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Sessões de Comunicações Coordenadas com resumo (PDF)

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Jornada <strong>de</strong> estudos da Linguagem - JeL VII<br />

SESSÕES COORDENADAS<br />

ocupado pelo homem e aos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> famílias que aparecem (ou são silenciados) em tais coleções didáticas. O PNLD proporciona materiais<br />

aos alunos das escolas públicas <strong>de</strong> todo o país <strong>com</strong> o intuito <strong>de</strong> subsidiar o trabalho do professor. Esse livro didático (LD) a<strong>com</strong>panhará o<br />

processo <strong>de</strong> aprendizagem, portanto, seu conteúdo tem importância fundamental na formação do cidadão. O gênero e a sexualida<strong>de</strong> têm sido<br />

usados <strong>com</strong>o ferramenta para impor padrões <strong>de</strong>terminando a estrutura <strong>de</strong> nossa socieda<strong>de</strong> (BOURDIEU, 2011). Assim, um olhar mais atendo<br />

na forma <strong>com</strong>o nos estruturamos po<strong>de</strong>rá revelar pistas <strong>de</strong> <strong>com</strong>o as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais são construídas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a raiz, pois as i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s<br />

elaboraram o nosso sistema, e somente ela po<strong>de</strong>rá modifica-lo. Vivemos hoje uma crise i<strong>de</strong>ntitária (HALL, 2006)que clama pela equida<strong>de</strong><br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte dos padrões sociais. Essas novas maneiras <strong>de</strong> ser sujeito abrem margem para a <strong>de</strong>snaturalização <strong>de</strong> formas preestabelecidas,<br />

assim a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> monstruosos abismos sociais, exclusões e injustiças já não po<strong>de</strong>rão ser vistos <strong>com</strong>o ocorrências aleatórias e sim<br />

consequências da atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada um para <strong>com</strong> o outro, responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todos e passíveis <strong>de</strong> mudanças.Os estudos <strong>de</strong> Linguística<br />

Aplicada hoje apontam para a importância <strong>de</strong> um ensino multidisciplinar que esteja envolvido <strong>com</strong> questões <strong>de</strong> importância social (MOITA<br />

LOPES, 2008). Há estudos recentes que revelam a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se abordar temas políticos e transversais, incluindo gênero e sexualida<strong>de</strong><br />

<strong>com</strong> os estudantes em formação (MOITA LOPES, 2008; PENNYCOOK, 2008; LOURO 2011). Uma hipótese levantada a partir das leituras<br />

mencionadas anteriormente é que a noção <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> se construiria através das vivências e do meio social.Portanto, seria importante<br />

que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo se tivesse conhecimento sobre as diversida<strong>de</strong>s possíveis em nosso meio para que o respeito se naturalizasse e permitisse<br />

uma convivência pacífica em nosso país. Por isso,espera-se, através das análises, novas reflexões <strong>de</strong> <strong>com</strong>o pensar a questão da inclusão na<br />

escola pública brasileira. Para esta pesquisa, propõe-se um marco teórico que alie as concepções da Análise do Discurso francesa <strong>de</strong> base<br />

enunciativa (AUTHIER-REVUZ, 1998; MAINGUENEAU, 1987) e conceitos dialógicos <strong>de</strong> BAKHTIN (1997) aliados à sociologia (BOURDIEU, 2011)<br />

e a estudos culturais (HALL, 2012; LOURO, 2011).<br />

3 • Que homem queremos? Mídia, fiador e incorporação na construção <strong>de</strong> um etos masculino<br />

contemporâneo<br />

Elir Ferrari <strong>de</strong> Freitas (UERJ / UFF)<br />

Os movimentos <strong>de</strong> emancipação das minorias, <strong>com</strong>o os <strong>de</strong> afirmação do negro, o feminista e o homossexual colocaram em xeque a<br />

hegemonia da dominação masculina (BOURDIEU, 2005). Apesar <strong>de</strong> hoje ser possível convivermos <strong>com</strong> imagens na mídia que representam<br />

essas minorias <strong>de</strong> maneira mais a<strong>de</strong>quada, há ainda uma gran<strong>de</strong> gama <strong>de</strong> representações que buscam fortificar a imagem pré-movimentos,<br />

um espaço on<strong>de</strong> a hegemonia masculina era dominante e simbolicamente violenta (I<strong>de</strong>m). Este estudo <strong>com</strong>preen<strong>de</strong> a análise <strong>de</strong> três<br />

<strong>com</strong>erciais veiculados na televisão brasileira – um <strong>de</strong> TV por assinatura, um <strong>de</strong> cerveja e um <strong>de</strong> telefonia celular – <strong>com</strong> o intuito <strong>de</strong><br />

investigar os modos <strong>com</strong>o a mídia utiliza os recursos discursivos na manutenção ou mesmo na recriação da hegemonia masculina. Para<br />

tanto, buscaremos em Foucault o apoio para a macroestrutura das representações, isto é, no seu aspecto histórico e nas suas relações <strong>com</strong><br />

outros discursos, e estaremos <strong>com</strong> os olhos voltados para as formações discursivas (FOUCAULT, 2002) e para os dispositivos (DELEUZE,<br />

1990), a fim <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>rmos o que possibilita a existência <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados enunciados e <strong>de</strong> que forma esses enunciados se agrupam em<br />

função <strong>de</strong> um dispositivo que dará mais ou menos visibilida<strong>de</strong> ao objeto e/ou ao sujeito em uma situação discursiva. Já na microestrutura das<br />

representações, isto é, na análise do corpus em si, do material discursivo apresentado nos <strong>com</strong>erciais, é Maingueneau quem nos conduzirá.<br />

As cenografias (MAINGUENEAU, 2005; 2001) dos <strong>com</strong>erciais parecem nos apresentar contradições <strong>com</strong> o atual cenário pós-movimento<br />

feminista, além <strong>de</strong> constituírem um fiador (I<strong>de</strong>m) enfraquecido, porque frágil. Porém, cenografia e fiador aí estão em conformida<strong>de</strong> <strong>com</strong><br />

um tipo <strong>de</strong> hegemonia masculina que vem sendo <strong>com</strong>batida por sua violência simbólica contra a mulher, o negro e o homossexual. É aí<br />

que se encontra o eixo <strong>de</strong> nosso estudo: a imagem do homem nos <strong>com</strong>erciais é construída a partir <strong>de</strong> sua oposição à imagem da mulher<br />

e estariam em dissonância <strong>com</strong> a doxa contemporânea. Os <strong>com</strong>erciais emanam enunciados que, para usarmos um termo <strong>de</strong> Lago (2008),<br />

inputam um <strong>de</strong>terminado etos ao homem e outro, quiçá oposto, à mulher, acabando por reafirmar os <strong>com</strong>portamentos e as relações sociais<br />

pré-movimento feminista. Imaturida<strong>de</strong> ou <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong> são duas qualida<strong>de</strong>s que se tornam visíveis nas representações discursivas do homem<br />

nos <strong>com</strong>erciais. Segundo Maingueneau (2005), os discursos são incorporados quando, através <strong>de</strong> um fiador que surge da corporalida<strong>de</strong><br />

enunciativa, os coenunciadores a<strong>de</strong>rem a uma mesma <strong>com</strong>unida<strong>de</strong> imaginária, <strong>com</strong>partilham um mesmo discurso. Assim, po<strong>de</strong>mos afirmar<br />

68 Ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> <strong>resumo</strong>s

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