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Uma reconstrução histórico-filosófica do surgimento das geometrias ...

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no século XIX com o <strong>surgimento</strong> <strong>das</strong> <strong>geometrias</strong> não euclidianas (GREENBERG,<br />

2001, p.177). Notou-se que o quinto postula<strong>do</strong> de Euclides além de não poder ser<br />

prova<strong>do</strong> – de fato tratava-se de um postula<strong>do</strong> – poderia ser nega<strong>do</strong> sem que<br />

contradições ocorressem. Três matemáticos merecem grande destaque nesse<br />

episódio: Nikolai Ivanovich Lobachevsky (1792-1856), János Bolyai (1802-1860) e<br />

Carl Friedrich Gauss (1777-1855).<br />

Este momento <strong>histórico</strong> favorável relaciona a geometria com outras ciências,<br />

com a lógica, por exemplo. O desenvolvimento da lógica simbólica (ou moderna)<br />

foi fundamental para a possibilidade de desenvolvimento <strong>das</strong> <strong>geometrias</strong> não<br />

euclidianas.<br />

A lógica aristotélica (ou antiga) estava em consonância com o raciocínio de<br />

Kant (1958) que relacionava o conhecimento geométrico com a intuição. Isso<br />

significa que certos postula<strong>do</strong>s e certos argumentos podiam ser autoevidentes, ou<br />

seja, não podiam ser prova<strong>do</strong>s, mas a intuição bastava para serem aceitos como<br />

verdades. Já na lógica simbólica, desenvolvida nos séculos XVIII e XIX, não<br />

existem evidências intuitivas: axiomas são aceitos (por conveniência)<br />

simplesmente; não tratam da verdade. De acor<strong>do</strong> com Einstein (2005, p.665), “o<br />

progresso alcança<strong>do</strong> pela axiomática consiste em ter separa<strong>do</strong> claramente aquilo<br />

que é lógico-formal daquilo que constitui o seu conteú<strong>do</strong> objetivo ou intuitivo”.<br />

Além disto, Carnap (1995, p.127), afirma que sem uma lógica<br />

suficientemente poderosa para estabelecer regras estritamente lógicas para<br />

demonstrações geométricas, as falhas nas tentativas de prova <strong>do</strong> quinto postula<strong>do</strong><br />

eram muito difíceis de serem detecta<strong>das</strong>. Havia sempre algum apelo a uma<br />

premissa apoiada na intuição e não decorrente <strong>do</strong>s outros postula<strong>do</strong>s. Muitas vezes<br />

essa premissa tratava justamente de algo equivalente ao próprio quinto postula<strong>do</strong>,<br />

como mostramos aqui.<br />

Com o desenvolvimento da lógica simbólica, muda-se o conceito de axioma<br />

(ou postula<strong>do</strong>). Deixa de ser a verdade indemonstrável e passa a ser a definição<br />

daquilo que é aceito. Deixa de fazer senti<strong>do</strong>, então, tentar demonstrar algo que é<br />

toma<strong>do</strong> como axioma. Desta forma, abre-se a possibilidade para a geometria não<br />

baseada na intuição, mas baseada em axiomas.<br />

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