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Uma reconstrução histórico-filosófica do surgimento das geometrias ...

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que ele compreenda e se aproprie da própria matemática, ou seja, a matemática,<br />

neste caso, é vista como ten<strong>do</strong> um fim em si e por si mesma. Conforme defini<strong>do</strong><br />

por Cunha (1986), entendemos epistemologia como sen<strong>do</strong> o estu<strong>do</strong> crítico daquilo<br />

que envolve as ciências já constituí<strong>das</strong>: princípios, hipóteses e resulta<strong>do</strong>s.<br />

Pertencem a essa categoria as justificativas (3) e (4) apresenta<strong>das</strong> por Matthews<br />

(1995) 5 .<br />

Deve-se tomar cuida<strong>do</strong> ao utilizar quaisquer argumentos favoráveis à<br />

participação da história como recurso pedagógico. Se eles não apresentarem<br />

fundamentos consistentes, poderão desmoronar. Miguel (1993) faz uma análise<br />

cuida<strong>do</strong>sa de alguns desses argumentos. O autor nos mostra, por exemplo, que um<br />

argumento muito utiliza<strong>do</strong> relaciona-se com o Princípio Genético, segun<strong>do</strong> o qual<br />

o desenvolvimento de um indivíduo é comparável ao desenvolvimento de toda sua<br />

espécie. Deveria, então, o estudante passar evolutivamente por etapas semelhantes<br />

às da história da matemática ao construir o seu conhecimento matemático, desde<br />

suas engatinha<strong>das</strong> até chegar aos passos mais largos. Apesar de ser fascinante<br />

encarar a evolução cognitiva de um ser humano como semelhante à evolução<br />

ocorrida na história da humanidade, é esse um argumento que já foi duramente<br />

critica<strong>do</strong> por antropólogos, sociólogos, psicólogos e historia<strong>do</strong>res, por não ter<br />

validade real; não deve, portanto, se manter como justificativa para a participação<br />

da história no ensino de matemática.<br />

Miguel (1993) mostra, também, que a história como fonte de motivação –<br />

que é o argumento (1) de Matthews (1995) – é um argumento muito usa<strong>do</strong> e de<br />

diversas formas desde a década de 20. Duas questões podem ser coloca<strong>das</strong> frente a<br />

esse argumento como contra-argumentação: se a história motiva os alunos, o<br />

ensino da própria história seria automotiva<strong>do</strong>r e, por isto, fonte de interesse<br />

constante <strong>do</strong>s alunos? A motivação <strong>do</strong> sujeito é atingida com os mesmos meios<br />

sempre, independentemente <strong>do</strong> sujeito? O autor responde às duas negativamente: a<br />

história não parece ser automotiva<strong>do</strong>ra e o mo<strong>do</strong> de se atingir a motivação não<br />

parece ser aplicável a to<strong>do</strong>s. Encarar este mo<strong>do</strong> de atingir a motivação como<br />

5 A justificativa (1) apresentada por Matthews não acreditamos ser de natureza epistemológica nem<br />

de natureza ética, já que a finalidade da participação da história não estaria na compreensão e na<br />

apropriação da matemática (natureza epistemológica) e nem na formação <strong>do</strong> cidadão (natureza<br />

ética). Trata-se de uma justificativa mecanicista de motivação por impulsos basea<strong>do</strong>s em<br />

necessidades biológicas há muito superada e substituída por enfoques cognitivos de motivação.<br />

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