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Uma reconstrução histórico-filosófica do surgimento das geometrias ...

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– sem questionar se este postula<strong>do</strong> poderia ser nega<strong>do</strong>; a questão estava em saber se<br />

este postula<strong>do</strong>, ti<strong>do</strong> como verdade, era demonstrável ou não. Aban<strong>do</strong>nada a<br />

concepção de axiomas ou postula<strong>do</strong>s como verdades, os fundamentos matemáticos<br />

são postos em cheque e, por isto, poderia ser este um momento de revolução. Para<br />

Kuhn (1998), as revoluções mudam a concepção de mun<strong>do</strong> que se tem: “na medida<br />

em que seu único acesso [<strong>do</strong>s cientistas] a esse mun<strong>do</strong> dá-se através <strong>do</strong> que vêem e<br />

fazem, podemos ser tenta<strong>do</strong>s a dizer que, após uma revolução, os cientistas reagem<br />

a um mun<strong>do</strong> diferente” (KUHN, 1998, p.146).<br />

Apesar desses indícios de o <strong>surgimento</strong> <strong>das</strong> <strong>geometrias</strong> não euclidianas<br />

marcar um momento de revolução, é muito questionada a possibilidade de haver<br />

revolução científica – na forma como é apresentada por Kuhn (1998) – na história<br />

da matemática. Crowe (1975) é enfático ao dizer que em matemática nunca<br />

ocorrem revoluções, pois princípios são manti<strong>do</strong>s sem que sejam destruí<strong>das</strong><br />

<strong>do</strong>utrinas anteriores. No caso <strong>das</strong> <strong>geometrias</strong> não euclidianas, o autor se baseia na<br />

preservação da geometria euclidiana, coexistin<strong>do</strong> às <strong>geometrias</strong> não euclidianas<br />

para descaracterizar o momento como o de uma revolução científica.<br />

Surgiu então a dúvida sobre a consistência da geometria hiperbólica. Como<br />

mostra Barker (1969), “dizer que um sistema é inconsistente é dizer que <strong>do</strong>s<br />

axiomas desse sistema podemos deduzir <strong>do</strong>is teoremas que se contradizem<br />

mutuamente” (p.63). Porém, não encontrar <strong>do</strong>is teoremas que se contradigam não<br />

quer dizer que o sistema é consistente; é preciso provar. E essa prova pode ser<br />

realizada de diferentes mo<strong>do</strong>s. Um deles consiste em encontrar uma interpretação<br />

sob a qual to<strong>do</strong>s os axiomas, e to<strong>do</strong>s os teoremas deles decorrentes, sejam, sem<br />

sombra de dúvida, verdadeiros. Entretanto, é necessário que a verdade da<br />

interpretação <strong>do</strong>s enuncia<strong>do</strong>s esteja perfeitamente definida, o que, no caso <strong>das</strong><br />

<strong>geometrias</strong>, seria uma limitação. Outro mo<strong>do</strong> de provar a consistência <strong>do</strong> sistema é<br />

por meio de uma relativização da consistência: “mostramos que um da<strong>do</strong> sistema é<br />

consistente contanto que outro sistema, menos suspeito, também o seja”<br />

(BARKER, 1969, p.64).<br />

Então, Eugenio Beltrami propôs o teorema metamatemático: Se a geometria<br />

euclidiana for consistente, então a geometria hiperbólica também será. Assim, a<br />

consistência de uma geometria é relativa à outra. Para a realização dessa prova,<br />

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