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Envelhecimento e velhice na família contemporânea - Núcleo de ...

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Guita G.Debert e Júlio A.Simões – <strong>Envelhecimento</strong> e <strong>velhice</strong> <strong>na</strong> <strong>família</strong> <strong>contemporânea</strong> 12<br />

Estados Unidos, ainda no fi<strong>na</strong>l dos anos 1960 (Sha<strong>na</strong>s et alii,<br />

1968), concluiu que embora os idosos experimentassem uma retração<br />

nos seus contatos públicos, suas relações com os filhos adultos pouco<br />

se modificavam. Uma proporção expressiva dos idosos entrevistados<br />

vivia com pelo menos um dos filhos, ou residia próximo <strong>de</strong>les,<br />

visitando-os com freqüência. ∗ Pesquisas mais recentes mostram que,<br />

nos Estados Unidos e <strong>na</strong> Europa, a tendência é que os idosos passem<br />

a morar em unida<strong>de</strong>s domésticas separadas das dos filhos, embora<br />

isso seja menos evi<strong>de</strong>nte <strong>na</strong> Europa Meridio<strong>na</strong>l e Oriental (Wall<br />

1989).<br />

Outros estudos sugerem que a tendência <strong>de</strong> idosos morarem sós<br />

não tem <strong>de</strong> ser, necessariamente, percebida como reflexo <strong>de</strong> um<br />

abandono por parte <strong>de</strong> seus familiares. Isso po<strong>de</strong> significar um novo<br />

tipo <strong>de</strong> arranjo, a “intimida<strong>de</strong> à distância” (Rosenmayr e Koeckeis,<br />

1963), facilitado pelo aumento da mobilida<strong>de</strong> e pelo aperfeiçoamento<br />

das formas <strong>de</strong> comunicação, em que a troca e a assistência ocorrem<br />

<strong>de</strong> maneira intensa (Cohler, 1983). Em pesquisas recentes feitas em<br />

países on<strong>de</strong> a co-residência está em <strong>de</strong>clínio, como Alemanha,<br />

Ca<strong>na</strong>dá, Japão, Reino Unido e Estados Unidos, gran<strong>de</strong> parte dos<br />

idosos <strong>de</strong>clarou receber dos filhos diversos tipos <strong>de</strong> ajuda, em casos<br />

<strong>de</strong> doença, para transporte ou <strong>na</strong> realização <strong>de</strong> tarefas domésticas<br />

(Grundy, 2001). ∗∗ A “intimida<strong>de</strong> à distância” não impe<strong>de</strong> que as<br />

relações familiares sejam fundamentais <strong>na</strong> assistência ao idoso e <strong>na</strong>s<br />

expectativas em relação ao processo <strong>de</strong> envelhecimento ∗∗∗ .<br />

∗ Moravam com os filhos 20% dos idosos pesquisados <strong>na</strong> Di<strong>na</strong>marca, 28% nos Estados Unidos e 42% <strong>na</strong><br />

Inglaterra. Entre os que não moravam com os filhos, 40% <strong>na</strong> Inglaterra, 49% nos Estados Unidos e 55% <strong>na</strong><br />

Di<strong>na</strong>marca residiam a uma distância <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> trinta minutos da casa <strong>de</strong>les. Cerca <strong>de</strong> 2/3 dos idosos diziam<br />

ter visto os filhos no dia em que foram entrevistados ou no dia anterior, e 1/5 <strong>na</strong> sema<strong>na</strong> anterior (Sha<strong>na</strong>s et<br />

alii, 1968).<br />

∗∗ Resumindo esses dados, Camarano et alii (2004) observam que em casos <strong>de</strong> doença, idosos <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 65<br />

anos reportaram receber ajuda dos filhos em proporções que variam <strong>de</strong> 69% nos Estados Unidos até 90% no<br />

Japão. Na Alemanha, 90% dos idosos <strong>de</strong>clararam receber algum tipo <strong>de</strong> ajuda dos filhos: 87% quando estão<br />

doentes; 60% para a realização <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s domésticas; 72% com transporte; e ape<strong>na</strong>s 24% com dinheiro.<br />

∗∗∗ Arber e Gilbert (1989), a<strong>na</strong>lisando os dados do General Household Survey <strong>de</strong> 1980, mostram que <strong>na</strong><br />

Inglaterra ainda eram os filhos os maiores provedores <strong>de</strong> assistência aos pais idosos, quando estes moram sós.<br />

O trabalho <strong>de</strong> Stubs (1989), sobre a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> inquilinos <strong>de</strong> setores médios da população <strong>de</strong> comprar o imóvel<br />

que alugavam em Sun<strong>de</strong>rland (Inglaterra), nos anos 1970 e 1980, associa esta <strong>de</strong>cisão ao processo <strong>de</strong>

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