Uma reconstrução histórico-filosófica do surgimento das geometrias ...
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uma história da ciência, Ernst Mayr faz uma classificação para as possíveis formas<br />
de se reconstruir a história da ciência.<br />
Para Mayr (1998) há cinco maneiras distintas de <strong>reconstrução</strong> histórica que<br />
decorrem de suas questões nortea<strong>do</strong>ras e de como são respondi<strong>das</strong>. Cada uma delas<br />
tem suas vantagens e sua importância, mas também suas falhas. São elas a história<br />
lexicográfica, a cronológica, a biográfica, a cultural e sociológica e a história de<br />
problemas. Cada uma é marcada por buscar responder a determina<strong>das</strong> perguntas,<br />
suas questões nortea<strong>do</strong>ras, explicita<strong>das</strong> pelo autor em apenas um caso, mas<br />
propostas por nós nos outros casos.<br />
A história lexicográfica tem um caráter essencialmente descritivo e suas<br />
questões nortea<strong>do</strong>ras são “o quê?”, “quan<strong>do</strong>?” e “onde?” (MAYR, 1998, p.16).<br />
Sem dúvida, essas são informações importantes, porém não são suficientes, pois,<br />
por não apresentarem os problemas motiva<strong>do</strong>res da ciência, desfavorecem a<br />
possibilidade de reflexão e de entendimento da ciência como um processo.<br />
A história cronológica visa responder a questões como “o quê?” e<br />
“quan<strong>do</strong>?”. Isso pode auxiliar na organização da história, dan<strong>do</strong> sequência aos<br />
fatos e inserin<strong>do</strong>-os no tempo. Focar em determina<strong>do</strong> momento, por um la<strong>do</strong> dá<br />
detalhes <strong>do</strong> desenvolvimento da ciência em um tempo específico, mas por outro<br />
la<strong>do</strong> ofusca o problema científico maior. Essa maneira de construir a história<br />
fragmenta por demais o problema científico em questão.<br />
A história biográfica procura apresentar progressos da ciência por meio <strong>das</strong><br />
vi<strong>das</strong> de alguns cientistas. Sua importância está no fato de que a ciência é feita por<br />
pessoas e, portanto, suas vi<strong>das</strong> fazem parte de um contexto maior que tem relações<br />
com a ciência em si. Porém, ter como principal questão nortea<strong>do</strong>ra “quem?” oculta<br />
os problemas maiores da ciência e, assim, criam-se mitos como a genialidade de<br />
cientistas isola<strong>do</strong>s e são esqueci<strong>do</strong>s muitos personagens que foram importantes para<br />
tais progressos. Contu<strong>do</strong>, listar to<strong>do</strong>s os personagens envolvi<strong>do</strong>s seria impossível e<br />
inútil, pois direta e indiretamente muitas pessoas participam de to<strong>do</strong><br />
acontecimento.<br />
A história cultural e sociológica descreve a ciência como forma de atividade<br />
humana vinculada ao meio cultural, intelectual, social e institucional da época, o<br />
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