Envelhecimento e velhice na família contemporânea - Núcleo de ...
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Guita G.Debert e Júlio A.Simões – <strong>Envelhecimento</strong> e <strong>velhice</strong> <strong>na</strong> <strong>família</strong> <strong>contemporânea</strong> 25<br />
entre as gerações.<br />
Esse terceiro grupo, cujos pais compunham um dos escalões<br />
mais pobres da Inglaterra, foi beneficiado por um processo <strong>de</strong><br />
mobilida<strong>de</strong> ascen<strong>de</strong>nte, passando a compor os setores médios da<br />
população. Apesar <strong>de</strong> ter sido socializada <strong>na</strong> i<strong>de</strong>ologia da<br />
responsabilida<strong>de</strong> familiar, conclui Hareven, essa geração fez a<br />
transição para um modo mais individualista e <strong>de</strong>monstrou uma<br />
aceitação maior dos serviços institucio<strong>na</strong>lizados em substituição à<br />
assistência familiar.<br />
Família e hipocrisia social<br />
No Brasil contemporâneo, a <strong>família</strong> passou a ocupar a ce<strong>na</strong><br />
principal das políticas sociais. Estimulada pelas políticas <strong>de</strong> renda<br />
mínima e por um número crescente <strong>de</strong> tipos <strong>de</strong> bolsas, ela é obrigada<br />
a <strong>de</strong>sempenhar inúmeros papéis que, até muito recentemente, eram<br />
consi<strong>de</strong>rados próprios <strong>de</strong> outras agências públicas gover<strong>na</strong>mentais<br />
ou não-gover<strong>na</strong>mentais.<br />
Sabemos que os asilos <strong>de</strong> velhos são, em sua gran<strong>de</strong> maioria,<br />
muito precários. Periodicamente, os meios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> massa<br />
exibem ce<strong>na</strong>s dramáticas <strong>de</strong> <strong>de</strong>srespeito à dignida<strong>de</strong> huma<strong>na</strong> nessas<br />
instituições que até hoje, muitas vezes, ainda abrigam no mesmo<br />
espaço doentes mentais e idosos com graus distintos <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência<br />
funcio<strong>na</strong>l.<br />
O combate a essas instituições e o estudo <strong>de</strong> novas práticas<br />
dignificantes da <strong>velhice</strong>, que po<strong>de</strong>riam e <strong>de</strong>veriam ser <strong>de</strong>senvolvidas<br />
no interior <strong>de</strong>las, não são objetos privilegiados da gerontologia. Pelo<br />
contrário, muitos gerontólogos <strong>de</strong>sprezam essa tarefa porque estão<br />
empenhados em convencer os agentes do Estado e da socieda<strong>de</strong> civil<br />
<strong>de</strong> que os idosos brasileiros <strong>de</strong>sejam viver <strong>na</strong> casa dos filhos e