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Sessões de Comunicações Coordenadas com resumo (PDF)

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Jornada <strong>de</strong> estudos da Linguagem - JeL VII<br />

SESSÕES COORDENADAS<br />

Dentro <strong>de</strong>sse contexto, aparecem os programas e propostas curriculares oficiais, <strong>com</strong>o por exemplo, os Parâmetros Curriculares Nacionais<br />

(PCN). Partindo do princípio <strong>de</strong> que uma das metas principais da escola atual consiste em ampliar e aperfeiçoar o <strong>de</strong>sempenho <strong>com</strong>unicativo<br />

dos alunos, <strong>com</strong>o apregoam os PCN, torna-se oportuno, então, trabalhar, por exemplo, <strong>com</strong> o gênero propaganda, nas escolas, uma vez<br />

que através da análise das estratégias linguístico-discursivas <strong>com</strong> que foi elaborado o texto e da interpretação não só dos seus aspectos<br />

i<strong>de</strong>ológicos, mas também das concepções que estão embutidas nas suas entrelinhas a fim <strong>de</strong> persuadir o leitor, os professores estariam<br />

mostrando ao educando <strong>com</strong>o um texto, aparentemente ingênuo, po<strong>de</strong> ser tão manipulador. Assim, não só <strong>com</strong>o aponta Soulages (1996), <strong>com</strong>o<br />

também Pauliukonis (2006), a propaganda, um meio <strong>de</strong> <strong>com</strong>unicação <strong>de</strong> massa que atua <strong>com</strong>o formadora <strong>de</strong> opinião pública, não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar<br />

<strong>de</strong> ser analisada nas escolas, uma vez que age nas esferas sociais <strong>de</strong> forma a moldar novos conceitos, ditar regras, modificar costumes e<br />

<strong>com</strong>portamentos tradicionais, <strong>com</strong> muita autorida<strong>de</strong>, eficácia e credibilida<strong>de</strong>. Todos esses fatores justificam a escolha <strong>de</strong>sse gênero textual<br />

<strong>com</strong>o objeto <strong>de</strong> estudo na sala <strong>de</strong> aula e validam a sua interpretação sob a ótica <strong>de</strong> uma Análise do Discurso que se preocupa fundamentalmente<br />

<strong>com</strong> o significado das relações sociais. Tal é a perspectiva da Análise Semiolinguística do Discurso proposta por Charau<strong>de</strong>au “que procura<br />

<strong>de</strong>screver, no âmbito da linguagem, o modo <strong>com</strong>o os interlocutores interagem em variadas situações, construindo sua forma <strong>de</strong> pensar, viver<br />

e agir” (PAULIUKONIS, 2006, p. 117). Para a realização <strong>de</strong>ste trabalho, que tem caráter didático, já que preten<strong>de</strong> servir <strong>de</strong> apoio teórico<br />

sobre a leitura e a produção do gênero propaganda, na sala <strong>de</strong> aula <strong>de</strong> língua portuguesa, <strong>de</strong> qualquer nível <strong>de</strong> ensino, selecionaram-se oito<br />

propagandas, que foram agrupadas <strong>de</strong> acordo a quem se dirigia: Grupo 1 – duas propagandas dirigidas à mulher; Grupo 2 - duas dirigidas ao<br />

homem; Grupo 3 – duas dirigidas ao homem ou à mulher (ou seja, unissex) e Grupo 4 – duas dirigidas à família. Assim, a partir da análise <strong>de</strong><br />

um corpus variado <strong>de</strong> propagandas, foi possível <strong>de</strong>monstrar <strong>com</strong>o o texto publicitário encaixa-se em um dispositivo argumentativo da língua<br />

– “Só o Produto P, da Marca X, por possuir as qualida<strong>de</strong>s x, y e z, po<strong>de</strong> lhe proporcionar o preenchimento das suas carências” (PAULIUKONIS,<br />

2006, p. 129) -, e <strong>com</strong>o ele manipula o <strong>de</strong>stinatário na medida em que, durante a encenação discursiva, o sujeito <strong>com</strong>unicante, valendo-se <strong>de</strong><br />

estratégias para persuasão do sujeito <strong>de</strong>stinatário, utiliza-se não só <strong>de</strong> elementos linguísticos <strong>com</strong>o também extralinguísticos, para fazer <strong>com</strong><br />

que produto seja reconstruído e assimilado pelo consumidor <strong>com</strong>o algo indispensável. Dessa forma, acredita-se que a utilização <strong>de</strong>sse material<br />

<strong>com</strong>o apoio teórico, nas aulas <strong>de</strong> língua portuguesa, po<strong>de</strong> servir para que o professor efetivamente trabalhe <strong>com</strong> o gênero textual propaganda,<br />

na sala <strong>de</strong> aula, efetuando ativida<strong>de</strong>s ou exercícios múltiplos e variados, ultrapassando o puramente formal, mostrando aos seus alunos, <strong>com</strong>o<br />

a leitura <strong>de</strong> textos orais/escritos e <strong>de</strong> mundo <strong>de</strong>ve ser feita <strong>com</strong> mais astúcia, tentando observar <strong>de</strong> que maneira um sujeito sempre tenta<br />

persuadir/influenciar o outro.<br />

3 • A construção do perfil do leitor nos prefácios camilianos<br />

Vanessa Suzane Gonçalves dos Santos (UFPA/CAPES) & Profa. Dra. Germana Maria Araújo Sales (UFPA/CNPq/CAPES)<br />

Influente escritor português do século XIX, Camilo Castelo Branco (1825-1890) produziu obras nos mais variados gêneros literários, no entanto,<br />

foi a prosa <strong>de</strong> ficção a forma literária que lhe <strong>de</strong>u maior notabilida<strong>de</strong>, principalmente o romance, gênero que se consolidava e ganhava cada<br />

vez mais a<strong>de</strong>ptos entre os leitores. A popularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus romances não se restringiu aos limites <strong>de</strong> Portugal, pois, no Brasil, suas obras<br />

constituíram acervos <strong>de</strong> bibliotecas e gabinetes <strong>de</strong> leitura e, ainda hoje, permanecem conservadas nesses espaços, a exemplo da biblioteca<br />

do Grêmio Literário Português, localizada em Belém do Pará, on<strong>de</strong> as obras do autor lusitano formam um dos maiores acervos da instituição,<br />

<strong>de</strong>nominado Camilianas. Esse acervo, no Grêmio Literário Português, <strong>com</strong>porta inúmeros textos produzidos, traduzidos, editados e colaborados<br />

por Camilo Castelo Branco, além <strong>de</strong> obras que fazem referência ao escritor português. Em meio a essa extensa produção, é significativa a<br />

presença da prosa <strong>de</strong> ficção camiliana, mais especificamente do romance, gênero que aparece <strong>com</strong> maior notabilida<strong>de</strong> no acervo. Nesses<br />

romances, é possível i<strong>de</strong>ntificar a gran<strong>de</strong> frequência <strong>de</strong> prefácios, espaço no qual o autor apresenta a obra, difun<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias e busca persuadir<br />

o leitor a ler o romance que suce<strong>de</strong> o texto intróito. A tendência em escrever textos introdutórios às obras não é uma prática recente, uma vez<br />

que vem <strong>de</strong> uma tradição antiga, anterior à profissionalização do escritor, quando ele, <strong>de</strong>sprovido <strong>de</strong> uma fortuna patrimonial, era obrigado<br />

a entrar nas relações <strong>de</strong> patrocínio e, por meio das <strong>de</strong>dicatórias e dos agra<strong>de</strong>cimentos, oferecia a obra a um príncipe, a um po<strong>de</strong>roso ou a<br />

um ministro, em troca <strong>de</strong> remuneração e da publicação da obra (Cf. CHARTIER, 1999). No <strong>de</strong>correr do tempo, a escrita dos prefácios foi se<br />

60 Ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> <strong>resumo</strong>s

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