Etnometodológica.<br />

2 • “Homem não liga pra isso”: a construção e a <strong>de</strong>sconstrução dos estereótipos <strong>de</strong> gênero em<br />

uma análise da fala cotidiana em interação em um almoço <strong>de</strong> família<br />

Laura Men<strong>de</strong>s Pires (UFRJ/Capes)<br />

Na pós-mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, a sociolinguística inicia um movimento do normativismo em direção ao interpretativismo (Rampton, 2008). Essa<br />

mudança quanto à visão do uso da língua, da linguagem e do discurso torna relevante também não só a língua <strong>com</strong>o letras, sons e regras

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!