Sessões de Comunicações Coordenadas com resumo (PDF)

Jornada de estudos da Linguagem - JeL VII
SESSÕES COORDENADAS
Sessão 7: ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA II
Coordenação: Graça Salgado (UFRRJ)
1 • A competência intercultural nos livros didáticos de línguas estrangeiras: uma comparação entre
materiais de inglês e italiano.
48 Caderno de resumos
Adriana Mendes Porcellato (UFMG)
A relação entre língua e cultura já é reconhecida e foi abordada por vários estudiosos, sob diferentes perspectivas e em diversos momentos na
história. Em nosso estudo nos focamos no impacto que esta relação teve no ensino de línguas estrangeiras (LE) e, mais especificamente, nos
livros didáticos, assim como na atenção que foi dada à dimensão cultural neste âmbito. Percebemos que, no mundo globalizado e internacional
de hoje, a “competência intercultural” foi despertando particular interesse nos estudiosos da área. Essa atenção para o desenvolvimento da
“competência intercultural” nas aulas de LE é um fenômeno relativamente recente que não substitui, mas acompanha o desenvolvimento da
“competência comunicativa”, normalmente foco principal das abordagens recentes no ensino de LE. Esta nova forma de enxergar a dimensão
cultural defende a ideia de cultura como práticas, valores, perspectivas e produtos compartilhados por certa comunidade de pessoas (MORAN,
2001; KRAMSCH, 1998) e vai contra o tratamento da cultura como uma dimensão à parte, não diretamente ligada à língua e a seu uso.
Apesar de a noção de “competência intercultural” ter interessado a diversos acadêmicos, Lange (2011), em estudo recente, aponta para o
fato de existirem poucos materiais que, na prática, consigam abordar a questão cultural de forma a promover uma visão mais reflexiva no
aprendiz, incentivando-o a traçar relações entre a cultura nativa e a cultura estrangeira e desenvolvendo sua “competência intercultural”.
Esta constatação torna-se particularmente relevante se considerarmos que o livro didático desempenha um papel importante como principal
recurso nas salas de aula de LEs, já que constitui um guia, uma autoridade ou até mesmo uma ideologia tanto para o professor como para
o aluno (CORTAZZI & JIN, 1992), ditando o conteúdo linguístico e cultural a ser abordado nas aulas. Em nosso estudo, portanto, optamos por
analisar os livros didáticos mais difundidos no ensino de italiano e inglês no Brasil (três livros por cada idioma), com o intuito de perceber se
a dimensão cultural é apresentada de forma integrada à dimensão linguística ou não e, mais especificamente, quais estratégias são utilizadas
para promover no aluno o desenvolvimento da “competência intercultural”. A razão de focarmos nos idiomas inglês e italiano se deve ao
status diferente que as duas LEs possuem: se o inglês já se tornou uma língua franca que muitos se sentem obrigados a estudar, o italiano,
por outro lado, é muitas vezes estudado por questões identitárias (CHIARINI, 2002). Devido a essa diferença, construiu-se a hipótese de que
a “competência intercultural” seria abordada de forma distinta nos dois idiomas: no caso do inglês, desempenharia um papel importante,
incentivando o aluno a traçar relações com múltiplas culturas, ao passo que, no caso do italiano, prevaleceria uma abordagem mais contrastiva
entre a cultura nativa e a cultura alvo da península. Este trabalho se qualifica como qualitativo, não tratando de dados estatisticamente
representativos, pois a amostragem se constitui somente de seis livros. Dentro desse material, nos focamos no estudo de cinco temas ou
“noções gerais” (EK & TRIM, 1990) em comum a todos os livros em análise. O conceito de “noções gerais” na maioria dos casos coincidiu com
o tema principal de algumas unidades didáticas. A análise dessas unidades foi conduzida com base em um checklist desenvolvido a partir de
estudos anteriores similares ao que conduzimos. Os dados obtidos foram assim comparados e analisados de forma a responder aos objetivos
propostos, ou seja, entender se existe uma diferença na representação da cultura nos diferentes materiais e se as atividades propostas se
preocupam tanto em integrar os aspectos linguísticos e culturais como em promover a competência intercultural.
2 • As representações sociais do ensino de inglês e espanhol elaboradas pelos professores de
idiomas da Força Aérea Brasileira e sua influência no processo de ensino aprendizagem.
Fabiana da Cunha Ferreira (UNIFA)
Muitos trabalhos são realizados, nas áreas da Línguística, da Educação e das Ciências Sociais sobre a linguagem como elemento fundamental
no processo de construção das sociedades e das relações que nela ocorrem. Em diversas esferas, tem sido reconhecido o seu importante