Envelhecimento e velhice na família contemporânea - Núcleo de ...
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Guita G.Debert e Júlio A.Simões – <strong>Envelhecimento</strong> e <strong>velhice</strong> <strong>na</strong> <strong>família</strong> <strong>contemporânea</strong> 11<br />
1977). Movimentos recentes <strong>de</strong> revivescência cultural, que<br />
renovam a importância política das tradições coletivas, também<br />
po<strong>de</strong>m ter o efeito <strong>de</strong> reverter a balança <strong>de</strong> prestígio em favor dos<br />
mais velhos (Amoss, 1981).<br />
A correlação negativa entre mo<strong>de</strong>rnização e <strong>velhice</strong> po<strong>de</strong> ser<br />
reavaliada a partir dos estudos comparativos sobre renda e grupos<br />
etários. Esses estudos questio<strong>na</strong>m a idéia <strong>de</strong> que a pauperização<br />
caracteriza o envelhecimento <strong>na</strong>s socieda<strong>de</strong>s oci<strong>de</strong>ntais<br />
<strong>contemporânea</strong>s. Especialmente nos momentos em que o<br />
<strong>de</strong>semprego ou o subemprego atinge proporções alarmantes, a<br />
universalização das aposentadorias e da pensão <strong>na</strong> <strong>velhice</strong> é capaz <strong>de</strong><br />
assegurar aos idosos um rendimento regular, mesmo que <strong>de</strong> valor<br />
reduzido, o que repercute não só em sua condição <strong>de</strong> vida, mas<br />
também <strong>na</strong> <strong>de</strong> suas <strong>família</strong>s. ∗ Como veremos adiante, isso é o que se<br />
passa no Brasil.<br />
<strong>Envelhecimento</strong> e arranjos familiares<br />
A correlação negativa entre mo<strong>de</strong>rnização e <strong>velhice</strong> é revista<br />
também nos estudos preocupados em i<strong>de</strong>ntificar os arranjos <strong>de</strong><br />
moradias e os tipos <strong>de</strong> relações que os idosos mantêm com os filhos<br />
nos contextos urbanos contemporâneos. Esses estudos assi<strong>na</strong>lam que<br />
a solidarieda<strong>de</strong> entre as gerações <strong>na</strong> <strong>família</strong>, longe <strong>de</strong> ser dada,<br />
envolve um processo dinâmico <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> formas <strong>de</strong><br />
relacio<strong>na</strong>mento e trocas instrumentais e afetivas.<br />
Pesquisa comparativa feita <strong>na</strong> Inglaterra, <strong>na</strong> Di<strong>na</strong>marca e nos<br />
∗ O trabalho <strong>de</strong> Mackain (1972) sobre a antiga União Soviética mostra que os fundos <strong>de</strong> pensão transformaram<br />
os idosos em membros valorizados e prestigiados <strong>na</strong>s unida<strong>de</strong>s domésticas. Isso também teria ocorrido durante<br />
a <strong>de</strong>pressão nos Estados Unidos. Keith (1980), baseando-se nesses dados, observou que a análise <strong>de</strong> políticas<br />
públicas, em conjunturas específicas, mostra que a relação dos velhos com a mo<strong>de</strong>rnização é antes curvilinear:<br />
há um <strong>de</strong>clínio no status associado à mo<strong>de</strong>rnização que po<strong>de</strong> ser revertido, posteriormente, <strong>na</strong>s socieda<strong>de</strong>s<br />
mais ricas. Para outros dados sobre a importância <strong>contemporânea</strong> do rendimento dos idosos (especialmente<br />
provenientes <strong>de</strong> aposentadorias e pensões) para seus familiares e para o <strong>de</strong>senvolvimento social, em diversos<br />
países e contextos, ver Camarano et alii, 2004.